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quarta-feira, 6 de abril de 2016

Gratidão ou, do que é feita a minha felicidade


Oi gentes, tudo bem com vocês?
Por aqui tudo bem. E hoje quero conversar com vocês sobre Gratidão. Esse sentimento, que é muito mais do que uma palavra, que independe de credo, religião ou cultura e que faz parte do meu dia a dia em todos os momentos.
Em 2015 eu herdei da minha tia o potinho da gratidão. Depois de ter um enfarto em 2014, alguém disse pra ela que era importante lembrar os pequenos momentos de alegria para sermos gratos, e sugeriu o potinho. É muito simples, você pega um potinho ou caixinha e sempre que acontece alguma coisa que enche teu coração de amor e alegria, você escreve num bilhetinho e coloca no potinho. Comecei o meu em janeiro e terminei no último dia do ano... mas o potinho ficou pequeno. A cada dois ou três meses eu passava os bilhetinhos pra um saquinho e guardava em uma gaveta e começava a encher o potinho de novo.



Antes mesmo de ler esses bilhetinhos, cheguei a conclusão de que tenho muita alegria nessa vida e nos meus dias.
Em fevereiro, conversando com o Jota, ele me mostrou um vídeo, que me fez chorar litros. Antes de mostrar o vídeo (esse que tá aí embaixo), ele disse: eu sou como esse cara, todos os dias agradeço por ter minha esposinha, diversas vezes ao dia. Só isso já me emocionou. Mas agora veja o vídeo pra eu continuar contando... (sugestão: pegue um lenço antes)



Lindo né? Então, aqui em casa somos gratos por termos um ao outro. Enfim, ver esse vídeo me fez lembrar do meu potinho e bilhetinhos. Aí fui eu lá ler todos eles. Chorei mais uns litros. Tinha dias muito marcantes, como o dia que nós adotamos o Apum e o Tinho. Mas também alegrias triviais como ganhar um beijo inesperado, um cafuné, uma palavra, uma declaração de amor (vocês já leram a que o Jota fez pra mim na AME? Se não leram, leiam...é lindo demais!). Percebi que a maioria dos bilhetinhos eram de momentos vividos com meu melhor amigo, com meu namorado, com meu parceiro de todas as horas.
Além de momentos com ele, minhas alegrias todas são ligadas a pessoas... os dias na Mercur, passeios na redenção com a família, a chegada da Lara aqui em casa, encontrar velhos amigos, um telefonema inesperado, abraços importantes, pessoas que conheci e que hoje são um pedacinho do meu coração. Emails que recebi aqui no blog, comentários, etc. Minha felicidade é estar com pessoas. Minha felicidade está diretamente ligada a afeto. À gratidão.

Porque amigos fazem a diferença nos nossos dias


sonhos compartilhados...

muito amor envolvido nessa relação 

Eu ia escrever esse post antes, mas, na mesma semana em que eu li os bilhetinhos, encomendei um pingente muito especial, do Cantinho dos Cadeirantes:

E ele chegou ontem. Ele é especial porque a pessoa responsável pela maioria dos meus momentos de alegria, precisa de uma cadeira de rodas. E precisar dela não é motivo pra tristeza. Meu coração está com alguém que anda sobre rodas e agora eu posso andar com isso estampado no peito. Obrigada Carol pela linda ideia desses delicados pingentes. São muito mais que jóias.
Obrigada amigos, por fazerem meus dias mais alegres. E, fica a sugestão pra você que acha que a vida tá ruim: faz um potinho da gratidão! Você vai ver que a felicidade não está em ganhar na loteria, mas em ver uma flor nascer no seu jardim, o tomate dar frutinhos, o gatinho fazer uma arte, um sorriso de um anônimo na rua.
Até mais!
Bjs

p.s.: não se preocupem, não vou andar com correntinha no centro de Porto Alegre...hehehehe
p.s.2: quem quiser comprar o seu pingente, curte a página do Cantinho no facebook e manda uma mensagem pra Carol que ela envia pra todo Brasil.



sexta-feira, 18 de julho de 2014

Olhai os Lírios do campo

Oi queridos, tudo bem com vocês?
Hoje quero apresentar a minha nova tatuagem, feita ontem pelo meu primo e talentosíssimo designer, ilustrador e tatuador, Vinícius!



É na parte interna do braço direito (naquele gordinho que tem no braço, sabe?).
Desde o ano passado que eu queria fazê-la. Mas aí eu tive surto ano passado. E tive pulsos. E fui deixando pra um momento mais apropriado.
Essa tatuagem, assim como minhas outras, são "lembretes", pra que eu não esqueça do que realmente importa na vida.
A minha primeira eu já expliquei aqui (http://esclerosemultiplaeeu.blogspot.com.br/2010/08/tatuagem-episodio-2.html) é um galho de flor de cerejeira, com as minhas duas flores: mamãe e Renata. A flor de cerejeira nos lembra da beleza e da finitude.
Já a segunda, eu fiz junto com minhas almas gêmeas mamãe e Raquel: http://esclerosemultiplaeeu.blogspot.com.br/2011/07/amor-infinito.html, para lembrar nosso amor infinito.
E essa é pra lembrar um sentimento que tenho dentro de mim e que, mesmo as pessoas tentando tirar, não conseguem: a certeza de que tudo dará certo!
Na verdade ela é inspirada na passagem do evangelho de Mateus, que diz:
"Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?
Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?
E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? OLHAI PARA OS LIRIOS DO CAMPO, como eles crescem; não trabalham nem fiam;

E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.
Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?
Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?
Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas;
Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal."


Eu sei que preciso trabalhar, ganhar dinheiro, pagar minhas contas. Mas tenho uma certeza louca, dentro de mim, de que nada me faltará. Acredito que aquilo que tenho e que deixo de ter fazem parte da minha vida. E me preocupo em fazer bem as coisas hoje, não amanhã, porque nada sei sobre amanhã. Claro que não sou louca de não me programar pro futuro, mas não perco o sono e a tranquilidade com isso, porque cada coisa vem a seu tempo e sofrer por antecipação não me parece muito saudável. 
Assim como não me parece saudável viver sozinho, só pra ganhar dinheiro e esquecer de quem tá do seu lado. O que realmente importa, pra mim, não é o destino nem a chegada, mas as relações que fazemos nos caminhos que trilhamos.
Ah, e não, não doeu nada. Acho que meu limiar de dor já tá em altíssimo nível. Tá doendo hoje, como se tivesse um grande hematoma, mas pra fazer só senti cócegas quando chegava perto do sovaco...ehehhehehe
Até mais!
Bjs

Em tempo 1: minha neuro vai sapatear quando ver que eu fiz mais uma...ehhehehe
Em tempo 2: o Vini tatua em Santa Maria. Interessados, deixe um comentário ou entre em contato com ele pelo facebook:
https://www.facebook.com/nicoilustras?fref=ts
https://www.facebook.com/trezetatuaria

domingo, 20 de abril de 2014

Muita doçura nessa páscoa!!!

