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terça-feira, 3 de junho de 2014

"O que é preciso pra se viver em paz?"


Oi queridos, tudo bem com vocês?
Estou pra escrever desde domingo... mas não escrevi porque prometi pra mim mesma que não escreverei nem sob dor lancinante, nem sob raiva, nem sob tristeza profunda. Porque quando a gente tá assim, as palavras ficam pesadas, carregadas de sentimentos que não são os melhores. E nem eu quero ficar relendo palavras tristes nem quero que vocês se entristeçam.
Calma, tá tudo bem. Só que sábado eu cheguei em casa de viagem e dormir foi complicado por conta das dores. E no domingo ficou pior. Estava me sentindo doente. Porque nem sempre eu me sinto doente, mas quando a dor toma conta do corpo, não há como pensar em outra coisa.
A família saiu pra almoçar e foi bom ficar sozinha, no silêncio com meus pensamentos. Eu olhava pra pilha de textos pra ler, pra minha agenda e tudo que está por fazer e só pensava que eu precisava ficar deitada, quietinha, esperando as dores passarem.
E, com isso, fiquei triste. Fiquei triste porque meu corpo não me obedece muito. Nem pouco, às vezes. E porque eu queria ter tido energia pra fazer mais. Mas não tinha.
E aí as coisas vão se acumulando. E eu vou tendo que dar mais e mais desculpas pras pessoas. E isso me incomoda profundamente.
Me incomoda porque, por mais que as pessoas gostem de mim, a paciência deles têm limite.
Desde o diagnóstico eu perdi as contas de quantas vezes eu ouvi que a EM era minha desculpa, que eu tinha a desculpa perfeita, que eu era folgada, preguiçosa ou que eu devia me esforçar mais.
Enquanto eu esquentava meu almoço, sentindo doer a alma, fiquei pensando sobre isso. E sobre o quão difícil é pro mundo entender que a dor, a fraqueza do corpo faz com que nem a cabeça funcione direito. Quando a dor me abraça, eu não consigo me concentrar em nada sério. Eu fico chateada. E chata. Porque eu sei que não falo direito com as pessoas quando estou ruim. Eu até que tento manter o bom humor e o sorriso amarelo... mas ele se vai no primeiro "você precisa se esforçar mais... seu corpo está doendo mas sua cabeça funciona perfeitamente..."
... Aham, funciona perfeitamente... vai nessa. Pega o meu corpo emprestado num dia em que as dores neuropáticas tomam conta e tenta escrever uma carta pra ver quantas palavras você consegue unir fazendo sentido. Pega o meu corpo nesses dias e vai trabalhar, vai conversar com pessoas, vai ser bonzinho com o vizinho...
Não dá!
Junta a vontade de chorar, com a de gritar, com a de se esconder num buraco ou de evaporar.
Há alguns dias uma pessoa me perguntou quantos dias, num mês, mais ou menos, eu sinto essas dores. Eu respondi que há 14 anos não há um dia sem dor na minha vida. Ela riu. Eu continuei séria. Ela perguntou se era verdade mesmo. Eu respondi que sim. E ficou aquele silêncio horroroso entre nós.
Tem gente que diz que ninguém se acostuma com coisa ruim. É mentira. Dor é uma coisa péssima e a gente se acostuma com ela. Tem dias que é pior, dias que é melhor, dias que eu faço de conta que não a sinto, porque ela está fraquinha, e dias que nem com todo esforço do mundo eu consigo fazer isso, porque ela toma conta. E não há remédio pra isso (quer dizer, tem os de canabidiol, que ainda não foram aprovados no Brasil, mas isso é assunto prum próximo post).
A verdade é que mais do que a dor, o que me incomoda é a reação das pessoas em relação a isso. Como dor não se enxerga, elas esquecem disso. E começam a achar que é tudo invenção. Que meu mau humor em certos dias é má vontade. Que minha ausência ou falta é displicência e irresponsabilidade. E isso dói. Dói tanto quanto a dor.
