quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Da janela eu vejo...

Oi amigos, blz?
Ontem falei sobre a perda. Perder dói mesmo. E acho que uma das piores coisas que a EM traz pra gente são justamente as perdas. Perdemos os movimentos, perdemos habilidades, perdemos a "certeza" de que coisas ruins só acontecem com os outros.
A única vez que pensei ter perdido a vida, foi quando perdi os movimentos. Não conseguir comer sozinha (a mãe teve que voltar a fazer aviãozinho), nem limpar a própria bunda não foi fácil. Pensava: meu deus do céu, agora vou ficar esse "monte" numa cama, incomodando minha mãe que não pode fazer nada porque eu preciso dela ou de alguém pra tudo. Mas, com a ajuda dela, ganhei uma confiança em mim maior do que a que eu tinha antes. Ganhei confiança ao perder coisas que eram importantes para mim. Ganhei confiança porque vi que, mesmo perdendo isso, exisitiriam outras possibilidades para a minha vida.
Sei de pessoas que, com a EM perderam a sua profissão, perderam empregos, perderam "amigos", perderam companheiros, perderam o controle sobre os movimentos.
Bom, primeiro de tudo, aquelas pessoas que se afastam de nós por conta da doença (amigos, maridos, namorados, etc) são pessoas covardes, que não tem coragem para enfrentar uma dificuldade ou uma vida diferente. E, sinceramente, não eram amores verdadeiros né? Então, essa perda, mesmo doendo, pode ter sido boa pra você.
Perder a profissão, ou melhor, perder a condição para trabalhar deve ser muito difícil mesmo. Afinal, quando a gente escolhe uma profissão a seguir, é porque a gente gosta muito de fazer isso e isso nos deixa feliz. Mas, como não podemos viver de lamentações, devemos procurar outras habilidades. Outros ofícios que podemos fazer com essa nova condição.
Conheço pessoas que, depois da EM, descobriram que tinham talento para pintura, para trabalhos manuais, para a música, para a literatura. E produzem coisas lindas. Coisas que não existiriam sem a EM.
Sobre perder o controle do próprio corpo, essa não tem muito jeito. Mas querer se recuperar, fazer a fisio direitinho e ir testando o que conseguimos e o que não conseguimos, ajuda um monte.
Tem uma frase (não sei de quem é), que diz que quando a vida fecha uma porta, abre uma janela, mas a gente fica olhando com tanto pesar pra porta fechada que nem percebe a vista linda que a janela nos proporciona.
Aceitar uma deficiência não é fácil. Aceitar que a nossa vida vai ter de mudar se quisermos ter qualidade de vida e continuar sorrindo, também não é. Mas a gente tem que se esforçar um pouco também e estar aberto para novas possibilidades.
E para isso não importa a idade. Nunca é tarde para se descobrir uma habilidade ou um prazer. Nunca é tarde para se começar de novo. Talvez seja mais difícil, mas não impossível.
Lembre-se que, ao ter o diagnóstico de EM você não morreu, você ganhou uma nova vida. Uma vida diferente. Aproveite essa oportunidade. Dê uma olhada na janela e veja o mundo de possibilidades que está esperando por você.
Ah, vista da janela está aberta para os não esclerosados também.
Até amanhã!
Bjs

2 comentários:

  1. Excelente o post Bruna!!!
    Me lembrei de um homem que conheci ontem, que qdo descobriu que tinha EM pensou em suicidar. E ele me disse que estava decidido, arrumou tudo e quando já ia "executar" seu plano ouviu uma voz divina que dizia pra ele não fazer aquilo, pois quem iria encontrá-lo era a filha dele, de apenas 5 anos, e que aquilo seria um trauma pra ela. Então ele disse que a partir daquele momento ele optou pela vida.
    Descobriu o dom para pintura e hoje tem telas em vários estados do Brasil e em vários outros países.
    Descobriu que existe vida com EM sim e vida muito boa!!!
    Coragem pessoal!!! Não é fácil mesmo a gente saber que tem uma doença que não tem cura, que pode nos deixar debilitados, mas a vida continua.
    E se olharmos bem a janela que se abriu, deixando de lado aquela porta fechada, veremos um horizonte lindo, repleto de possibilidades a nossa espera!!!
    Bjos!!!!

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