Oi queridos, tudo bem com vocês?
E hoje é o domingo mais doce doce doce do ano! Hoje é domingo de páscoa. Pelo menos pra quem é da religião católica é. E quem não é católico aproveita a deixa pra se entupir de chocolate, que é bom demais!
Tava aqui pensando sobre o que falei nas outras páscoas, e gostei de relembrar o que escrevi em 2010, que, por sua vez, lembrava o que escrevi em 2009: http://esclerosemultiplaeeu.blogspot.com.br/2010/04/coracoes-mais-doces.html.
E mais ou menos continuo dizendo a mesma coisa. Não importa se está se comemorando a ressurreição de Jesus (isso para algumas religiões cristãs), a libertação dos judeus no Egito (para os judeus) ou o início da primavera e, portanto, da fertilidade (alguns povos orientais e escandinavos também). O que é importa é que nos unamos para comemorar a vida.
Eu gosto muito de pensar na Páscoa com o significado de vida e de passagem. Porque a vida para mim é constante transformação, mudança, portanto, passagem.
Estamos sempre passando de uma fase à outra. Vivemos um dia por vez, planejando, mudando, significando e ressignificando coisas com o passar do tempo, das pessoas e das experiências.
Viver é dar um passo de cada vez. É caminhar sempre. Não importa pra onde. Porque o que importa não é necessariamente para onde se vai nem onde quer se chegar. Mas que caminho se percorre, com quem andamos junto nesse caminho e como escolhemos fazer essa caminhada. Se escolhemos reclamar das pedras que encontramos ou se preferimos apreciar a passagem, mesmo que os pés estejam doloridos e o corpo cansado.
Por mais difícil que possa ser a vida, quando olho para os lados e vejo as pessoas que amo e que me acompanham nessa jornada, quando olho tudo que conquistei, com tudo que quero conquistar e tudo que tenho e que nem nos meus melhores sonhos seria tão bom, só posso pensar que continuar caminhando é a melhor coisa que posso fazer. Que essas passagens, grandes ou pequenas, são o que fazem a minha vida ser a minha vida. E como sou grata por tudo isso!
A Páscoa, essa data em que eu comemoro a vida, a passagem, a renovação, é para mim uma data de gratidão.
Espero que seja para vocês também. Independente de religião. Porque não se precisa de religião para ter fé e esperança. Para desejar coragem para continuar. Para ter amor e compaixão todos os dias.
Então, hoje, nessa Páscoa, desejo a todos vocês, meus amigos de caminhada, que o amor se renove, a esperança floresça, a coragem acompanhe e a doçura dos chocolates adocem nossas palavras e ações!
Até mais!
Bjs

p.s.: adorei essa tirinha sobre páscoa. Acho a melhor mensagem de páscoa de 2014:

http://www.umsabadoqualquer.com/1054-pascoa/
hahahahahahah

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Viver com a esclerose é o próprio obstáculo