Bom, mas aí esquentei meu almoço e sentei na frente da tv pra comer e ver o que estava passando na tv. Uma feliz surpresa: no Canal Brasil estava começando o documentário No Caminho das Setas, que conta a vida de Marcelo Yuka, baterista e compositor brasileiro, ex-líder do Rappa, que teve sua vida totalmente modificada depois de tomar 9 tiros durante um assalto e ficar paraplégico.
Fazia tempo que queria ver esse filme, e valeu a pena.
Logo no início aparece o porque da saída do Yuka do Rappa. E tudo o que eu havia pensado sobre euzinha enquanto arrumava meu almoço, voltou na fala do Yuka. Fora as discussões sobre direitos autorais e blablabla, doeu ver os colegas de banda dele, que haviam dito que estariam com ele, que fariam um novo disco e blablabla, reclamando que ele não ia nas reuniões e ensaios, que ficava difícil de trabalhar assim... e junto a isso aparecia o Yuka falando que ele queria ir, marcavas as reuniões e ensaios porque achava que daria pra ir, mas no dia, as dores neuropáticas tomavam conta do seu corpo e ele não conseguia.
Parei de comer. Uma grande insatisfação com a humanidade travou na minha garganta e eu fiquei chorando. Não um choro desesperado. Mas aquele em que as lágrimas correm, sem parar...sem soluços, sem falta de ar... só a tristeza escorrendo pelo rosto mesmo.
Chorei porque é isso que acontece com a maioria das pessoas que tem uma deficiência, uma doença crônica, uma dor inseparável. As pessoas acham que a gente tem que adaptar nossas dores aos compromissos do mundo. Mas esquecem que não temos controle sobre elas. E acabamos "ficando pra trás", mudando de rota, de planos, de amigos, de tudo...
As mudanças nem sempre são ruins. Até porque, a gente acaba descobrindo com quem vale a pena passar nosso tempo. Os amigos acabam sendo poucos, mas bons. E os que não tem capacidade pra entender tudo isso, que não tem estômago pra encarar essa realidade, esses ficam fazendo parte das memórias de uma vida que passou.
Não fico triste pelas mudanças que aconteceram, mas porque a falta de empatia e compaixão no mundo me machuca.
Se você ainda não viu o filme do Yuka, vale a pena. Não tem online, mas tem no netflix, tem dvd à venda e tá em cartaz no Canal Brasil. Juro pra você, amigo esclerosado, que você vai se reconhecer em algum (ou alguns, ou muitos) momento da trajetória do Yuka. Nossas histórias são individuais, mas as semelhanças são gritantes...
O nome do documentário foi inspirado num "conselho" dado pelo poeta Waly Salomão à Yuka, antes de tudo isso acontecer: "Fique atento aos sinais obscuros da vida Yuka... É preciso encontrar o caminho das setas...Sigas as setas, elas estão debaixo do seu nariz..."
As setas nos guiam, nos orientam, nos mostram caminhos, e às vezes, por não estarmos atentos, não as vemos nem as seguimos.
No Caminho das Setas é um filme pra se pensar. Segundo Yuka, tudo que ele quer saber é "o que é preciso pra se viver em paz?". Também não sei... mas desconfio que esteja nessas setas...em segui-las da forma que der. Ou seja, fazer o que der, quando der, enquanto der. E ligar o foda-se pra quem não nos apóia, não nos entende...
Ah, e antes de acabar, um detalhe, tem uma música do Yuka que eu canto seeeempre que estou com muita dor, porque é o melô do esclerosado dolorido: se meus joelhos não doeeeeesseeeeeem maaaaais... hehehehe
Fora que, todas as músicas boas do Rappa, são do Yuka: Todo camburão tem um pouco de navio negreiro, Pescador de Ilusões, Minha Alma (Paz que eu não quero), Lado B Lado A, O que sobrou do céu, Me deixa... e com o F.U.R.T.O eu adoro Não se preocupe comigo e Ego City...
Aí, pra escrever esse post, fui atrás de informações sobre o documentário, sobre o Yuka e tudo mais e descobri que ele tá fazendo uma ação pra gravar um novo disco (a famosa vaquinha). Eu vou quebrar meu porquinho e ver com quanto dá pra contribuir pra poder ouvir novas músicas e shows do Yuka: http://benfeitoria.com/marceloyuka
Vai lá gente, ajuda!
Até mais!
Bjs

