sexta-feira, 31 de julho de 2009

Só se vê bem com o coração

Oi amigos, blz?

Vocês já sabem da minha paixão por livros, não é? Bom, um dos livros que eu mais gosto é O Pequeno Príncipe, de Antoine de Sain-Exupéry.
Hoje fazem 65 anos do desaparecimento de Saint-Exupéry. Sim, desaparecimento e não morte. Ele foi um grande aviador francês e seu avião sumiu durante uma missão de reconhecimento sobre Grenoble e Annecy. Hoje os céus de Marselha estarão cheios de aviões homenageando esse brilhante aviador e escritor.
Mas porque gostar tanto desse livro?
Sim, eu sei que sua história já foi banalizada, principalmente ao se tornar o único livro lido pelas candidatas a Miss Qualquer Coisa. Pelo menos elas leram algo bom uma vez na vida.
O livro conta a história de um pequeno príncipe que vivia solitário em seu planeta e saiu pelo espaço, parando na Terra. Durante seu trajeto e aqui na Terra ele tem grandes lições sobre o amor, a morte, as relações humanas, a infância e a vida adulta.
O romance fala sobre o amor, as paixões e o modo como vamos esquecendo das coisas essenciais, do carinho, e de conforme vamos envelhecendo e "matando" a criança que existe em cada um de nós.
Existem algumas passagens célebres do livro, como a conversa com a raposa, daonde sai a frase:
"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". Então, se você fere, magoa aquele que você cativou, isso se torna um problema seu também.
Outra conversa muito lembrada é a com o aviador, sobre o que é essencial ao homem, daonde sai a frase: "Só se vê bem com o coração. O essencial é invísivel aos olhos". Ou por acaso você enxerga o amor, o carinho, o ar que respira?
Mas a frase que eu mais gosto é:
"É preciso que eu suporte duas ou três lagartas se quiser conhecer as borboletas".
No início desse ano ganhei um caderno do Pequeno Príncipe, com uma cartela de adesivos com essas frases. A primeira coisa que fiz foi colar essa frase das borboletas na capa da minha agenda desse ano. Afinal, nada na vida vem sem esforço. E quando eu penso: porque passar por tudo isso?, a frase está ali, na minha frente, pra me lembrar que no final do ciclo há borboletas me esperando. Que tudo vai ficar bem. Sempre!
Viva Saint-Exupéry!
E, parafraseando o autor: se vocês vem me ler às 4 da tarde, desde as 3 estarei feliz!

Até amanhã!
Bjs

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Lave bem as mãos

Oi amigos, blz?
Aqui em Passo Fundo nós esperamos para ver o jornal e saber quantas pessoas mais morreram aqui na cidade por conta da Gripe A H1N1.
Como já contei aqui pra vocês, eventos públicos e formaturas foram cancelados aqui na cidade.
Agora, as escolas só vão ter aulas a partir do dia 17 de agosto. Morreram mais de 11 pessoas aqui na minha cidade.
Uma loucura a bagunça que essa gripe está causando.
Eu super me preocupo em não pegar a gripe por ser do grupo de risco. Mas não deixei de viver.
Eu estava muito afim de ir ver Harry Potter. Aí, há alguns dias decidi ir. Tipo no meio da tarde durante a semana. Sabe quantas pessoas me "acompanharam" na sessão? 3. O cinema abriu para 3 pessoas.
Então, aí vai a dica: os cinemas estão completamente vazios.
Claro, não coloquei as mãos nos olhos ou boca e ao sair lavei as mãos bem lavadinhas.
Na segunda-feira também saí. Dessa vez pra ir ao médico. O consultório da doutora fica em frente ao maior hospital da cidade (há 2 quadras da minha casa). Aquela rua sempre ferve de gente. Nessa semana estava quase deserta.
E assim estão as lojas, restaurantes, etc.
O que eu acho mais engraçado nisso tudo, é que, cancelaram as aulas mas não cancelaram a Jornada Nacional de Literatura, evento que concentra mais de 100 mil pessoas dentro de uma lona de circo, durante uma semana. Detalhe: os banheiros do evento são aqueles banheiros químicos. Imagina só, lavar a mão naquilo lá. O evento é maravilhoso (estou inscrita), mas temos de admitir que a higiene não é o forte da Jornada. Aqui no Rio Grande do Sul não cancelaram nem a Expointer, maior feira do agronegócio aqui do Sul.
Incoerente, não acham?
Aqui em Passo Fundo também acabou o álcool gel, aquele utilizado para higiene das mãos quando não se tem uma torneira e sabão por perto. Aliás, o preço desse produto aumentou em mais de 200%. Por isso, vai aí a receita para uso do álcool comum para higiene das mãos: dilua 60% de álcool e 40% de água e passe nas mãos, esfregando uma na outra até que seque. Assim, o álcool não vai evaporar rapidamente, fica menos perigoso (álcool é inflamável, não esqueça), e você limpa sua mão temporariamente, até "lavar de verdade".
Nem o álcool líquido, nem o gel substituem a lavagem com água e sabão. E nem me venham com a desculpa de que a água é muito gelada e dá preguiça de lavar. Tem que lavar e ponto final.
Espero que o hábito de higiene adquirido por causa da gripe A perdure por muito tempo. É aquela história de "há males que vem para bem", afinal, milhares de pessoas morrem por ano nos hospitais por causa da falta de higiene dos profissionais de saúde (outra hora conto uma história dessas de "sujinhos" no hospital).
Então, sempre que possível, lave as mãos, se alimente bem, se agasalhe bem e evite lugares atulhados de gente.
Até amanhã!
Bjs

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Preguiça ratificada em pesquisa científica

Oi amigos, blz?
Recebi há alguns dias uma pesquisa que ratifica o que eu sempre pensei: fazer a cama é perda de tempo e faz mal.
Na verdade eu gosto de ver uma cama bem arrumadinha, cheirosinha, coisa e tal. Mas, como eu já disse por aqui, a EM é a doença da sombra e água fresca, do relaxe e goze. E arrumar a cama é um trabalho e tanto, não acham? Me cansa só de olhar aquelas cobertas a serem esticadas.
Bom, olha só o resultado da pesquisa:
"Cientistas britânicos concluíram que deixar a cama por fazer é melhor e mais higiênico. A investigação dos especialistas da Universidade de Kingston revelou que os ácaros que vivem nos colchões não conseguem sobreviver se a cama estiver desfeita.
Os investigadores acreditam que estes pequenos insetos precisam de um ambientequente e húmido para sobreviver, uma vez que retiram humidade da atmosfera que os rodeia.
«Deixar a cama por fazer durante o dia retira a humidade dos lençóis e do colchão, pelo que os ácaros ficam desidratados e morrem», adianta o responsável pela pesquisa, Stephen Pretlove. Em média, uma cama alberga 1,5 milhões de ácaros, insetos com menos de um milímetro de comprimentoque se alimentam de partículas de pele humana morta."
Viram só? Não arrumar a cama faz bem pra saúde.
Por isso, não me encham mais a paciência. Deixem os lençóis respirarem! Hehehehe
Até amanhã!
Bjs

terça-feira, 28 de julho de 2009

Faça com que todos saibam...