Oi gentes, tudo bem com vocês?
Comigo tudo ótimo. A temperatura no mundo tá mais agradável e tô juntinho do meu amor. A fadiga tem me pegado forte no meio da tarde. Mas sobre minha fadiga eu escrevo outra hora porque desde ontem estou para escrever para uma moça que me pediu uma ajuda pra um trabalho acadêmico sobre EM.
Pensei no que escrever e resolvi que queria compartilhar com todos o que ela me pediu.
Bem, ela me escreveu mais ou menos o seguinte quando perguntei o foco do trabalho:
O trabalho é acerca de doenças autoimunes e eu estou explorando esclerose múltipla, lúpus e doença celíaca. 
À medida que estava a aprofundar a EM deu-me a sensação que desconheço por completo o que deverá ser ter essa doença, por isso queria incluir um relato, que poderá ficar em anônimo, duma pessoa que tem mesmo a doença e os maiores obstáculos com que se depara. Se por acaso sentir que há algum preconceito na nossa sociedade associado aos doentes de EM, poderá também falar acerca disso!
Ela já havia mencionado que sabia um pouco sobre os sintomas da doença e tal. E seu email me chamou a atenção pro fato de que todos estamos cansados de saber, na ponta da língua o que é a EM e seus principais sintomas. Aqueles dados que têm em qualquer site ou folheto sobre EM: A esclerose múltipla é uma doença do sistema nervoso central que mais atinge jovens adultos e blablabla... que tem sintomas dos mais variados do tipo blablabla... que pode acarretar em sérias deficiências e exige cuidados e blablabla... que não tem cura mas hoje existem diversos tratamentos e mais blablabla.
Não quero dizer que isso não é importante. Claro que é! Quanto mais informações tivermos sobre a EM, melhor para nós. Temos que entender minuciosamente essa doença que nos ataca de forma inesperada e que faz parte do nosso dia a dia. 
Mas a verdade é que queremos saber como é viver com ela. Queremos relatos de pessoas que a conhecem e vivem com ela todos os dias há um dia, há um mês, há um ano, há tanto tempo que parece uma vida inteira. 
Porque uma coisa é dizer que x números de pessoas vivem com a doença e que ela pode ter x sintomas. Outra coisa é você falar com uma pessoa que convive com ela. É você ouvir a pessoa dizer que tem fadiga e dor todos os dias há 14 anos e achar impossível que ela viva isso e seja feliz. Pois eu posso dizer que essa pessoa sou eu. 
Há alguns dias, conversando com outras pessoas com EM, uma delas me disse: você não pode dizer que está mal ou que é difícil, porque assim os recém diagnosticados vão achar que é difícil, fora que eu não acredito nisso, olha só pra você, está aí feliz, sorrindo. 
Fiquei chocada com o comentário! Uma pessoa com EM, que vive com ela e sabe de suas dificuldades e que não sabe o tamanho da dor que eu sinto acha que pode me julgar. Acha que a minha aparência é boa demais pra quem tá sofrendo. Como se sofrimento tivesse rosto. E, o pior, acha que eu não posso falar que é difícil. Descobri que é possível sofrer sorrindo, e ser feliz com dor. Que pena que algumas pessoas não entendem. 
Pois então, começando a responder a pergunta do trabalho de Madalena, sim, é difícil. É muito difícil! Tem dias que dá vontade de jogar tudo pro alto. Mas como diz uma piadinha que rola por aí, não jogo tudo pro alto porque eu teria que juntar tudo do chão depois. E aí, seria trabalho demais pra alguém com fadiga intensa, dor, dificuldade de locomoção, falta de motricidade e de força muscular. 
É verdade que a gente aprende muito com a doença. Mas aprende porque não tem outro jeito.
A EM exige inúmeras (senão infinitas) mudanças em nossas vidas. E são mudanças e adaptações diárias. Porque não há como prever como será o dia. Não dá para imaginar que se um dia foi bom estamos em uma fase boa que durará um tempo. Às vezes dura mesmo dias, meses. Às vezes é só um dia bom. E se acostumar com isso é um processo complicado. 
É complicado ter uma companheira que definitivamente quer nos ver no chão. É difícil domar a EM. 
E há como domá-la? Há sim. Não completamente, mas há formas de conviver bem com ela. 
É necessário descobrir o ritmo do seu corpo. E esse ritmo varia dia a dia. 
É necessário adaptar toda a sua casa e sua rotina às suas necessidades.
É necessário entender que você precisa de ajuda para fazer atividades antes relativamente simples.
É necessário estar atento a todos os sinais do seu corpo.
É necessário entender que você não é o dono da situação. Não é você quem decide o que pode ou não fazer. Mas você pode decidir como passar por essa condição de impotência. 
É necessário saber que movimentar-se, ao contrário do que sempre você achou, não é algo natural. Que muitas vezes, pra mexer um braço, ou uma perna, ou mesmo a cabeça, você terá que pensar em como fazer com que cada milimetro do seu corpo se movimente. E como é complicado compreender que seu corpo é assim tão frágil!
Madalena me perguntou quais os maiores obstáculos de viver com a esclerose múltipla. Bom, eu acho que todos os sintomas da doença são terríveis. São limitantes. E acho que a imprevisibilidade de quando ela vai atacar com mais força também é assustadora. Então, talvez o maior obstáculo seja entender que a doença te tirou o poder de quando fazer as coisas. Tem muito a ver com o posto que escrevi há alguns dias "Quando a esclerose me tirou o quando". 
E é por isso que, de algumas pessoas a EM tira a capacidade de sonhar. Porque torna-se difícil planejar. 
Eu nunca deixei de sonhar (e sonhar alto e grande) porque a EM não me tirou a capacidade de me adaptar. 
Porque eu entendi que se eu precisasse usar uma cadeira de rodas para me locomover, eu usaria, mas jamais iria parar completamente. Eu entendi que adaptações seriam necessárias. E não só adaptações físicas, mas psíquicas também. 
E assim eu fui reinventando (ou seria inventando...ou seria construindo) a minha identidade com a doença. Minha identidade não é a doença, mas há muito dela na minha identidade. 
Madalena disse que percebeu que desconhecia por completo o que é ter essa doença. Não se culpe, todos desconhecem até tê-la. E mesmo quem convive com a gente não consegue entender o que a gente sente.
Talvez o grande sofrimento de quem tem o diagnóstico seja o medo do desconhecido. Ao conhecermos melhor com o que estamos lidando, as coisas ficam menos pesadas. Ter informação de qualidade sobre a doença é importantíssimo para conviver melhor com ela. Mas para conhecer mesmo o que é ter essa doença, só há uma forma, e que eu não desejo pra ninguém, que é tendo ela. 
Entretanto, apesar de ser impossível compreender o que é tê-la, é possível entender o que ela é, como ela nos afeta (física, psíquica e emocionalmente) para que possamos ter uma vida mais digna, mais tranquila em sociedade.
Há sim um estigma muito forte em relação a doença. E há muito preconceito. E há muita falta de compreensão. E isso tudo junto provoca muitas vezes outros problemas que não são inerentes à doença, mas, por conta de uma sociedade que não aceita pessoas diferentes, com deficiências e doenças, acabamos tendo, como o isolamento social, a depressão, a baixa auto-estima, um sentimento de inferioridade. 
Acho que isso tem a ver também com o que eu escrevi no post recente "É normal que tudo mude". Porque as coisas mudam demais quando temos uma doença como essa. E as pessoas que estão a nossa volta também. E, ao contrário do que muita gente diz, que depressão é um sintoma da EM, não é não. A depressão é uma outra doença que quem tem EM pode ter por conta do comportamento social dela e dos outros. Como alguém que não é compreendido por amigos e familiares, que não tem a ajuda necessária para tarefas básicas do dia a dia como alimentar-se e tomar banho, que perde o emprego e não consegue outro porque ninguém quer empregar alguém com uma doença e muito menos adaptar local de trabalho, horários e rotinas, que não pode falar o que sente porque todos o condenam como alguém fraco e sem coragem vai ficar feliz e sorridente? Não dá né?
E mesmo quem tem família e amigos que apoiam, boa condição financeira, pouca deficiência e vive num ambiente adequado, as vezes se isola porque o fato de ter que se adaptar e aceitar um corpo doente diariamente é algo extremamente difícil, complicado e penoso. 
Eu sei que parece meio deprê dizer tudo isso. Mas se eu não falar que é assim, estarei mentindo. 
E ser assim não impede a gente de ser feliz, de viver bem, de se divertir, de produzir muita coisa legal, de sonhar, de realizar sonhos.
O maior obstáculo de viver com a esclerose? É justamente viver com ela e não por e para ela. Os sintomas são ruins, a imprevisibilidade da progressão é pracabá e o grande obstáculo é aprender a viver com tudo isso em um mundo que não dá valor a pessoas com doenças, que te trata como um ser humano de segunda categoria, que acha que você está no lugar errado.
Bom, não sei se consegui responder, porque a verdade é que como cada dia é diferente, cada dia eu diria uma coisa diferente também. E é por conta dessa inconstância que eu já escrevi 724 textos aqui no blog, para tentar explicar o que é viver com a EM todos os dias. 
Facilitando um pouco (porque são textos demais), selecionei 6 textos pelos quais eu tenho um carinho especial e que conta um pouco do que eu sinto e da minha trajetória com a EM também:
1. Fala no encontro do Dia Mundial da EM em 2013:
http://esclerosemultiplaeeu.blogspot.com.br/2013/05/o-encontro-do-dia-mundial-da-em-foi-show.html
2. A arte de ser uma diva: http://esclerosemultiplaeeu.blogspot.com.br/2013/02/a-arte-de-ser-uma-diva.html
3. Como lidar com o diagnóstico: http://esclerosemultiplaeeu.blogspot.com.br/2014/01/como-lidar-com-o-diagnostico.html
4. Ser feliz é melhor que ser normal: http://esclerosemultiplaeeu.blogspot.com.br/2013/05/ser-feliz-e-melhor-que-ser-normal.html
5. Há mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça: http://esclerosemultiplaeeu.blogspot.com.br/2013/05/ha-mais-estrada-no-meu-coracao-do-que.html
6. Eu apenas queria que você soubesse: http://esclerosemultiplaeeu.blogspot.com.br/2013/08/eu-apenas-queria-que-voce-soubesse.html
Não é preguiça de escrever não viu... mas como eu já disse tudo isso, acho que vale a pena reler. Eu reli todos e continuo concordando comigo. Espero que vocês também.
A proposta agora é ajudar a Madalena com seus comentários aí embaixo do post, tentando responder o que é pra você o maior obstáculo da EM. Quem aceita o desafio? (Estou curiosíssima pra ler).
Ah, e Madalena, pode usar o meu nome verdadeiro no teu texto, porque o que falta para as pessoas entenderem as doenças é justamente entender que elas não existem sozinhas, elas existem porque uma pessoa, com nome próprio e muita vida a possui. Precisamos falar de doenças falando das pessoas que as tem, porque não existe "doença em si". 
Até mais!
Bjs