P.S.1: sim, a culpa de tanta dor e cansaço e fadiga e tudo mais é o frio excessivo. E o inverno nem começou...
P.S.2: Também fazem 14 anos que o Yuka convive com a sua deficiência, o mesmo tempo que eu (eu foi em maio de 2000, ele em novembro do mesmo ano), e numa parte do documentário ele se diz triste porque ele era muito jovem quando foi baleado... doença e deficiência não escolhe idade... se idade fosse critério pro tamanho da revolta, vamos combinar que eu já tinha colocado fogo no mundo...heheheheeh.

domingo, 31 de julho de 2011

Alguém liga o sol aí, faizfavor?

Oi queridos, tudo bem?
Por aqui, chove muito. E faz frio. E eu tô entediada. E ansiosa.
Credo! Quanta lamentação né? Mas é verdade. Esse clima tá me transformando em uma velha rabugenta. Ou, numa criança impaciente. Ou uma mistura dos dois.
Mas, falando mais especificamente sobre EM, quando as pessoas me perguntam se tem alguma coisa que eu sinta sempre, que me lembre que eu tenho EM, fico meio sem graça de dizer que sinto dor todos os dias. Porque falando assim, parece algo muito penoso, muito triste, muito doloroso. Mas, a verdade é que a gente acaba se acostumando com algumas dores no dia a dia.
Há quem diga que ninguém se acostuma com coisa ruim. Eu acho o contrário. Dor neuropática (expliquei o que é aqui ó:http://esclerosemultiplaeeu.blogspot.com/2009/04/vou-apertar-mas-nao-vou-acender-agora.html) é um negócio ruim pra caramba, no entanto, me acostumei.
Mas, entretanto, todavia, contudo, ela vem em intesidades diferentes dependendo do dia. Tem dias que é só uma coceirinha. Assim como tem dias que dói até quando a roupa encosta na pele.
E adivinha quando que dói mais? Quando?Quando? Em dias com muita umidade ou muito frio.
Perfeito o tempo pra mim né: chuva sem parar e frio. Traduzindo: esses dias me dóem.
Não quero fazer desse meu cantinho um muro das lamentações. Mas, sei que tem uma galera esclerosada que se sente assim também e não sabe se é normal ou não é, se todos sentem ou não.
Acho que nem todos sentem essas dores, mas a grande maioria sente. O negócio é conversar com seu médico e ver alguma medicação que ajude a amenizar a dor.
Mas, com o tempo a gente se acostuma com ela, aprende a lidar com ela, o que pode fazer quando ela está mais fraca ou mais forte, e vai adaptando as coisas do dia a dia. É como a fadiga muscular que nos acompanha. Só descobrindo os limites é que a gente sabe até onde pode ir.
E não adianta. Odeio frio! prontofalei#
Pra "piorar", peguei um resfriado (sim, eu to pegando alguma coisa...hahaha). Aí, na semana passada, quando comecei a ter calafrio, dor de cabeça e etc., não sabia mais se era resfriado ou efeito colateral do Avonex. Que marravilha! :-P
E pros amigos que dizem: ah, eu gosto do frio, pra acender uma lareira, tomar chocolate quente, se enrolar num cobertor... Meu filho, então não é do frio que você gosta. Você gosta é de calor! Hehehehe
Vou ficar aqui, meio ranzinza, esperando pelo sol. Se alguém descobrir onde liga o sol, faizfavor de ligar?
Até mais!
Bjs

sábado, 17 de abril de 2010

Roupa íntima



Oi gentes, blz?
Estava agora há pouco fazendo minha leitura de banheiro (gibi, revista, etc.) e li uma matéria na Época que me fez pensar numa coisa que eu sinto e muito raramente conto a alguém.
A matéria era sobre o “escândalo” que foi a cantora/primeira dama/ linda Carla Bruni ir a um evento sem sutiã (soutien se você preferir). E na matéria dizia que não existe desculpa pras mulheres saírem sem sutiã hoje em dia. Pois eu tenho: eu sinto dor.
Sabe aquela tal dor neuropática (leia mais sobre ela aqui)? Pois é, tem dias que por conta dela fico com a pele hiper sensível. Aí, qualquer coisa que encoste dói. Então, imaginem o que é colocar um elástico em volta do corpo e mais dois elásticos sobre os ombros. Só pode doer mais né.
Esse é o tipo de coisa que quem não tem EM não deve entender muito bem. Então, faço o favor de explicar o que eu sinto. É como se a pele estivesse queimada de sol, mas queimada meeeesmo, vermelho camarão. Quem já ficou queimado assim sabe que qualquer coisa que encoste é dolorido, ardido, etc. Pois é isso que eu sinto com os dito cujo dos sutiã.
Já comprei do caro e do barato. Do com costura e sem costura. Com bojo e sem bojo. Com fecho e sem fecho. De algodão, microfibra e todos os tecidos que se pode imaginar. Todos machucam.
Às vezes eu saio sem (ainda posso). Outras vezes, eu uso. Senão, como diz na revista, estarei cometendo uma gafe para o mundo da moda...hehehe
Isso estava escrito na revista. Assim como estava escrito também que mulher que não usa sutiã está atiçando a imaginação erótica dos homens. Enquanto eu lia isso sentada no trono, ria sozinha. Vê se eu posso com isso. Não posso ficar me sentindo à vontade só porque os homens são uns animais tarados...hahahahahahaha
Achei isso muito engraçado. Mas quis contar pra vocês porque acho que é uma dificuldade que a EM nos traz e a maioria das pessoas não faz idéia de que isso existe.
Pra quem tem o mesmo problema que eu, sugiro fazer o que eu faço. Fique em casa sem sutiã e na hora de sair coloque um bem confortável. Eu não ganho nada pra falar bem de marca nenhuma, mas recomendo o sutiã da Trifil sem costura e sem bojo.
Ou então, saia por aí fazendo escândalos. Feliz de quem ainda pode andar sem sutiã sem que fique tudo caído...hehehe

Bom findi!
Até mais!