Oi gentes, blz?
Continuando a falar sobre o filme Milk (sim, o filme conta histórias pra muitos posts, mas só vou escrever mais esse), tenho que contar uma das estratégias utilizadas por ele para vencer o preconceito.
Ele tinha uma idéia parecida com a minha: como é que alguém vai saber que a gente existe se a gente não se mostra?
Pois é, ele convocou todos os homossexuais americanos a saírem do armário e falarem o que eles eram e que não tinham vergonha de dizer. Segundo Milk, no momento em que, cada americano se desse por conta que conheciam pelo menos um gay, a sociedade iria entender que não há nada de errado, que as pessoas homossexuais não são pervertidas e ruins.
A homossexualidade e a EM são duas coisas bastante diferentes, afinal, o primeiro não é doença, ainda que muitas pessoas pensem que é. Mas preconceitos e ideologias à parte, a idéia de mostrar ao mundo que existimos é o que eu defendo.
Como que eu vou querer que respeitem a minha limitação se eu não falar que ela existe?
A maioria das pessoas desrespeita os deficientes, malacabados e afins porque pensam que nós somos tão poucos que não precisamos de tanta atenção. A maioria das pessoas pensam: para que rampas de acesso, elevadores, banheiros adaptados e vagas especiais de estacionamento? Nem existe tanto deficiente, e eles nem saem de casa.
Mas, no momento em que, todas as pessoas verem que, conhecem (e gostam de) pelo menos uma pessoa com necessidade especial, elas vão começar a nos respeitar. Elas verão que não somos tão poucos e que não é bobagem ter um mundo adaptado. E mais, vão nos defender. Vão brigar com os boyzinhos que colocam seus carrões na vaga de deficiente, vão exigir rampas de acesso em todos os lugares, etc.
No seu "Discurso da Esperança", Milk diz que "assim que médicos gays saírem do armário, advogados gays, juízes gays, banqueiros gays, arquitetos gays... Espero que todos os gays digam 'basta', avancem e digam à todos, usem um sinal, deixem que o mundo saiba. Talvez isso irá ajudar".
Penso que no caso de nossas doenças e deficiências, falar a todos também ajuda. Se foi o tempo em que deficientes ficavam trancados em casa. Se foi o tempo em que um esclerosado ficava em casa esperando a velhice chegar. Hoje nós estudamos, trabalhamos e podemos voar as tranças por todo o mundo, basta querer e batalhar por isso.
Eu sei que cada um tem seu tempo de aceitação da doença, que no início é difícil de aceitar. Mas não contar pra ninguém que você tem uma doença não vai fazer você se curar. Você não vai deixar de ter a doença e nem os sintomas só porque não fala sobre ela. É ruim? É! É chato? É! Mas a doença não some quando não se fala dela. Pior, ela "cresce" dentro da gente.
Quando as pessoas que vivem ao seu redor sabem das suas necessidades, elas a compreendem melhor.
Não contar sobre nossas deficiências e fazer delas um bicho de sete cabeças prejudica não apenas nós mesmos, mas toda a "classe" de pessoas com as mesmas deficiências. Imaginem só, se os próprios esclerosados fizerem da esclerose uma "doença tabu", ela realmente vai ser um tabu e as pessoas vão ter preconceitos e incompreensão.
Mas, se a gente falar aos quatro cantos do mundo: eu tenho Esclerose Múltipla, eu vivo, eu luto, eu sou feliz... as pessoas vão considerar a EM apenas mais uma doença que existe no mundo.
Por isso, queridos amigos esclerosados, se ajudem e ajudem seus semelhantes: expliquem aos seus amigos, vizinhos, conhecidos o que é a nossa doença. Façam com que todos saibam que diabos é essa doença. Talvez, isso irá ajudar.

Até amanhã!
Bjs

Em tempo: hoje é o aniversário da nossa amiga e leitora Adri. Feliz Aniversário e tudo de bom pra vc! Abraço bem apertado!

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Eu vim aqui para recrutá-los!

Oi amigos, blz?
Preciso agradecer muito a todos vocês pelas mensagens de força nesse final de semana de frio e dor.
Hoje acordei sem aquela dor absurda nas pernas. Voltei a ter apenas as dores normais de sempre. Então, certamente as mensagens e orações de todos funcionaram. Obrigado!
Aproveitei o findi também para colocar os filmes em dia. Mandei mamãe pra video locadora com uma listinha de filmes e, não por acaso, eles escolheram dois filmes emocionantes, empolgantes e animadores. Foi uma injeção de esperança.
Não vou contar a história exata dos filmes, pra não estragar a surpresa de quem escolher ver. Vou contar as histórias a partir do meu ponto de vista
O primeiro foi "O som do coração", história de um menino que foi "abandonado" quando bebê e cresce sonhando com o dia em que encontrará seus pais. Filho de uma violoncelista e de um roqueiro, ele ouve os sons do mundo de forma diferente, tem o dom da música, e acredita que através da música ele vai unir a sua família. Ele consegue? Não vou contar né.
O segundo foi "Milk, a voz da igualdade". O filme conta a história verídica de Harvey Milk, o primeiro gay assumido a ser eleito para um cargo público nos Estados Unidos. O filme conta a sua trajetória de busca por direitos iguais e oportunidades para todos, sem discriminação sexual.
Tanto um filme quanto o outro, ainda que um seja de ficção, contam histórias de luta, esperança e força de vontade. Contam histórias de pessoas que, de alguma forma eram considerados diferentes na sociedade em que viviam, mas que, nem por isso desistiram de ser felizes e de ter seu lugar no mundo.
No seu último discurso político Milk diz: "você deve eleger um homosexual (atualmente, poderíamos dizer, você deve lutar pelos seus direitos) para que milhares e milhares de crianças saibam que existe esperança para um mundo melhor, existe esperança para um melhor amanhã. Sem esperança, não só os gays, mas também os negros, asiáticos, deficientes, idosos, os “nós”: sem esperança os “nós” desistem.
Eu sei que você não pode viver em esperança sozinho,
Mas sem a esperança, a vida não é digna de se viver. Então você, e você, e você, e você, precisam dar esperança."
Acho que o discurso dele ilustra bem o que eu penso: a vida pode ser dura, difícil e com dor, mas quando a gente não tem esperança dum amanhã melhor, para que viver?
Milk começava seus discursos dizendo: "Meu nome é Harvey Milk, e eu vim aqui para recrutá-los".
Então hoje eu quero dizer: Meu nome é Bruna Rocha e eu vim aqui para recrutá-los. Recrutá-los a ter esperança, a dar esperança, a viver e ser feliz, do jeito que for.

Até amanhã!
Bjs
P.S.: Milk ganhou 2 Oscar: melhor ator para Sean Penn (ele está brilhante no filme), e melhor roteiro original. E O Som do Coração concorreu ao Oscar de melhor música.

sábado, 25 de julho de 2009

Cansei de brincar

Oi amigos, td blz?
Eu sei que vocês devem ter se torrado o saco de ler aqui sobre dor. Mas como o blog é sobre a EM na minha vida, não posso omitir os fatos.
Infelizmente, hoje, com esse frio do cão que está fazendo, estou sentindo mais dor que no resto do ano inteiro.
Não sei o que dói mais, as pernas, os pés ou os joelhos. Também não sei se a dor é nos músculos, nas "junta" ou nos ossos, só sei que dói. Dói como se tivesse congelado tudo.
Não fico gemendo e fazendo cara de dor porque isso não faz com que a dor passe. Mesmo que algumas pessoas (pasmem, já me disseram isso) falem que, fazendo cara de sofrimento consegue-se maior solidariedade (talvez seja verdade).
Prefiro que pensem que eu estou mentindo sobre a minha dor do que ser uma chatonilda "Ai Ai Ai".
Mesmo assim, ontem chorei de dor.
Não quero mais brincar de frio, nem de dor. Cansei de brincar disso. Por favor, desliguem o frio pra mim?
Mas, se a vida é como diz na música, No pai no gain (não há benefícios sem dor/sacrifício), então, estou ficando no lucro. Quem sabe levo até um "vale" pra próxima vida... hehehe
Um ótimo final de semana pra vocês!
Até segunda!
Bjs
Em tempo: aproveitem o findi para curtir uma boa música. Cliquem aqui e confiram um som legal e votem nesses guris. Eles vão longe.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Continue a nadar...

Oi amigos, blz?
Sexta-feira, semana acabando, resolvi contar uma historinha pra vocês. Provavelmente vocês conhecem essa historinha: a do simpático e queridíssimo Nemo.
A disney, de forma brilhante e criativa, criou um peixinho fofo e deficiente, que perdeu a mãe antes mesmo de nascer para mostrar que, para quem quer, tudo é possível.
O filme conta a história de Nemo, um peixe-palhaço (ele não é engraçado, essa é a "raça" do peixinho), único sobrevivente da sua ninhada, que foi atacada por um predador. Nemo tem uma deficiência em uma de suas nadadeiras, o que faz seu pai ser super protetor (como a maioria dos papais e mamães de pessoas com deficiência) Certo dia o peixinho resolve provar pro pai (e pra ele mesmo) que ele é capaz de nadar em mar aberto. Como todo adolescentinho rebelde, ele se mete numa pior e vai parar num aquário de um dentista.
O pai, desesperado, sai à procura de Nemo. E quem é que ajuda ele nessa busca? Uma peixinha com déficit de memória. A Dory sofre de perda de memória recente e é uma fofa.
Bom, eles nadam por parte do oceano, se juntam à diversos bichinhos do fundo do mar e até falam Baleiês (idioma das baleias) pra buscar o Nemo. No fim, todos voltam felizes para casa.
Mas o que isso tem a ver com as nossas vidas?
A história, de forma divertida e com muita delicadeza, fala de nossas perdas, de nossas deficiências, do nosso amor e afeto, da nossa teimosia e da nossa força de vontade.
Eu, particularmente, quando era mais guriazinha, tentava provar pra mim e pros outros que podia fazer coisas que, na verdade, eu não iria conseguir sozinha e acabava me metendo em problemas. A verdade é que, com força de vontade e uma ajudinha da família e dos amigos, nós, pessoinhas malacabadas, conseguimos quase tudo que queremos. Eu digo quase, porque, sejamos sinceros, nem tudo é possível.
E quando os problemas aparecem, porque sim, eles aparecem, "continue a nadar"...
Se você ainda não viu esse filme, pegue em DVD e veja nesse findi. Vale a pena, é divertido e uma lição de vida.

Até amanhã!
Bjs

Em tempo: está extremamente frio aqui no Sul. Temperatura máxima do dia: 8 graus. Sensação térmica: 3 graus negativos. Estamos congelando.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Pra que lembrar...