p.s.: essa semana vai ser corridíssima, mas eu to "de volta" antes mesmo do carnaval. Algumas coisas importantes serão decididas, resolvidas nos próximos dias, então, peço que torçam por mim e por nós, porque se der certo, garanto que todo mundo vai sair ganhando ;)

sábado, 13 de julho de 2013

Porque um dia todo mundo vai...

(ou porque todo mundo vai um dia...)
Oi gentes, tudo bem?
Por aqui tudo ótimo! Vovó já tá quase pronta pra voltar pra casa, então respiramos mais aliviados.
Faz dias que penso em escrever sobre um tema que me "perseguiu" nas últimas semanas: a morte. Não, eu não tive nenhuma experiência de quase morte ou susto ou qualquer coisa do gênero, mas o tema morte foi recorrente e queria dividir com vocês.
Primeiro foi um post no face, de alguém perguntando "e se esse fosse o último ano da sua vida?". Eu li aquilo, fiquei pensando numa resposta e cheguei a conclusão de que eu mudaria muito pouco a minha vida se eu soubesse que iria morrer dentro de um ano. Porque, sinceramente, eu faço só o que eu gosto. E mesmo quando as coisas ficam mais difíceis ou mais pesadas, eu continuo fazendo porque eu acredito nas coisas que eu faço. Então, eu não faria muita coisa diferente só porque iria morrer. A única coisa que eu mudaria seria o seguinte: ia torrar a minha poupança viajando. Porque de nada vale viver um ano sem poder estar na companhia das pessoas que a gente gosta. E como eu teria certeza de que não precisaria da grana depois de morrer, podia torrar sem me preocupar com a falta dela mais tarde...
Bom, aí conversando sobre isso com uma amiga, ela me enviou o link desse vídeo:

Os cinco arrependimentos mais comuns das pessoas que estão em estado terminal. Eu vi e entendi um pouco do porque eu não tenho vontade de mudar radicalmente nada na minha vida.
Achei bem legal, principalmente a parte que a geriatra diz que "quando você deixa de fazer o que é importante pra você pra fazer o que é importante pra outra pessoa, esse tempo não volta". E isso eu aprendi já faz algum tempo. Que eu não posso agradar a todos e deixar todo mundo feliz, então, mesmo que pareça um pouco egoísta, trato de me fazer uma pessoa feliz, porque assim eu vou ter algo de bom pra oferecer pros outros também.
Além disso eu falo tudo que eu sinto. Falo até demais as vezes. Mas nunca me engasguei com palavras trancadas na garganta. E eu trabalho com o que eu gosto. Então, acho que isso me facilita a vida.
Bom, essa foi a "chegada da morte" n.1. Depois disso eu fui numa aula em que uma colega apresentou um trabalho sobre um documentário que eu gosto muito (quem ainda não viu, eu recomendo): Nós que aqui estamos, por vós esperamos.

Além do documentário ter uma produção incrível e uma trilha linda, ele dá muito o que pensar. Fora as questões acadêmicas, filosóficas, sociológicas, sempre que eu vejo, fico pensando em que conjunto de 3 ou 4 frases vão resumir minha vida depois que meu corpo se for. Vão lembrar da Bruna pela carreira profissional, pela vida em família, pelo gosto dela por bolinhas de sabão, pela nega maluca que ela fazia, pelo blog que ela teve, pelos amigos que fez, pelas bobagens que disse, pelas coisas que ela curtia no facebook... Não tem como ver esse filme e não pensar em si mesmo. A piada na aula foi que, futuramente as pessoas não terão epitáfios, mas o link do face e o link do Lattes... hehehehe. Mas até com a piada eu fiquei pensativa, porque, afinal, nem um quinto do que eu sou está nas redes sociais, blogs e currículos...
Um dia depois de rever o documentário, a chegada da morte n.3 foi no hospital. E dessa vez foi mais punk. Eu estava no corredor de uma área de exames (onde eu não deveria estar, mas eu fui pra ajudar a vó e acabei ficando ali mesmo, meio perdida) aguardando a vó sair do exame quando um senhor, que estava fazendo um exame naquela ala começou a passar muito mal. Todos os médicos do setor foram atendê-lo. Correria total, médicos gritando, enfermeiras chamando mais gente e... bom, ele morreu ali, na minha frente. Enquanto a correria acontecia, eu fiquei rezando: rezando por ele, pela equipe médica e pelos familiares que logo logo teriam que lidar com a falta e a saudade de um ente querido.
Depois que as pessoas se acalmaram no setor, voltaram a fazer os exames e eu continuei ali, aguardando. Um pouco zonza com tudo aquilo. Mas aí tiraram um menino da sala de exames e deixaram ele (na maca) no corredor. Não devia ter mais que 12 anos e estava dormindo. Deve ter dormido durante o exame. Pela falta de cabelos e como ele vinha do Hospital Santo Antônio, julguei que ele tinha algum tipo de câncer. Fiquei olhando pra ele e pensando "como é que deixam uma criança sozinha aqui?". Nisso o menino abriu os olhos, um pouco assustado, me olhou e perguntou: eu morri?
Cheguei mais perto, peguei na mãozinha dele e disse que não, que ele tinha ido fazer um exame e que já já iam levar ele pro quarto dele. Ele tentou arrancar os acessos de soro, mas eu segurei e expliquei que não podia. Fiquei com dózinho por ver uma criança com medo de acordar e ter morrido. E fiquei muito puta com a equipe responsável do hospital por deixar a criança ali sozinha. Já imaginou se ele acordasse sozinho? No fim eu tava no lugar errado (porque familiares não podem ficar ali), mas tava no lugar certo :P
Sim, a morte me perseguiu nesses dias. Mas pra me mostrar o quanto eu tenho uma vida feliz. O quanto a minha vida é um presente. E o quanto eu realmente vivo, não apenas existo. Porque se é pra ocupar espaço nesse mundo, que seja pra fazer alguma coisa.
Bom, o post não tem nada a ver com EM. Mas ao mesmo tempo tem tudo a ver né, afinal, quem nunca pensou: nossa, eu tenho EM, a partir de agora vou mudar minha vida. E eu conheço muita gente que mudou para muito melhor. Já que ter EM é uma droga, que ela sirva pelo menos pra gente ter noção da fragilidade dos nossos corpos, da finitude dos movimentos e dessa vida. E se esse corpo tem um fim, que façamos o período em que ele está vivo valer a pena.
Até mais!
Bjs