Em tempo: Amanhã minha querida amiga de infância (faz tempo hein) faz aniversário. Dona Fernanda Schultz, muitas felicidades pra ti hoje e sempre. Apesar de não te dar um abraço de verdade há anos, vai meu abraço e carinho virtualmente. Bjs

sábado, 25 de julho de 2009

Cansei de brincar

Oi amigos, td blz?
Eu sei que vocês devem ter se torrado o saco de ler aqui sobre dor. Mas como o blog é sobre a EM na minha vida, não posso omitir os fatos.
Infelizmente, hoje, com esse frio do cão que está fazendo, estou sentindo mais dor que no resto do ano inteiro.
Não sei o que dói mais, as pernas, os pés ou os joelhos. Também não sei se a dor é nos músculos, nas "junta" ou nos ossos, só sei que dói. Dói como se tivesse congelado tudo.
Não fico gemendo e fazendo cara de dor porque isso não faz com que a dor passe. Mesmo que algumas pessoas (pasmem, já me disseram isso) falem que, fazendo cara de sofrimento consegue-se maior solidariedade (talvez seja verdade).
Prefiro que pensem que eu estou mentindo sobre a minha dor do que ser uma chatonilda "Ai Ai Ai".
Mesmo assim, ontem chorei de dor.
Não quero mais brincar de frio, nem de dor. Cansei de brincar disso. Por favor, desliguem o frio pra mim?
Mas, se a vida é como diz na música, No pai no gain (não há benefícios sem dor/sacrifício), então, estou ficando no lucro. Quem sabe levo até um "vale" pra próxima vida... hehehe
Um ótimo final de semana pra vocês!
Até segunda!
Bjs
Em tempo: aproveitem o findi para curtir uma boa música. Cliquem aqui e confiram um som legal e votem nesses guris. Eles vão longe.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Vou apertar, mas não vou acender agora...

Oi amigos, como estão de feriado?
Eu estou em Porto Alegre hoje. Viemos (eu e família) passar a Páscoa na casa da tia Sol e passear um pouco.
Eu adoror viajar. Na verdade eu gosto de estar em diferentes lugares, porque viajar é um negócio cansativo. Quado chego ao destino estou cheia de "aiais". Dói a bunda de ficar sentada, os joelhos, as pernas, as costas e assim vai. Mas, sobrevivi a 4 horas no ônibus.
Falando em dor, vou contar pra vocês sobre dor neuropática hoje.
A dor neuropática é definida como " uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a um dano tecidual presente ou potencial, ou descrita em termos de tal dano.Os pacientes descrevem a dor neuropática como "ardente ou penetrante", podendo haver a presença de alodínia (dor aos estímulos táteis leves). Os pacientes queixam-se de dores recorrentes.
A dor neuropática manifesta-se de várias formas, como sensação de queimação, peso, agulhadas, ferroadas ou choques, podendo ou não ser acompanhada de parestesias de uma determinada parte do corpo ”.
Isso quem disse foi minha mamãe no artigo dela para a especialização em acupuntura. Que querida né, ela estudou para ver se diminui as minhas dores. É o amor.
Como eu tenho "sorte", a minha dor passou de neuropática para neurótica (hehehe) já que eu tenho todos os tipos de dor citados acima.
Não existe remédio para essa dor específica no Brasil, mas relaxantes musculares aliviam um pouco. Entretanto, existe um medicamento, o Sativex (http://search.live.com/results.aspx?q=sativex&mkt=pt-brz&FORM=TOOLBR&DI=2883&CE=14.0&CM=SearchWeb) que só é permitido no Canadá e os EUA (uso experimental) que funciona super bem e some com as dores (segundo estudos).
Porque não permitem sua venda no Brasil ainda?
Porque o princípio ativo dele é a Cannabis Sativa. Isso mesmo, vem da maconha, mas não dá larica. Provavelmente fumar maconha diminua a dor, mas acaba com os neurônios também. Com essa medicação se tem apenas o benefício terapêutico da planta. Afinal, deus não ia inventar uma planta que não servisse para nada né.
Um dia vou pro Canadá e dou um jeito de comprar e experimentar. Ou melhor, vou rezar para que esses falsos moralistas que não entendem lhufas de medicina e acham que o remédio vai nos levar pro fogo ardente do inferno parem pra pensar e autorizem a venda no Brasil.
Hoje eu deveria falar de páscoa, mas dexei pra amanhã.
Até mais.
Bjs