Oi amigos, blz?
Ontem falei sobre minha ansiedade. Tenho zilhões de motivos pra estar assim. Mas ontem, conversando com a minha mami sobre esse sentimento, ela disse: além de tudo, nessa época tu quase sempre tem surto.
Mamãe acertou em cheio o porque de meu inconsciente estar "sofrendo" tanto.
Assim como a gente tem memória das coisas que aconteceram nas nossas vidas, a doença tem uma memória particular (isso não tem embasamento científico gentes, mas é um estudo "empírico"meu, em todos esses anos de esclerose). Claro que eu lembro de todos os meus surtos, e em que época do ano eles aconteceram. Mas só lembro quando me perguntam ou preciso lembrar de alguma data, algum exame. Normalmente não fico pensando: semana que vem faz tantos anos de tal vez que fui pro hospital. Até porque, teria "aniversário" de internação várias vezes por mês.
Mas a esclerose, essa danada, lembra sempre quando foi que eu tive os últimos surtos. Ela não lembra de todos, mas dos últimos. Ela lembra as datas exatas em que me aterrorisou, me entristeceu, me deixou puta da vida. Ela lembra e faz de tudo pra que eu me lembre também.
Até ontem não lembrava que julho e agosto são meses "propensos"a surto. Nos últimos anos (com exceção de 2008), tive surto em todos as minhas férias de inverno. Minha doença é xarope mas se comporta e não me deixava faltar aula. Vinha sempre nas férias.
Essa minha ansiedade e melancolia não é só porque estou estudando que nem vestibulando de medicina. Porque eu a-do-ro ficar estudando o dia todo.
Essa ansiedade louca e desvairada é a memória da doença dizendo: tá na época...será que eu venho esse ano nesse mês? tá preparada pra me receber? fica aí lembrando como foram as outras vezes, os outros surtos....
É, ela sabe ser debochada. Mas sabe, mesmo ficando assim, eu olho pra ela, mostro a língua e "faço banana" pra ela. Quer vir? Pode vir, eu não posso impedir mesmo. Vou ficar assim por mais uns dias? Vou, você ativou meu medinho de surto. Mas e daí? Com surto ou sem surto, eu continuo sendo euzinha.
Tá bom gente, eu sei que a memória da doença pertence ao meu cérebrinho. Mas é como se fosse um outro ser dentro de mim. Somos vários, não é mesmo? Vou mandar esse meu outro eu tirar férias por uns tempos. Cansei dessa "memória trauma".
Se uma pessoa que sofre acidente de carro consegue andar de carro novamente, eu vou conseguir passar mais esse mês ilesa.
Até amanhã!
Bjs

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Respire fundo

Oi amigos, blz?
Ando muito ansiosa ultimamente. Quanto mais os dias passam, mais eu acho que não vou conseguir estudar tudo que devia até o dia das provas. Conscientemente eu sei que está tudo bem, que eu estou fazendo tudo que é possível, mas insconscientemente não é a mesma coisa.
Sei que não posso ficar muito ansiosa, porque isso pode me prejudicar.
Pensando sobre isso, lembrei da ansiedade que eu tinha quando tomava interferon. Eu ficava ansiosa por causa da injeção. Como eu tenho dor ao toque (neuropática), doía muito tomar aquelas injeções.
Mas como eu não tinha a opção "não tomar injeção", tive que desenvolver uma forma de me acalmar. Lembro que, uns quinze minutos antes de tomar a bendita (ou seria maldita?), eu ia pro quarto, quietinha, sem ninguém perto e começava a respirar fundo.
Eu deitava, escolhia o lugar da injeção, me posicionava e começava a respiração profunda. A mãe ficava ali do lado, quietinha, segurando a injeção e esperando que eu falasse: pode dar agora. Às vezes, eu achava que podia dar, mas quando ela encostava a pistolinha da injeção em mim eu dizia: espera mais um pouquinho... e fazia mais umas 2 ou 3 respirações.
Quando acabava a injeção (é muito rápido o procedimento), eu só colocava o gelinho e ficava ali por mais uns minutos. Depois, era como se nada tivesse acontecido.
A injeção doía, talvez da mesma forma do que sem todo o ritual. Mas o ritual fazia eu me sentir mais forte, mais confiante e a ansiedade ia embora. Fazia com que no final eu saísse bem.
Agora, com toda essa ansiedade, lembrei da história de respirar fundo. Assim como não podia evitar as injeções, não posso fugir dos meus objetivos. Mas posso parar um pouco e respirar. Parar sem me sentir culpada por isso. Porque no final, tudo dá certo de alguma forma. E depois, é só mais uma história para se contar.
Respire fundo e viva!
Até amanhã!
Bjs

terça-feira, 21 de julho de 2009

Utilidade pública: gripe suína

Oi amigos, blz?
Por aqui as coisas estão preocupantes com essa nova gripe.
Como vocês devem ter visto nos jornais, grande parte das mortes no Brasil pela nova gripe foi no Rio Grande do Sul, pior, 4 foram em Passo Fundo, há algumas quadras da minha casa.
Não estamos (eu pelo menos não estou) em pânico ou desesperados. Mas mudamos um pouco os hábitos. Cancelei a ida no cinema e o Harry Potter vai ficar pra ser visto em DVD, não vou mais no mercado mais perto da minha casa, porque fica na frente do hospital e o povo que sai do hospital vai exatamente nesse mercado. E agora, vou "cancelar" minha aula da pós graduação nesse findi. Parece mentira, mas a UPF cancelou 26 formaturas que aconteceriam nos próximos dias, para evitar aglomeração.
Provavelmente, se eu não tivesse EM, não faria nada disso. Mas, infelizmente, pertenço ao grupo que vira estatística: estatística de morte por gripe. Acho que sou muito nova pra ir embora e morrer por gripe parece até piada.
Vale lembrar quem pertence ao grupo de risco: idosos, crianças, gestantes, portadores de doenças crônicas e imunodeprimidas. Como a Esclerose Múltipla é uma doença crônica degenerativa do sistema nervoso central e, por causa dos tratamentos, tenho imunodepressão, estou suuuper no grupo de risco.
Por isso amigos, cuidem-se e cuidem de quem vocês amam. Leiam bem a tabela abaixo e espalhem essas informações.
Até amanhã!
Bjs

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Amigo é coisa para se guardar no lado esquerdo do peito...

Oi amigos, blz?
Hoje é o meu, o seu, o nosso dia! O dia de quem se gosta, se protege e se cuida. O Dia do Amigo.
Mesmo sem conhecer grande parte de vocês, amigos leitores, os considero sim meus amigos. Meus amigos porque me incentivam a continuar escrevendo, porque me ajudam com suas histórias e vivências todos os dias.
Por isso, gostaria de lembrar a importância dos amigos em momentos difíceis, como um diagnótico de EM. Eu, como era muito pirralha quando tive o diagnóstico, ainda era ingênua e acreditava que as meninas que andavam comigo, e pelas quais eu faria de tudo, eram minhas amigas. Doce ilusão! Todas elas "sumiram" e inventaram desculpas pra me deixar pra trás. Vocês acreditam que eu fiquei duas semanas sem ir na aula e nenhuma delas nem me ligou pra saber se eu estava viva?
Aí eu aprendi a diferença entre colegas, falsidades e amizades. Foi difícil, triste e doloroso. Mas a dor também ensina, e foi um bom aprendizado. Talvez, essa situação me deixou mais fechada pra amizades, quero dizer, demora um pouco pra eu confiar em alguém. O que não quer dizer que eu não goste ou ajude quem está ao meu lado.
Entretanto, ao mesmo tempo que tive decepções tive a felicidade de conhecer outras pessoas maravilhosas e tive o apoio de amigos que eu nem imaginava que eram meus amigos. E muitas dessas pessoas continuam na minha vida me apoiando sempre.
Hoje, eu gostaria de dar um abraço bem apertado em cada um de vocês que leem o blog, em cada um dos meus amigos de ontem, de hoje e de sempre. Mas, desculpem meus outros amigos, preciso agradecer e mandar um abraço mega especial e um super beijo pros meus amigos queridos desde que eu nasci:Raquel, Vini e Renata. Juntos a gente forma um quarteto e tanto não é? Amo vocês demais e tenho certeza que sempre estaremos juntos! Também tenho que mandar um mega beijo pra minha mamãe, que sem dúvidas é minha melhor amiga além de super mãe. Ah, pra aumentar um pouco a lista: Raquel (minha cigana sumida), Alice e Luceleia: sem vocês os últimos anos teriam sido muito duros e com menos sorrisos. Amo vocês!
Pra um esclerosado como eu, a compreensão dos amigos é tão importante quanto a pulsoterapia no surto. A ajuda e o apoio dos amigos fazem com que a recuperação seja mais rápida e mais "leve". Tendo amigos tão especiais, a gente se esforça para ficar bem, afinal, os amigos também precisam da gente.
Nada melhor pra falar pra vocês todos, meus amigos, que as palavras dos amigos da Jovem Guarda, Roberto e Erasmo Carlos:
"...Às vezes em certos momentos difíceis da vida, em que precisamos de alguém para ajudar na saída, a sua palavra de força de fé e de carinho, me dá a certeza de que eu nunca estive sozinho. Você meu amigo de fé meu irmão camarada, sorriso e abraço festivo da minha chegada, você que me diz as verdades com frases abertas, amigo você é o mais certo das horas incertas. Não preciso nem dizer, tudo isso que eu lhe digo, mas é muito bom saber, que você é meu amigo."
Obrigado meus amigos!
Até amanhã!
Bjs