frase em um túmulo no cemitério da Recoleta - Buenos Aires


p.s.1: sobre EM e expectativa de vida eu escrevi aqui: http://esclerosemultiplaeeu.blogspot.com.br/2012/05/como-assim-sobrevida.html
p.s.2: quando eu morrer, me cremem que eu não quero ficar ocupando espaço aqui não ; )


terça-feira, 7 de setembro de 2010

Vida

Oi amigos, tudo bem com vocês?
Hoje consegui parar em casa pra ler os emails, comentários e mensagens recebidas em decorrência da matéria no ZH, e estou emocionada com tamanho carinho. Muito obrigado mesmo!!!
Mas vou contar como fomos parar lá no jornal.
Na segunda-feira da semana passada, a Kamila, jornalista do ZH me ligou, pedindo uma entrevista porque faria uma matéria no caderno Vida, que sai todo sábado e é sobre saúde. Claro que aceitei, afinal, quanto mais falarmos de EM nos grande meios de comunicação, mais pessoas saberão o que é.
Me assustei na hora que ela disse que fariam fotos... sabe como é, adoro fotos, mas dos outros, não de mim, hehehe.
Enfim, na terça-feira fui ao Parque da Redenção com o fotógrafo do jornal (Tadeu Vilani) pra fazer as fotos. Como uma das coisas que mais gosto em mim é o sorriso, levei minha equipe de apoio: mamãe, Raquel e Renata, pra me fazerem rir naturalmente na hora das fotos. Deu certo. Nos divertimos muito e as fotos ficaram ótimas. Claro, fotógrafo bom faz milagres né.
E antes que me perguntem:, não, eu não sou nerd o suficiente pra levar meu notebook prum parque lindo e arborizado. Foi só pra criar um clima...hehehe
E explicando o que eu estava fazendo no momento da foto: jogando paciência spider... ou vocês acham que eu ia conseguir fingir que estava fazendo alguma coisa? Hahahaha
Fiquei super ansiosa até ver o jornal impresso no sábado. E gostei do resultado. Aliás, a entrevista com a Neiva, que eu ainda não conheço, também ficou muito legal. Parabéns pra ela e pra família linda dela que a apoiou!
Bom, coloquei hoje duas outras fotos feitas pelo fotógrafo de ZH, e que não foi publicada, mas eu curti, principalmente por saber que, na foto sem o computador, minha prima e minha irmã estavam dançando e cantando uma música que inventamos quando éramos crianças, o que explica o riso solto...hehehe. Na com o computador, eu estava jogando paciência spider...hehehe
Pois é gente, aos poucos a gente vai dominando o mundo!
Ah, e a propósito, saímos no caderno que tem o nome mais apropriado para o blog: Vida
É isso que queremos, viver muito e muito bem!
Até mais!
Bjs

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Tatuagem - episódio 2

Sakura

E aí gente, blz?
Bom, ainda não tenho as fotos da minha sessão de tatuagem pra mostrar pra vocês. Mas vou adiantar o que é. Fiz um galho de Sakura, ou seja, um galho de cerejeira em flor.
A flor de cerejeira é considerada a flor símbolo do Japão. Mas porque uma flor símbolo de um país que eu não conheço e nem tenho descendência?
Primeiro, porque é uma flor linda. Segundo, pelo significado que ela tem. A flor de cerejeira é considerada a maior manifestação de beleza na cultura japonesa. A florada da cerejeira é um acontecimento nacional. Nessa época o Japão entra em festividades para apreciar a flor. Isso, porque a Sakura tem poucos dias de floração. Durando no máximo uma semana. 
A Sakura nos lembra o quão passageira é a nossa vida. E que temos que fazer dela um espetáculo. Temos que lembrar todos os dias que precisamos viver o presente ao máximo e apreciar todos os momentos, porque logo a nossa florada aqui na terra acaba.
Digamos que é uma lembrança de que todos vamos morrer (fisicamente) um dia. E por isso não devemos desperdiçar nenhum momento da nossa vida.
Não é por acaso que a Sakura é símbolo também dos Samurais, que tinham uma vida tão curta quanto a da Sakura. Segundo o que me disseram, um dos "mandamentos" dos Samurai é: hoje é um bom dia para morrer. O que não deixa de dizer que hoje é também um bom dia para se viver. 
Essa filosofia combina comigo. 
Aos que entendem mais sobre essa cultura, por favor, comentem. 
O desenho ficou lindíííísimo. Amanhã eu mostro pra vocês. Sem falta!
Até mais!
Bjs

sábado, 3 de abril de 2010

Corações mais doces

Oi amigos, blz?
Estava pensando no que escrever sobre a páscoa, já que amanhã comemoramos ela.
Sempre soube que coelhos não colocam ovos. Muito menos de chocolate. E sempre acreditei na vida eterna, então, Jesus Cristo ter ressucitado ou não, não faz muita diferença.
Uma das visões que eu tenho da páscoa desde a minha infância é que é uma data muito triste, que mostra o quanto conseguimos ser cruéis e injustos. Por isso, comemos tanto chocolate. Pra tentar adoçar nossos corações.
Sei que não é normal uma criança pensar dessa forma. Mas fazer o que se essa era minha visão? E na verdade, continua sendo.
Por isso, espero realmente que todos possamos tornar nossos corações mas doces e mais dóceis. Que possamos olhar para dentro de cada um de nós ao invés de julgar as atitudes dos outros. Que possamos nos reunir em família e compartilhar o amor que sentimos uns pelos outros. E que esse amor se espalhe por todos os lugares.Feliz Páscoa!
Mil bjs!

Em tempo: reli a mensagem do ano passado, e gostei tanto do que tinha escrito, que resolvi colocar um link aqui pra vocês lerem também: http://esclerosemultiplaeeu.blogspot.com/2009/04/feliz-pascoa.html

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Tristeza no início do ano

Oi amigos, blz?
O ano começou com algumas tragédias aqui no Brasil. Impossível não falar das chuvas e desmoronamentos desses últimos dias.
Ontem ainda me perguntaram se aqui no Sul estava chovendo muito e eu disse que não, estava tudo bem. Estava, porque agora estradas estão interditadas, pontes caíram e pessoas perderam suas casas.
Ligamos a TV e a cada noticiário aumenta o número de pessoas encontradas mortas, soterradas. Não sei como viverá o homem que dava entrevista ontem, que perdeu 11 familiares e muitos amigos com tudo isso.
Entretanto, essas mortes foram causadas por desastres naturais ou forças da natureza. Coisas que dificilmente podemos prever ou evitar (mais uma prova de que devemos cuidar melhor do nosso planetinha). Mas o que me deixa pasma, terrivelmente pasma, é abrir o jornal e ler que, do primeiro dia do ano até o último domingo, em apenas 3 dias, 43 pessoas foram assassinadas só no estado do Rio Grande do Sul.
Não consigo acreditar nisso. Pais que matam filhos, filhos que matam pais, irmãos, vizinhos, etc. A maioria dos casos não tem nada a ver com tráfico de drogas ou brigas de gangues. A maioria dessas mortes ocorreu no lar dessas pessoas, feito por pessoas do mesmo sangue. Brigas banais mais umas doses de álcool resultaram em muitas mortes.
50 pessoas morreram em um acidente natural e trágico, e eu sinto muito pela perda dessas famílias. Mas sinto muito mais essas 43 mortes causadas pela maldade humana.
Vendo esse tipo de coisa, percebo que não sou doente coisa nenhuma. Doentes são essas pessoas cruéis, sem coração, sentimentos e amor.
Eu posso ser doente do corpo, mas prefiro ter esse tipo de doença do que ser um desses doentes da alma.
Até amanhã!
Bjs

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Que venha 2010


Oi gentes, blz?
Esse é o último post de 2009. E o que dizer hoje?
Primeiro quero agradecer a todos por fazerem parte da minha vida, me ensinando, me ajudando e me dando tanto carinho. Isso é bom pra caramba!
Vem aí um novo ano: 2010.
Muita gente já separou a roupa pra passar a virada, com a cor da sorte e seus patuás.
Eu não consigo parar de pensar nas mudanças que vão acontecer nesse ano que está por vir.
Na verdade, bem na verdade, nada muda, afinal, os dias continuarão tendo 24h, o mês 30 dias e o ano 365 dias. Eu vou continuar sendo eu e você continuará sendo você.
Mas é incrível como um dia no ano, regado a champagne e fogos de artifício mexe com todo o mundo, com aquilo que queremos pra gente.
E aí nos perguntamos: como será o amanhã?
O seu amanhã eu não sei, mas o meu, tenho certeza de que será muito feliz. Como tenho essa certeza? Aprendi que não importa a rasteira que a vida nos dá, o importante é levantar e seguir em frente com um sorriso no rosto e sem mágoas.
Me sinto feliz por entrar 2010 sem mágoas, rancores e tristezas, apenas com amor e felicidade no coração.
2010 será um ano de muitas possibilidades, porque, como já disse por aqui, o impossível só existe na cabeça dos acomodados.
Vou deixar, como "mensagem de final de ano" um pedaço de uma música que eu gosto muito e sempre lembro nessa época do ano:
"Viver! E não ter a vergonha de ser feliz
Cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz...
Eu sei, que a vida devia ser bem melhor e será

Mas isso não impede que eu repita: é bonita, é bonita e é bonita...
E a vida, ela é maravilha ou é sofrimento?

Ela é alegria ou lamento?O que é? O que é?Meu irmão...
Há quem fale que a vida da gente é um nada no mundo, é uma gota, é um tempo que nem dá um segundo...
Há quem fale que é um divino mistério profundo, é o sopro do criador numa atitude repleta de amor...
Somos nós que fazemos a vida como der, ou puder, ou quiser...
Sempre desejada por mais que esteja errada ninguém quer a morte

Só saúde e sorte..."

Em 2010 seja o ator principal da sua vida. Lembre-se que depende de você, e só de você ser mais feliz ou mais triste no ano que está por vir. Não culpe os outros pelas suas frustrações, decepções ou tristezas. Não use uma doença como desculpa para não viver.
Não importa se você não é o galã lindo e saudável. Às vezes, o papel que você acha que é secundário é o mais importante para a história. E se você se esforçar, pode ter mais sucesso na empreitada do que aquele que é saudável e nada faz.
Uma boa virada de ano para todos nós!
E que 2010 chegue logo, com tudo o que tem para acontecer e tudo o que nós vamos fazer acontecer!
Até segunda-feira!
Bjs

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Usando as mãos

Oi amigos, blz?
Ontem à noite participei da conferência com o escritor Guillermo Arriaga e fiquei pensando o tempo todo em vocês, querido amigos que leem o blog, comentam, mandam e-mails, etc.
Arriaga é um mexicano cinquentão, bonitão e um "crânio". Foi ele que escreveu os filmes Babel, 21 gramas e Amores Brutos. Um gênio, não é?
Pois bem, após falar lindamente sobre arte, tecnologia, cinema e literatura e de contar um pouco sobre sua vida, cheia de emoções, Arriaga respondeu às perguntas do público. E foi aí que a coisa "esquentou".
Uma das perguntas que chegou ao palco pedia porque ele sempre falava sobre a morte. Porque seus romances e filmes trabalham tanto com a temática da morte.
Resposta fenomenal: Primeiro, porque todos que estão aqui vão morrer um dia. E, porque falar da morte é falar que há um fim. E, se há um fim, temos de viver uma vida plena todos os dias. Se negarmos a morte, negamos a vida. Então, falar da morte é, na verdade, falar de vida.
Achei isso fantástico. Vivemos negando nosso fim, nossos problemas, nossas dores e cicatrizes. Segundo o autor, ficar careca, ter celulite, ter rugas e etc. são coisas para se orgulhar. São essas pequenas (ou grandes) cicatrizes que contam as nossas histórias, que contam quem somos, o quanto vivemos, aproveitamos, fomos felizes ou tristes. Nossas cicatrizes fazem parte de nós. E, ainda que não gostemos tanto delas, fazem parte da nossa história.
Para terminar, vou sugerir o exercício que Arriaga fez conosco ontem.
Olhe agora para suas mãos.
Mas dê uma boa olhada mesmo.
Olhou?
Pois bem, essa suas mãos serão um dia as mãos de um cadáver.
Mórbido? Nem tanto. Afinal, todos morremos.
Mas o importante desse exercício é olhar para suas mãos e pensar o que você está fazendo com elas enquanto ainda se movem e tem vida.
Você fez algo de bom com elas? Construiu algo para se orgulhar? Acariciou a pele das pessoas que você ama?
Vamos aproveitar o tempo que temos aqui. Com nossas cicatrizes e perebices todas.
A EM não me impede de fazer dessas mãos um instrumento útil. Aposto que as suas também podem (e devem) ser instrumento da construção de uma vida melhor, da realização de sonhos e desejos.
Até amanhã!
Bjs