Em tempo: como vocês puderam perceber, não escrevi ontem, domingo. Na verdade domingo será agora o dia sem post. É que esse é o dia que dedico à família, e quando me dou por conta, já está no final do dia e não escrevi. Por isso, nos domingos vou dar uma folguinha pra vocês. Bjs

sábado, 18 de julho de 2009

Metamorfose ambulante

Oi amigos, blz?
Hoje eu estava pensando, quando a gente recebe um diagnóstico doido que nem o de EM, ou perde alguma função física, nossa vida muda muito. Não adianta dizer que se continua vivendo normalmente. Lógico que a gente vive bem e dentro da nossa normalidade. Mas dizer que as coisas continuam iguais? Pura balela!
As coisas mudam, e mudam muito. Graças a deus!
Sim, porque já imaginou que coisa monótona uma vida sem mudanças nenhuma? Claro, não precisava vir uma mudança tão drástica como uma doença. Mas já que foi essa mudança que nos foi dada, vamos aceitá-la e viver bem com ela, não é mesmo?
Temos direito de "putiar" a vida, reclamar de vez em quando, se sentir injustiçado às vezes. Mas vamos confessar: a gente aprende muita coisa que, se dependesse duma vida normal, aprenderíamos aí pelos 60 anos. Digamos que adquirimos uma "sabedoria" do viver bem. Afinal, se a maioria das pessoas acha que as coisas podem mudar completamente no dia de amanhã, a gente tem certeza que isso pode acontecer em algumas horas.
Por isso amigos, "eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo"!
Coisa bem chata essas pessoas que se acham donas da verdade, que nunca cedem ou escutam os outros. Que não cogitam a possibilidade de estarem errados. Que não se permitem chorar hoje e sorrir amanhã. Que não querem conhecer o que tem do outro lado. Claro que não vamos ter personalidade dupla, nem ser um maluco indeciso sempre, mas se permitir mudar é importante. Tudo pode mudar, até você!
Pra hoje, deixo a mensagem de Raul: Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.... Eu quero dizer agora, o oposto do que eu disse antes, Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo, Sobre o que é o amor. Sobre o que eu nem sei quem sou. Se hoje eu sou estrela amanhã já se apagou. Se hoje eu te odeio amanhã lhe tenho amor... É chato chegar a um objetivo num instante. Eu quero viver nessa metamorfose ambulante. Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo..."

Até amanhã!
Bjs

sexta-feira, 17 de julho de 2009

“Um pequeno passo para o homem, um grande salto para humanidade” - Neil Armstrong

Tudo blz gente?
Há exatos 40 anos três norte-americanos estavam no literalmente no espaço, à caminho da Lua. Loucura né? Há quem não acredite, que ache que é tudo invenção de Hollywood e coisa e tal. Eu acredito que seja real. Afinal, a NASA já mandou outras missões bem sucedidas pra lá, só não tão badaladas quanto à primeira, a Apollo 11.
Durante milênios o homem olhou para Lua como se ela fosse uma espécie de Deus, depois, um território a ser conquistado, e por isso, quando ele realmente conseguiu essa façanha, foi esse festerê todo.
Tem gente que também acha uma grande bobagem gastar tanto dinheiro pra mandar homenzinhos pra Lua. O que a maioria das pessoas não pensa é na evolução tecnológica proporcionada por missões como essa.
Você usa micro-ondas? Você acha as placas de energia solar importantes para o meio ambiente? Você acha os aparelhos como os monitores cardíacos hospitalares importantes? E os novos maiôs de natação?
Pois é, tudo isso (e muuuuuito) mais, só foi possível por causa das pesquisas da NASA pra poder mandar homenzinhos pro espaço.
Mas pra que falar de tudo isso aqui? Oras, se já conseguiram mandar o homem pra Lua e um robozinho ficou tocando "Coisinha tão Bonitinha do Pai" em Marte, logo logo a cura pra EM chega aí também.
Um dia, o homem olhou para Lua e pensou em ir lá. Algumas pessoas devem ter pensado que era loucura, mas pessoas mais loucas e geniais ainda, acreditaram que podiam ir e foram.
Hoje, eu "olho" pra minha doença e penso que um dia vai haver a cura. Algumas pessoas acham que é loucura. Mas pessoas mais loucas e geniais acreditam nisso e estão fazendo de tudo para descobrir a cura.
Nesse sentido, a Apollo 11 representa mais que tecnologia e evolução. Ela representa a realização de um sonho. De um sonho da humanidade. Ela mostra que mesmo as coisas mais absurdas e impossíveis, são possíveis sim, basta juntar um pouco de loucura, genialidade, vontade e trabalho.

Até amanhã!
Bjs

Em tempo: tenho medo desses colchões e travesseiros feitos pela NASA. Juro, já vi embalagem de travesseiro dizendo que foi feito pela NASA. Será que eles estão mudando de mercado e não nos avisaram?

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Água de beber, água de benzer, água de banhar...

Oi amigos, blz?
Estamos em "desespero" no meu prédio: hoje é o segundo dia sem água. Sem nadinha de nada de água. Vocês não imaginam a loucura que é isso.
Parece que "explodiu" alguma coisa no poço artesiano, que fica há uns 72 metros abaixo do solo (pertinho né?). Aí tá difícil de arrumar.
2 dias sem lavar louça, sem descarga no banheiro, sem banho, sem escovar dentes, lavar rosto, ou seja, o caos.
Não se preocupem, enchemos baldes com água duma torneira que tem no térreo para poder lavar o rosto, escovar os dentes, e lavar a louça. E claro, baldes e mais baldes de água para "puxar descarga" e vamos ir de mala e toalhas pra casa de amigos pra tomar banho.
Vamos nos virando como dá. Mas é difícil meu povo.
Fico imaginando nossos avós, que tinham que buscar água do poço do lado de fora de casa. E também nos tantos milhões de pessoas que ainda não tem água encanada. Água encanada quente então? Pra alguns só em sonho, ou pior, deve ser coisa do diabo.
Também fiquei pensando naquelas previsões catastróficas do dia em que a água potável vai acabar. Que Horrooooor! Com H maiúsculo!
Amigos, vamos preservar a água, por favor.
Já imaginou, eu, esclerosadinha, sem meu banho quente pra passar as dores? (Banho quente melhor quase todas as dores). Pior, muito pior, eu, esclerosadinha, ter que carregar baldes de água? É o fim!
Se um dia isso acontecer, anotem aí, eu vou morar numa praia, viver de banho de mar e virar hipppie, completamente hippie. Será que eu consigo? "Nojentinha" do jeito que eu sou? Vou me esforçar.
Agora, como diria Jorge Ben Jor, eu quero água de beber, água de benzer, água de banhar...
Até amanhã!
Bjs
P.S.: Ah, e estou aceitando dicas de como se virar sem água encanada...hehehe

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Crack, nem pensar.