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Muitas histórias

Oi gentes, blz?
Não posso deixar de contar tudo de lindo e emocionante que vi ontem na abertura da Jornada de Literatura.
Primeiro tenho que explicar que as Jornadas acontecem dentro de um circo. Eles montam dentro da universidade uma lona de circo gigante para o grande espetáculo das letras. E claro, para fazer a abertura, sempre tem um show de circo.
Esse ano quem fez o show foi o grupo Tholl, uma espécie de Cirque du Soleil aqui do sul. É simplesmente lindo, lindo, lindo! Se um dia você ver que o Tholl está na sua cidade, não perca. É lindo, como o Cirque du Soleil, e com um preço beeeeem mais camarada.
Foi de se arrepiar!
Mas de arrepiar mesmo, foi a história de dois jovens escritores, que não puderam estar no circo da cultura ontem, mas foram homenageados e lembrados com muito carinho.
Um deles, o menino Roberto Zanatta, que com apenas 9 anos escreveu três livros: O Caça Monstros, Mr. Xadrez e Explorador e suas Aventuras. Mas porque esse menino não estava lá ontem? Porque nem sempre a vida é como a gente quer ou gostaria que fosse, e um tumor levou esse menino, com um talento brilhante, para junto dos anjos.
Ontem, foi lançado seu livro Mr. Xadrez, sem sua presença, mas com uma bela homenagem à família. Esse livro e o Caça Montros foram escritos após ele saber de sua doença, o que não o impediu de ler, escrever, sonhar e viver, ainda que por pouco tempo.
Já Pietro Albuquerque, escreveu aos 16 anos o livro Dias Contados, e, por ironia do destino talvez, faleceu de leucemia pouco antes de completar 20 anos. Filho do deputado federal Beto Albuquerque, escreveu no seu último ano de vida o livro Quem tem Coragem, lançado ontem na Jornada. São mais de 400 páginas de história, mas não só disso, são 400 páginas que mostram a coragem, a perseverança e a esperança de alguém que, com apenas 20 anos, mesmo sabendo de seu triste destino, não desistiu de viver.
Trago aqui esses dois exemplos por serem realmente exemplos de vida. Porque me emocionei ontem ao ver suas famílias lançando os livros de seus filhos que não estão mais aqui, mas que ficarão conosco para sempre, de alguma forma.
Trago aqui essa história para tomarmos vergonha na cara. Se dois meninos, com tão pouca idade e experiência de vida conseguiram viver e produzir no seu último ano de vida, nós também somos capazes de viver e produzir sempre, com EM ou sem EM, com deficiências ou sem elas.
Até amanhã!
Bjs

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Viver a vida

Oi amigos, blz?
Nessa semana de retorno a casa devo confessar: senti falta da televisão brasileira.
Vocês tem que ver que engraçado que é a tv argentina. As novelas brasileiras dubladas em espanhol então, é de rolar de rir.
Pois bem, essa semana fiquei vendo até a nova novela das 9, que até então não tinha visto. Ainda bem que comecei essa semana, porque tive o prazer de ver nosso querido amigo e parceiro aqui do blog, o Jairo do Assim Como Você (não conhece? Clica aqui ) dando seu depoimento no final da novela.
O nome da novela é Viver a Vida. Adorei o nome. Afinal, a vida está aí pra ser vivida, não é mesmo? Bom, não gosto muito de novela diária e daquela lenga lenga das histórias. Mas, no final de cada capítulo dessa novela, uma pessoa normal, assim como eu e você, dá um depoimento rápido sobre como vive a sua vida.
Claro, todos os depoimentos são também lições de vida. Mães que perderam filhos. Mães que adotaram muitos filhos. Ex viciados em drogas que hoje estão tentando se recuperar. Pessoas com as mais diversas deficiências. Gente pobre que conseguiu ter acesso a educação. Etc. Todas pessoas que precisaram, como todos nós, passar por muitos obstáculos, alguns maiores, alguns menores, mas que superaram as dificuldades e continuam a viver a vida.
Segunda feira, quando vi o Jairo, confesso que me emocionei. Não foi por acaso que escolhi esse dia pra ver a novela né.
A Globo fez um portal, o Portal da Superação, bem interessante, com os vídeos e histórias de todas as pessoas que estão aparecendo ao longo da novela. Vale a pena dar uma olhada. Principalmente naquelas horas que a gente acha o mundo muito injusto e que nossa vida tá uma merda. Daí a gente olha lá e vê que não é o único a passar por dificuldades pra viver. E vê que existem situações piores que as nossas. E vê que tem gente em situações piores que fazem muito mais que nós aqui, lamentando. O mundo não para pra gente ficar se lamentando. Dá uma olhada lá vai: http://especial.viveravida.globo.com/portal-da-superacao/
Ah, e vejam o vídeo do Jairo. Ta aí embaixo ó:





Para aqueles que vivem falando mal de novela, pensem que isso que essa novela está fazendo é um serviço de utilidade pública. Quanto mais pessoas "anormais" como nós aparecerem em tv aberta dizendo: "olha eu aqui, sou meio errado, meio torto, mas vivo, sou feliz e faço o que eu quero e o que eu gosto", mais pessoas vão saber que a gente existe, e que não somos poucos. E o principal, que apesar de todos os perrengues, a gente não desiste de tentar ser feliz.
E pra você, o que é viver a vida?
Até amanhã
Bjs