Oi amigos, blz?
Existem doenças que podemos evitar, e aquelas que vem sem pedir licença. Dessas, algumas podemos curar, outras podemos tratar. A minha veio sem pedir licença, não podia ser evitada, porém está sendo tratada mesmo não tendo cura ainda.
Eu fico triste mesmo em ver pessoas que buscam a própria doença pra sua vida. Me refiro aos usuários de drogas pesadas como o crack.
Aqui no Rio Grande do Sul há uma campanha grande, chamada Crack, nem pensar., realizada pelo Grupo RBS (a Globo daqui) que busca conscientizar as pessoas sobre os efeitos da dependência do Crack. Já perdi a conta de quantas matérias em jornais e na televisão eu vi sobre o tema. Mas a "epidemia" só cresce.
Mas porque tanta atenção a essa droga? Porque ela causa uma dependência muito grande e mata rápido. Não mata apenas o usuário, mas mata a família desse usuário.
Quando estamos doentes, as pessoas que nos amam ficam junto da gente, tentando ajudar no que podem. Mas quando a doença é a dependência de drogas, as pessoas que nos amam são afastadas, humilhadas, agredidas. E a única pessoa que pode curar esse doente é ele mesmo.
Infelizmente o crack tem acabado com famílias e com nossa sociedade.
Nós podemos não querer prestar atenção no problema, fazer de conta que não tem nada a ver conosco, mas mais cedo ou mais tarde o crack vai aparecer nas nossas vidas. Não digo que possamos ser usuários (e também não estamos livres disso), mas a violência que ela causa está aí, nas ruas, esperando pela gente.
A dependência por uma droga é uma doença, escolhida pelo doente, que quando percebe que está doente, demora (e muito) para ter uma melhora, para sair da doença, para tentar se curar.
Eu tenho um sentimento muito ruim sobre pessoas que escolhem a doença mesmo sendo "saudáveis". Sabe, aquele sentimento: "FDP, tu tinha um corpo saudável e se explodiu por escolha própria". Mas acredito que todos nós podemos mudar, melhorar. Acredito que todos podemos errar e ter uma chance de recomeçar.
Por isso amigos, esse blog entra também nessa campanha contra o crack. Já que não posso curar a minha doença, quem sabe, escrevendo sobre outra, possamos ajudar na cura desses doentes.
Crack, nem pensar!
Até amanhã!
Bjs

terça-feira, 14 de julho de 2009

A Cabana

Oi amigos, blz?
No meu aniversário ganhei um livro de presente: A Cabana. Acabei de ler há alguns dias e vou contar um pouco pra vocês, porque tem a ver com vida, morte, tristezas e alegrias.
O livro conta a história de um homem, que após a morte da filha mais nova entra em uma grande tristeza e decide "acabar" com sua relação com Deus. Certo dia, ele recebe uma carta, adivinha de quem: de Deus, convidando ele para ir à Cabana, onde a menina morreu, para passarem juntos o fim de semana. Mesmo achando loucura, ele foi e encontrou-se com Deus, que, pasmem, era uma cozinheira negra, como uma tia Anástacia do Sítio do Pica Pau Amarelo.
Enfim, ele passa o final de semana lá e passa a "entender" a morte da filha, o porque de seguir em frente e resolveu seu relacionamento com o papai do céu.
Bom, se você não acredita em Deus, Jesus Cristo e tudo mais, a história vale pelas lições que passa. Se você acredita, é melhor ainda.
O que eu achei mais legal é que o deus que aparece no livro, é o deus em que eu acredito. Não aquele deus que ame e pune, que castiga e perdoa, mas sim um deus que é puro amor e bondade. Posso parecer otimista demais, mas eu tenho, dentro de mim, uma certeza enorme de que tudo dará certo, não importa o que aconteça. Para mim, essa certeza, essa vontade de continuar mesmo com as coisas dando errado, é Deus. E é esse deus que aparece no livro.
Claro, tem algumas coisas escritas no livro que eu não acredito e acho meio estranho e tal, mas no apanhado geral, é um livro que vale a pena ser lido. Uma mistura de romance, religião e lição de vida. Um livro simples, super acessível, linguagem fácil, alguns diálogos longos e até previsíveis, um pouco herético para os católicos, mas um livro reconfortante.
Acredito que ter essa confiança e otimismo é fundamental para todos nós, e, principalmente para nós, esclerosadinhos. Afinal, quando tudo parece bem, a EM aparece pra dar uma chapuletada. Mas se você acredita que tudo pode melhorar, tudo melhora e você se esforça para que melhore. Como diz Khalil Gibran, "a tristeza é um muro entre dois jardins". Eu escolho descer do muro e ver o que tem adiante.
Se você está sem livros aí pra ler, pega esse. Ou, se você está meio tristonho ou cortou relações com deus, tente ler que pode ajudar.
Como diz "Deus" no livro, a vida custa um bocado de tempo e um monte de relacionamentos. Vamos viver bem esse tempo e fortalecer os relacionamentos que nos fazem bem.

Até amanhã!
Bjs
Em tempo: Hoje comemora-se o Dia da Queda da Bastilha na França, e o dia da França no Brasil. Já sei falar um pouco desse idioma chiquetérrimo, agora só falta uma grana extra (beeem extra) pra eu ir pra lá e poder contar pra vocês como é ser um esclerosado em Paris.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Esclerose Rock'n Roll

Oi gentes, blz?
Quando se fala em rock, lembra-se da triângulo que forma um modo de vida: sexo, drogas e rock'n roll. Hoje é o dia mundial do rock, e pensando bem, meu comportamento é totalmente rock'n roll.
Primeiro, vamos tentar "traduzir" o que é "ser rock'n roll". Ser rock, ter uma atitude rock é ser irreverente, é meter a cara na vida, é não ter medo de arriscar. Sim, porque além de curtir as mais variadas músicas do "ritmo", rock é uma atitude.
Bom, ser meio maluquinha e se arriscar são características minhas. Não me arrisco em loucuras que possam me lesar fisicamente, mas não perco a oportunidade de experimentar coisas que acho que podem me fazer bem. Não consigo viver com aquela idéia: "e se eu tivesse feito tal coisa?". Prefiro fazer a tal coisa e saber como é. Prefiro dizer que fiz e não foi bom do que me arrepender por não ter feito. Isso é totalmente rock'n roll.
Agora vamos ver os outros dois elementos: sexo e drogas. Bom, o que posso falar sobre sexo? Eu gosto né... normal, não é? E as drogas, não se preocupem, não tenho fumado nem cheirado nada estranho, mas tomo 4 remédios diários, e, às vezes, me injeto umas boleta: solumedrol na veia!
Não tenho muita opção, as drogas me mantém de pé. Sim, são drogas lícitas, mas são drogas. Ah, e tem as minhas cervejinhas, caipirinhas, cachacinhas, vinhozinhos e outras bebidas mais... eheheh
E ainda, gritar para extravasar é muito rock'n roll (coisa bem boa de se fazer algumas vezes).
Bom, fora a minha atitude "sexo, drogas e rock'n roll" (light...muito light) adoro as músicas: Elvis, Beatles, Queen, Rita Lee, Rolling Stones, Pink Floyd, Doors, U2, Guns, Coldplay e muitos outros que não me lembro agora.
Para finalizar, pedacinhos de duas músicas que estão sempre no meu mp3 player e na ponta da língua, por representarem muito sobre a minha pessoa e por me colocarem pra cima quando estou pra baixo, por me lembrarem quem eu sou e o que devo fazer quando, por algum motivo, me esqueço:


Balada do Louco (Rita Lee)
Dizem que sou louca, por pensar assim / Se sou muito louca, por eu ser feliz / Mais louco é quem me diz! E não é feliz! Não é feliz... / Se eles são bonitos, eu sou Sharon Stone / Se eles são famosos, I'm Rolling Stone / Mais louco é quem me diz! E não é feliz! Não é feliz... / Eu juro que é melhor, não ser um normal / Se eu posso pensar que Deus, sou eu...

O show tem que continuar (The show must go on - Queen)
...lá fora o rompe o amanhecer, mas lá dentro no escuro, estou sentindo dor para estar livre / O show deve continuar, O show deve continuar, sim / Por dentro meu coração se quebra, minha maquiagem pode estar se dissolvendo, mas meu sorriso continua... / Minha alma é pintada como as asas das borboletas / Contos de fada de ontem vão crescer mas nunca vão morrer / Eu posso voar - meus amigos / O show deve continuar / O show deve continuar / Eu irei enfrentar tudo com um sorriso / Eu nunca irei desistir / Avante - com o show.

Vida longa ao Rock'n Roll!
Até amanhã!
Bjs

domingo, 12 de julho de 2009

O frio...de novo

Oi amigos, blz?
Demorei a escrever hoje por causa do tempo. Não o tempo de tempo, mas o tempo de temperatura.
Estava tãããão bom aqueles dias de meia estação, mas aí o frio resolveu voltar. E sabe né, escrever em dia frio gela os dedos, vão ficando uns picolézinhos. E hoje está fazendo muito frio aqui.
Agora estou deitadinha na minha caminha com meu abençoado lençol térmico. Há alguns dias, nosso amigo Jairo escreveu no blog dele (leia aqui ) sobre o quanto é ruim o frio pra um cadeirante. Pra mim o frio também é péssimo! Dói um pouco de tudo, ou um muito de tudo mesmo.
Quando li o texto dele, na hora lembrei de indicar o lençol térmico, e também lembrei que lençol térmico é uma coisa meio regional aqui da gauchada. Sim, porque gaúcho tem uma certa intimidade com o frio e uma intimidade ainda maior com os métodos para amenizar o frio. Dentre esses métodos está o lençol térmico.
Pra quem não conhece, é um lençol que se coloca na cama e se liga na tomada. Em poucos minutos a cama fica quentiiiiiinha. Uma delícia! E não se preocupem, não torra a bunda de ninguém, nem cozinha. Pode até fazer xixi na cama que não dá choque (nunca testei, mas como dá pra usar em berço de nenê, pode fazer xixi).
O melhor, é que essas dores que a gente tem (musculares, na articulação, etc) melhora muito com a cama toda quentinha. E como não precisa dormir todo encolhido pra não passar frio, acorda-se muito melhor disposto (e com menos dores também). Eu aconselho e uso. Pra quem ainda não tem o seu, entrem no site da fábrica: http://www.termobras.com.br/principal.php
Não estou ganhando nada pra falar a marca. Pior, o meu lençol térmico precisa ser trocado e eles não me deram nem desconto...hehehe
Ainda sobre as dores do frio, nos dois últimos dias senti dores muito fortes no abdomen, achando que era muscular. Xinguei o frio até não poder mais, afinal, era uma dor a mais. Quando minha mãe chegou de viagem hoje, descrevi as dores pra ela, e qual foi o diagnóstico: gases. Gentes, nunca pensei que peido doía tanto. To até com medo da hora que isso sair daqui de dentro... hehehe

Até amanhã!
Bjs

sexta-feira, 10 de julho de 2009

São tantas emoções

Oi amigos, blz?
Não sou fããããã do Roberto Carlos, mas tenho que reconhecer que ele é Rei. Ele é o nosso Elvis Presley com Frank Sinatra, ele é rock'n roll e é clássico. Ele está na vida da gente como Michael Jackson esteve.
Estou falando dele porque hoje vai ter o super hiper mega show dele no Maracanã, em comemoração aos 50 anos de carreira. Dá pra imaginar, 50 anos cantando, dançando, compondo e sendo O Rei? Temos que tirar o chapéu pro cara.
Claro que tem músicas dele que eu adoro, que sempre estão "passeando" pela minha mente. Mas confesso que gosto mais das músicas dele na voz de outros cantores e cantoras do que ele cantando. Sinceramente, a voz dele, para mim, não rola.
Então, em homenagem ao rei e sua carreira, hoje, vou deixar pra vocês duas musiquinhas (as minhas preferidas) para cantarolar por aí, e também para refletir. Refletir sobre nossas vidas e o que fazemos com ela. Refletir sobre nossos relacionamentos, nossos erros e acertos, nossas escolhas e nossas perdas:
É preciso saber viver
Quem espera que a vida / Seja feita de ilusão / Pode até ficar maluco / Ou morrer na solidão / É preciso ter cuidado / Prá mais tarde não sofrer / É preciso saber viver... / Toda pedra no caminho / Você pode retirar / Numa flor que tem espinhos / Você pode se arranhar / Se o bem e o mau existem / Você pode escolher / É preciso saber viver...
Emoções
Quando eu estou aqui / Eu vivo esse momento lindo / Olhando pra você / E as mesmas emoções sentindo... / São tantas já vividas / São momentos que eu não me esqueci / Detalhes de uma vida / Histórias que eu contei aqui... / Amigos eu ganhei / Saudades eu senti partindo / E às vezes eu deixei / Você me ver chorar sorrindo... / Sei tudo que o amor é capaz de me dar / Eu sei já sofri / Mas não deixo de amar / Se chorei ou se sorri / O importante é que emoções eu vivi. / ...Mas eu estou aqui / Vivendo esse momento lindo / De frente pra você / E as emoções se repetindo / Em paz com a vida / E o que ela me trás / Na fé que me faz / Otimista demais /Se chorei ou se sorri / O importante é que emoções eu vivi...
E muitas emoções viveremos juntos, com as pedras do caminho, com os espinhos, com as saudades, as dores, mas também com as alegrias, as felicidades e muito amor. Como já falei por aqui, não importa a emoção que a gente sente, o importante é sentir, porque emocionar-se é viver.

Até amanhã!
Bjs

Que tudo acabe em pizza


Oi amigos, blz?
Hoje é dia de que? De pizza! Sim, hoje é o dia da pizza, essa comida deliciosa, maravilhosa, saborosa...
A pizza é um dos poucos pratos que agrada a todos, independente da classe social, do lugar em que vive, etc. Por isso, quando há uma confusão muito grande, as pessoas dizem que tudo vai acabar em pizza, ou seja, vai acabar numa grande confraternização entre todos.
Na política usamos muito essa expressão para o lado negativo, porque as pessoas vão discutir, discutir e não vai dar em nada, no final estarão todos juntos fazendo as mesmas coisas erradas. Já, no dia a dia, acabar em pizza é uma ótima pedida (no sentido figurado e no sentido gastronômico).
Pensem bem, a gente sempre tem umas rusgas com as pessoas que amamos, uma briguinhas ridículas por motivos igualmente ridículos, discussões sem propósito. E nenhum momento é melhor do que aquele em que nos desculpamos e nos abraçamos, não é? Então, acabar em pizza, é bom sim.
Como eu adoro (adooooooooooooooro mesmo) pizza, eu já sei quais os sabores de pizza que ficam bons quando se faz pulsoterapia (como já disse aqui , o gosto na boca fica horrível com o remédio). Anotem aí: quatro queijos, calabresa, alho e óleo e picanha com gorgonzola. Adoro tooodos os sabores, mas qualquer um mais "forte" que isso, fica amaaargo pra caramba.
Sobre a pizza de picanha com gorgonzola, vocês sabiam que esses sabores malucos (strogonofe, picanha, sorvete, morango com chocolate...) são invenções brasileiras? Verdade! Cruzem a fronteira aqui com a Argentina e procurem um lugar com mais de 10 sabores de pizza. Bem difícil de achar, só se for restaurante de brasileiro. Só no Brasil a gente demora mais que 15 minutos pra conseguir ler todos os sabores de pizza no cardápio.
Se você andou brigando com alguém, discutindo com um amigo, que tal convidar ele pruma pizza hoje? Ninguém em sã consciência nega uma pizza.
Eu espero o dia em que tudo realmente acabe em pizza, o dia em que todas as pessoas confraternizem e tenham uma coisa gostosa para comer (de preferência, pizza).
Pra terminar o post de hoje, uma receita ótima de pizza: Pegue o telefone da sua casa, o imã de geladeira com o número do telefone da pizzaria, ligue para lá, peça seu sabor preferido e espere por 30 minutos. Uma delícia!

Até amanhã!
Bjs

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Eu me amo, e você?

Oi amigos, blz?
Adoro cinema, e ontem fui ao cinema comer um rio de pipoca e ver o divertidíssimo A Mulher Invisível. Para mim cinema é diversão, entretenimento, e se vier com uma mensagem bonita pra nossas vidas, melhor ainda.
Esse é um desses filmes bem escritos com ótimos atores (o Selton Mello é tu-do) que divertem e nos tocam. Claro que não vou contar aqui a história do filme, pra não estragar a surpresa pra quem for ver. O que posso dizer, é que o filme nos mostra a importância de amar a nós mesmos e de ter alguém junto com a gente pra dividir as alegrias e tristezas.
Ultimamente o cinema brasileiro tem sido um dos melhores: divertem de forma inteligente, mostram a realidade da vida e ainda nos dão uma "chapuletada" pra gente seguir em frente.
Há poucos dias vi também o ótimo Divã, da igualmente ótima Marta Medeiros. Vale a pena também.
Gosto de filmes que mostram que todos nós temos nossos podrinhos e sujeirinhas, mas nem por isso não podemos ser lindos e cheirosos ao mesmo tempo. Sim, o ser humano é lindo por poder ser tudo isso ao mesmo tempo. Mesmo que pareça louco, mesmo que ninguém entenda.
Também fiquei pensando (quem for ver o filme vai entender), porque será que a gente sempre espera que alguém cuide de nós, que outra pessoa venha nos dizer o quanto somos brilhantes? Porque só acreditamos nisso quando vem de fora?
Claro que não vamos sair por aí se achando o gás da Coca, mas temos sim que reconhecer que somos bons no que fazemos, que somos belos, que somos importantes pro mundo ou pra alguém. Ok, se você acha que não é bom no que faz, não seria a hora de trocar de atividade? Às vezes ficamos parados, vendo a vida passar,eperando que alguém nos mostre que existe um mundo de oportunidades, possibilidades e felicidades à nossa espera.
Às vezes eu me acho uma ameba no mundo, feia, gorda e burra. Mas meus "amigos invisíveis" logo me lembram de tudo que eu já fiz, tudo que eu faço e do quanto eu sou importante pra algumas pessoas, inclusive para mim. Você não tem amigos invisíveis? Um anjo da guarda? Um grilo falante como consciência? Uma fada madrinha? Eu tenho essas boas "alucinações" comigo. Elas são essenciais, principalmente nos dias de surto de EM, nos dias em que as dores não passam, nos dias em que levantar da cama é difícil (e não é por preguiça). Porque nesses dias, não adianta os outros falarem pra você se acalmar, que tudo vai passar, que você é linda e inteligente. Você tem que acreditar nisso. E isso, só pode vir de um lugar, de uma pessoa: você.
Você precisa se amar! Afinal, não podemos dar aos outros aquilo que não temos dentro de nós. Só podemos ajudar os outros quando nos ajudamos, só podemos amar os outros quando nos amamos.

Até amanhã!
Bjs

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Galinha voa?

Oi amigos, blz?
Há alguns dias escrevi uma nota sobre a política em Honduras, e nosso amigo Luis, que vive em Tegucigalpa (nome engraçado né?), fez o seguinte comentário: "...Afortunadamente, tudo está bem com nós, minha mulher como boa brasileira me representou na marcha de apoio ao novo governo. Infelizmente, nao consigo mais estar em passeatas por motivos obvios."
Não quero discutir política por aqui. Deixo a política, a religião e o futebol pra quem gosta de polêmica. Quero chamar atenção à parte que diz que ele não consegue participar de passeatas por motivos óbvios.
Tendo EM fica difícil de caminhar uma quadra, imagina só caminhar um longo caminho e ainda gritando e ficando nervoso (sim, porque política dá um nervosismo, ainda mais na América Latina). Essa história me fez lembrar dum fato ocorrido há quase dois anos comigo.
Como já falei aqui , um dos meus trabalhos de conclusão de curso foi uma campanha de divulgação do GAPEM - Grupo de Apoio à Portadores de Esclerose Múltipla. Para tanto, eu e meus colegas tivemos que conseguir verba, bufunfa, verdinhas para produzir o material. E lá foi a Bruna bater na porta de clínicas da cidade em busca de patrocínio.
Conseguimos vários patrocínios e um deles era da clínica onde eu costumo fazer minhas ressonâncias, a Kozma. Eles foram muito legais, solícitos e tudo mais. A bizarrice aconteceu quando eu fui levar o resultado do projeto pra eles. A criaturinha responsável pelo caso disse mais ou menos isso: Que bom que deu tudo certo. Agora, nós esperamos a ajuda de vocês numa campanha contra o câncer de mama.
Eu disse que lógico que ajudaríamos e perguntei o que era preciso fazer. Pra que fui perguntar?
A dona moça me disse: Não muita coisa. Vamos fazer uma passeata na cidade no dia tal na hora tal. Você só precisam ir lá caminhar com a gente.
Na hora me deu uma vontade de rir. Acho que devo ter dado um sorriso meio irônico. Pedir que um monte de esclerosados participem duma passeata é equivalente a pedir que uma galinha cruze o atlântico voando. Ela até tem asas pra voar, mas quem disse que ela consegue? Meio difícil né.
Expliquei pra ela o porque de não participarmos (sem a história da galinha) e sugeri que ela se informasse um pouco mais sobre aquilo que está patrocinando. Custava ler o nosso folhetinho?
Custava pensar antes de falar?
Queridos amigos, contem comigo nas "causas" de vocês, mas não me convidem pra passeatas. Porque não fazer um evento num lugar apenas? Pra que ficar caminhando?
Tá bom, eu sei que as pessoas tem seus motivos. Mas eu prefiro evitar a fadiga.

Até amanhã!
Bjs


P.S.: Aqui na minha região tem um romaria pra Nossa Senhora Consoladora, em Ibiaçá. Um integrante do grupo vai todos os anos a pé nessa romaria. São mais ou menos 60km. Ou seja, algumas galinhas voam por aí.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Viver enquanto é tempo

Oi amigos, blz?
Hoje não se fala de outra coisa além do funeral do Michael Jackson. Eu não sei, mas ele já deve tá podrinho dentro do caixão e a alma dele deve estar descansando em algum lugar (se em paz, não sei).
A morte tem sido um tema bastante presente nos meios de comunicação nos últimos dias. Claro, todos os dias morrem muitas pessoas, e nascem também outras tantas. Mas quando alguém que nós "conhecemos", como o Michael morre, a morte chega mais perto e passamos a refletir mais sobre ela.
Fiquei pensando, a morte é uma coisa que parece que só vai acontecer com os outros, nunca com a gente. Não gostamos de parar para pensar como será o dia em que nossos pais, filhos, avós, amigos morrerem. Mas isso vai acontecer um dia.
Papai do céu me deu a graça de não "perder" muitas pessoas até hoje. Mas perder a presença física de um amigo, com idade próxima a minha, que fez parte de um tempo importante da minha vida foi um golpe e tanto. Eu sei que tu não lê meu blog aí do céu Consta, mas fica em paz... sentimos muito a sua falta.
A saudade fica para sempre, mas o mais importante é não termos arrependimentos.
Não nos arrependermos por não dizer o quanto amamos as pessoas enquanto elas estão aqui entre nós. Porque a gente nunca sabe o que vai acontecer no próximo minuto.
Nós podemos controlar algumas coisas na vida, como optar por viver bem, por ser feliz com o que se tem, por ter bons relacionamentos, por fazer as coisas com paixão. Mas não podemos controlar até quando vamos viver.
Podemos planejar nosso futuro, colocar metas em nossas vidas, mas não podemos ter a certeza de que cumpriremos os prazos. Eu tenho alguns sonhos e planos, mas sei que, de uma hora pra outra, a EM pode interromper meus planos, pode me "atrasar", pode me fazer mudar de caminhos. Mesmo assim, com a EM eu poderei optar por outras coisas na vida, mas com a morte não acontece o mesmo. Quando alguém que amamos morre, temos de ter a certeza que não deixamos nada passar, que não esquecemos nenhum dia de dizer o quanto essa pessoa é importante para nós, o quanto será difícil viver se um dia ela se for, o quanto a amamos. Quando eu digo dizer o quanto amamos, não digo sobre falar com palavras, mas falar com atos, porque o amor está presente nas nossas atitudes e escolhas.
Desculpa gente por esse tema meio mórbido, mas acho que não é porque temos "medo" dela que não devemos falar sobre. A morte, nesse sentido, é como uma doença: todos sabem que existe, ela está por perto sempre, mas as pessoas negam, até que ela bata a nossa porta e cause dor e desespero. Ela continuará causando dor e tristeza, mas talvez, falando, seja mais fácil de lidar com ela.
Muitas pessoas, ao terem um diagnóstico como de EM (e eu conheço gente assim), deixa de viver, desiste de tudo e morre. Passa a ser apenas um corpo doente ocupando espaço aqui na terra.
Por isso, viva intensamente, não sobreviva. Não veja a vida passar na sua frente sem participar dela. Não deixe as pessoas que você ama não saberem o quanto você as ama. Não deixe de sentir: sinta amor, raiva, alegria, tristeza, dor... mas sinta! Porque enquanto você sentir você está vivo. Emocione-se com as coisas simples e boas da vida. Chore quando estiver triste. Olhe em sua volta e veja quanta coisa boa e bonita você tem. Admire a natureza, cultive plantas, amizades e amores.
Viva enquanto é tempo! Nunca é tarde para se começar a viver!

Até amanhã!
Bjs

P.S.: No exato momento em que estou postando esse texto, o caixão de Michael Jackson está no palco do Staple Center em Los Angeles, com Mariah Carey cantando uma das mais lindas músicas dele: I'll Be There: "Você e eu devemos fazer um pacto, nós devemos trazer a salvação de volta...Onde existe amor, eu estarei lá"

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Trevo de 4 folhas

Oi gentes, blz?
Mais uma segunda-feira, mais uma semana de muito trabalho e felicidades. Você já deu uma caminhadinha hoje na praça? Já topou com um trevo de quatro folhas, anunciando sorte para hoje? Não? Eu também não...hehehe
É verdade que o dia está lindo lá fora, mas achar um trevo de quatro folhas não é uma tarefa tão fácil assim. Há alguns dias, vendo o Jô, tinha um tiozinho que era especialista em trevos de 4 folhas, que ia explicar tudo sobre eles. A entrevista correu, o tiozinho falou sobre a vida dele, dos filhos, e eu (e todos os espectadores) fiquei sem saber sobre os trevos.
Naquele dia, fiquei pensando, um trevo sugere a plantinha que tem três folhas. TREvo = TREs, não é?
Reza a lenda que a raridade do trevo 4 folhas o transformou em um poderoso amuleto, trazendo consigo os poderes da floresta, a sorte dos deuses e o dom da prosperidade. Bom né?
Acontece que o trevo de 4 folhas é uma anomalia, uma anormalidade, uma malacabação da natureza, uma deficiência da planta. Não quero dizer com isso que ter um malacabado em casa seja um amuleto da sorte. Mas não é curioso esse "endeusamento" de algo que, normalmente, seria repelido?
Já conversamos por aqui que tudo que é diferente causa espanto, medo, assusta e repele. As pessoas não estão "prontas" para as diferenças, essas lindas diferenças que fazem de nós o que somos. Entretanto, acham o trevo de 4 folhas um sinônimo de sorte, de coisas boas, de energia positiva. Justo o trevo de 4 folhas, essa plantinha diferente, estragadinha em relação às suas semelhantes.
Não acho que tenho sorte por ter EM (muito pelo contrário), mas tenho sorte de ter pessoas que me amam por perto, por ter aprendido a conviver bem com isso, por entender minha condição de vida.
Então, ao invés de nos acharmos uns azarados por ter uma ou mais deficiências, que tal nos vermos como trevinhos de 4 folhas? Porque além de sermos "diferentes", somos raros. Não raros por existirem poucos deficientes (existem muitos), mas são poucos os que vivem bem com isso. São poucos os que não deixam de viver. São poucos os que colocam a cara no mundo pra dizer o que tem. São raros os que querem ter ser lugar no mundo. Somos trevos de 4 folhas, diferentes e raros por queremos ser felizes de qualquer forma.
Até amanhã!
Bjs

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Esponja de loucuras

Oi amigos, blz?
Lembram que falei bem do médico que me deu tratamento pra sinusite aqui ? Pois é, é só falar bem que estraga...hehehe
Pois bem, ele me deu um tratamento completo, com anti-inflamatório, antibiótico, analgésico e descongestionante. O antibiótico eu teria que tomar por 10 dias, sendo hoje o décimo dia. Da sinusite acho que to bem, mas o que os remédios me causaram, fiquei com medo.
Eu sou bastante emotiva, choro vendo tv (tá triste esse final de temporada de Grey's Anatomy né?), choro lendo textos e blogs, enfim, minha torneira de lágrimas é farta. Mas, no terceiro dia de tratamento da sinusite eu tinha vontade de chorar o dia inteiro, mas o dia inteiro mesmo. Não precisava nem cortar cebola pra chorar cozinhando. Pior, eu não estava triste, só tinha vontade de chorar. Aí, comecei a ficar com um péssimo humor, me irritando com tudo e com todos (não que eu seja muito calminha né, mas...). Comecei a ficar preocupada, afinal, eu já entrei uma vez em depressão. Mas o que estava me incomodando mais era a falta de motivos para estar assim. Já tava afim de me benzer.
Aí, fui refazendo meus passos na semana, pra ver o que podia ser. A única coisa diferente eram os remédios. Catei a bula do Tamiram (antibiótico) e descobri que sou uma esponja às reações adversas de ordem psíquica. Estava escrito lá tudo que eu estava sentindo. E estava escrito, inclusive, pra pessoa cuidar pra não se matar (claro que não com essas palavras).
Fiquei pensando, o médico deveria ter me perguntado que remédios eu tomava né? Porque eu tomo um antidepressivo (pra dor neuropática e pras pirações da cabeça). Ou seja, uma pessoa que toma um antidepressivo pode apresentar reações maiores. Tudo bem, o tratamento ia ser o mesmo, mas ele devia me alertar sobre isso.
Lembrei de casos de pessoas que se suicidaram sem ter nenhum motivo aparente. Sabe, aquelas pessoas que a gente pensa: mas o fulano se matou? ele era tão bem da cabeça, tão bom, como pode?
Vai lá ver se ele não tava se tratando pruma simples sinusite. Pode ser né?
Porque assim, a criatura que tá tomando uma medicação como essa não se mata porque quer se matar, mas o cérebro não "conjumina" bem as idéias, e, de repente, o vivente pode querer saber o que acontece se ele atravessar a rua com o sinal aberto, ou se atirar do sexto andar. Juro gente, isso acontece. Quero dizer, a pessoa não se mata porque quer morrer e programou isso, digamos que ela se mata por acidente. A pessoa perde a noção do perigo, perde a noção de que quando morre não ressucita (segundo a Bíblia, isso só aconteceu uma vez, há 2009 anos).
Não se preocupem amigos, gosto muuuuito de viver pra aprontar uma dessas. E também, quando comecei a me sentir meio "estranha", já avisei o povo aqui de casa pra observar minhas atitudes e ter paciência. Caso piorasse, era pra me levarem no médico. Isso também é importante, é ter a noção de que não está tudo bem e pedir ajuda pra quem está próximo.
Aprendi com essa maluquice toda que, da próxima vez que for fazer um tratamento, vou levar a lista de remédios que tomo e pedir explicações melhores pro médico. Pode até ser que ele não saiba explicar, mas pelo menos vai ter noção do que tá receitando e das interações entre os remédios.

Até amanhã!
Bjs

Em tempo: hoje à noite quero ver todo mundo com camiseta tricolor, torcendo pro Grêmio na Libertadores. Amigos colorados, até torci pro Inter ontem, agora, nos ajudem...hehehe

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Rápido, objetivo e de emergência

Oi queridos, td blz?
Já se torraram o saco de notícia de acidentes aéreos? Vou falar só mais um pouquinho sobre eles, pra introduzir meu tema psicológico de hoje.
Dizem que quando há um acidente aéreo, você pode esperar que vem mais 2. Sim, eles vem em trio. E a prova tá aí, ontem foi o terceiro.
Além de constatar que bateu a miudinha (a coisa tá feia) na França (foi tudo com avião francês, ou com francês dentro), ficamos vendo na tv e nos jornais as famílias das vítimas sofrendo com as suas perdas.
Descobri que existe no Brasil um instituto de psicologia que atende os parentes das vítimas. Como descobri? Com a nova psicóloga que chegou aqui na cidade e me ajudou a perder um pouco do estereótipo que eu tinha de psicólogos.
Como já contei aqui , minhas experiências com psicólogos não foram muito boas. Porque? Porque o meu problema, quando eu procurava psicólogos, se referiam ao meu diagnóstico, a eu ter de me adaptar e me habituar a essa nova situação. Daí eu chegava lá e o psicólogo começava a perguntar da minha infância e blablabla. Pô, minha infância foi ótima, vamos voltar ao meu problema? Daí vinham eles querendo saber da minha relação com a família. Pronto, daí não voltava mais, porque se a terapia ia começar com a história do meu parto, até eu chegar ao ponto que eu queria, a Esclerose Múltipla, eu ia ter gastado todas as economias da família e já estaria com o dobro de idade. Por isso desisti.
Mas, há algumas semanas, a nova psicóloga da clínica do meu papi e da minha mami me ligou pedindo se eu fazia um material de divulgação pra ela, porque o trabalho dela era diferenciado e novo aqui.
Pensei: ebaaaa! trabalho! uhuuuu!
E fui lá!
Ela foi me contando tudo o que já fez (e foi muita coisa gentes) e nisso citou o Grupo IPÊ - Intervenções Psicológicas em Emergências (dá uma olhada aqui sobre o trabalho deles), criado para atender as famílias de vítimas de acidentes aéreos, lá no primeiro acidente da TAM.
A especialidade dela é psicologia hospitalar e do luto. Ou seja, se você tá lá no hospital e tem que ser amputado por causa dum acidente, ela vai lá e tenta "resolver" com você essa nova situação na sua vida, as mudanças que isso traz, suas perdas de auto estima, etc.
Com o luto (outra especialidade dela), acontece a mesma coisa. A pessoa que perdeu um ente querido não quer fazer terapia da sua vida, ela quer resolver o problema atual: a perda.
Para isso, a Magali (a psicóloga) usa um tipo de psicologia que se chama Psicologia Breve de Apoio. No folder dela eu resumi o que é essa psicologia assim:
"A Psicoterapia Breve é uma abordagem psicoterapêutica que trabalha em cima de objetivos definidos e estabelece um foco. Os objetivos terapêuticos estão ligados à necessidade imediata do indivíduo, à superação dos sintomas e a problemas atuais da realidade. O enfrentamento de situações de conflito, a aquisição da consciência da enfermidade e a recuperação da auto-estima são objetivos a serem alcançados pelo terapeuta e pelo paciente.Na psicologia breve os encontros terapêuticos ocorrem, em média de 6 a 20 sessões."
Massa né? Eu achei o máximo! Porque diabos ninguém fez isso comigo quando eu precisei?
Então gentes, se você foi diagnosticado há pouco, ou tá passando por um problema pontual atualmente, procure um psicólogo que trabalha com esse tipo de terapia. Eu recomendo!
Depois, se você quiser deitar num divã, gastar rios de dinheiro e de tempo contando sua vida (eu sei que isso funciona pra algumas pessoas, e fico feliz que funcione), pelo menos seu problema de urgência estará resolvido na sua cabeça.
Problema psicológico todo mundo tem de alguma forma. Mas na hora de uma emergência, por um acidente digamos, você precisa duma ambulância rápida e dum pronto-socorro, ou você vai prum consultório médico e espera 2 horas para ser atendido?
Sei que deve tá cheiiiiiinho de psicólogos dizendo que isso não é terapia e blablabla. Mas acho que isso acontece por ser um tipo de terapia relativamente nova, e, como tudo que é novo, assombra, assusta e repele.
Espero que essas informações tenham sido úteis pra vocês. Eu fiquei muito feliz em conhecer essa forma de psicoterapia.
Ah, e por precaução e falta de bufunfa, não vou à Paris nesse findi...hehehe

Até amanhã!
Bjs

Em tempo: o folder ficou lindão, só falta imprimir.