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Limpando as gavetinhas

Oi amigos, blz?
Ontem, após escrever o post lembrei de um fato que estava guardadinho no fundo de uma gavetinha escondida da minha cabeça. E com o comentário feito pela Regina, sobre um homem que pensou em se suicidar ao saber da doença, vi que tinha que contar essa pra vocês.
Pouco antes do meu surto mais violento, que me deixou completamente, totalmente dependente, eu sentia muita dor.
Sentia dores horríveis pelo corpo todo. Como eu era adolescente e adolescente é um bicho meio bocó (desculpa aos adolescentes que leem o blog, mas esperem mais uns anos que vocês vão dizer a mesma coisa), comecei a achar que eu era um estorvo em casa. Aí, sentia as coisas e não dizia. Aliás, eu ficava pensando: será que não sou eu que to inventando isso não?
As dores foram piorando, até chegar ao ponto de eu não dormir por conta dela. Fiquei 4 noites sem dormir. Dava umas cochiladas no máximo.
Na primeira noite fiquei na cama, quietinha, esperando a dor passar.
Na segunda noite peguei minhas cobertas e fui pro sofá da sala. Vi que a dor não ia passar então resolvi ficar vendo TV. Nessa época descobri que a Globo News repete o mesmo programa das 4h às 6h da manhã (não sei se ainda fazem isso), e que só passava filme ruim de madrugada.
Na terceira noite comecei a ter o pensamento da morte. Não que eu quisesse morrer ou me matar. Mas eu queria que a dor acabasse e, naquele momento, parecia que a única solução para acabar com a dor (que não passava com os remédios normais) era deixando o meu corpinho. Pensava que, se continuasse com aquela dor, eu ia virar um ser insuportável, ia incomodar minha família e não ia poder estudar, trabalhar, etc.
Acho que foi nessa noite que a mãe se levantou pra ver o que era o barulho que vinha da sala. Ela ficou ali comigo, disse que no outro dia iríamos no médico. E, claro, ela também brigou comigo por eu não ter chamado ela nas outras noites e talz.
Fiquei mais uma noite acordada por conta da dor. Mas nos outros dias foi diminuindo com a nova medicação e por fim, ficou só as dores normais do dia a dia.
Mas quis contar essa história não por causa da minha dor, mas pra falar que não é muito difícil ter pensamentos de morte quando se sente dor. A dor faz horrores com a nossa consciência. A gente não consegue pensar direito, dormir direito, comer direito, viver direito.
Até ontem tinha "esquecido" dessa história. A dor foi tanta e eu tinha tanta vergonha de falar que pensei que morrer seria melhor, que tranquei essa lembrança bem trancada numa gavetinha escondida da minha mente.
Fiquei um pouco triste ontem ao lembrar disso. Mas, tenho que exorcizar meus demônios e admitir que já fui egoísta um dia, a ponto de não pensar na dor dos outros caso eu me fosse, e pensei só na minha dor, que eu queria que acabasse. Tenho certeza que minha família prefere me ter toda errada mesmo, do que não ter de jeito nenhum.
Você também já teve um pensamento assim? Não precisa ter vergonha não. Se você nunca teve, melhor ainda pra você. Mas acho que ter pensamentos egoístas como esse fazem parte de ser humano.
Somos feitos de carne, osso e emoções. Nem sempre nossas emoções são lindas e cheirosinhas. Temos nossos podrinhos também. Ainda bem que eu tenho pessoas ótimas perto de mim, que me mostraram um caminho diferente pra esquecer a dor e ver que, maior que a dor, é a minha vontade de viver e ser feliz.
Confesso que me assusto em pensar que já pensei nisso. Mas isso faz parte de mim, do que eu sou hoje, do que eu aprendi.
Ontem abri e limpei uma gavetinha empoeirada das minhas lembranças. Uma lembrança que me assombrava. Foi bom conseguir fazer isso. De vez em quando temos que fazer uma faxina nos pensamentos. Abrir as gavetas empoeiradas e bagunçadas para arrumar e ver que aprendizado tiramos dessas experiências que deixamos escondidas por tanto tempo.
Até amanhã!
Bjs

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Perder dói

Oi amigos, blz?
Hoje fizemos uma operação de guerra para dar uma má notícia para minha avó: um de seus irmãos faleceu nesse final de semana. Vovó tem problemas cardíacos, e não podemos arriscar contar uma coisa dessas sem preparo antes.
Mas pensando bem, quem é que está preparado para uma notícia dessas?
Quem está preparado para "perder" um irmão, um filho, um pai, uma mãe, um companheiro de uma vida toda? Eu acredito que ninguém.
Como disse meu avô, dizem que o outro lado é bom, é lindo, é melhor, mas ninguém quer ir pra lá, não é mesmo?
Ela reagiu bem à notícia, chorou um tanto, ligou pra suas irmãs (eles eram em 9, hoje estão em 5) e pra cunhada, que perdeu seu companheiro. E como ela disse, agora vai indo, um por um.
A ordem natural seria os mais velhos irem antes, mas como a vida segue uma ordem própria dela e não a natural das coisas, ela, uma das irmãs mais velhas está se despedindo dos mais novos.
É engraçado essa coisa de ordem natural das coisas. A gente aprende que todo mundo nasce, cresce, talvez se reproduza, envelhece e morre.
Mas na verdade, não é bem assim que acontece. Nem todos tem a oportunidade de envelhecer. Parece-me injusto.
E nessa ordem natural das coisas, entre o nascer e o morrer, existem muito, mas muito mais coisas que crescer. Nesse meio tempo (seja ele curto ou longo), somos felizes, sofremos, aprendemos, erramos e acertamos.
É em momentos como esse, de despedida, que percebemos que aproveitar um dia de cada vez não é apenas frase de livro de auto ajuda. Vemos que é a realidade.
Podemos planejar o que fazer amanhã, o que queremos pro futuro, mas ninguém sabe o que acontecerá nas próximas horas, nos próximos capítulos do livro da vida.
Já perdi as contas de quantas vezes fiz planos "pra semana que vem", e quando a "semana que vem" chegou, eu estava lá no hospital, meditando sobre a vida e a doença. Confesso que tenho ainda um certo receio em planejamentos. Mesmo sendo super organizada, escrevo meus planejamentos pensando que tudo aquilo que está escrito no calendário pode não acontecer. Às vezes os planos precisam ser refeitos.
Pode parecer mórbido ou pessismista. Mas é pensar assim que faz com que eu aproveite ao máximo cada dia. Claro, tem dias que tenho preguiça de aproveitar. Mas aproveito até os momentos de descanso pensando que privilégio eu tenho em poder descansar quando quero.
E você, sabe o que vai acontecer com você amanhã?
Sabe quantas vezes mais você vai poder abraçar quem ama?
Eu não sei. Por isso, faço tudo que posso hoje e não perco a oportunidade de demonstrar meu amor. Porque se amanhã eu não puder fazê-lo, pelo motivo que for, não vou ter arrependimento nenhum dentro de mim. Não vou lamentar o abraço que não dei, o "eu te amo" que não falei. Mesmo sabendo que quando alguém muito querido se vai, sempre parece que faltou alguma coisa. Mas essa falta e a saudade ficarão para sempre.
Perder dói! Dói perder alguém, dói perder uma função do corpo, dói perder uma habilidade que tínhamos. Toda perda é dolorida. Acho que essa dor não passa. Ela se esconde em algum lugar dentro da gente e se transforma, com o tempo, em aprendizado.
Quero registrar aqui também os meus sentimentos aos meus tios que perderam um irmão, à tia que perdeu seu companheiro, aos primos que perderam um pai. Um dia vamos todos nos encontrar.
Até amanhã!
Bjs

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Viver a vida além de sonhar

Oi amigos, blz?
Ando tendo pesadelos bizarros em relação às provas de mestrado. No último (ontem), sonhei que eu entrava numa sala pra entrevista, e lá estavam três professores (1 mulher e 2 homens), sentado atrás de um balcão, num nível mais alto que o resto da sala. Eu me sentava na única cadeira em frente à eles e olhava pra cima para poder conversar. Quando os dito cujo abriam a boca saíam palavras em grego, russo, polonês, e eu não entendia nada do que estava sendo dito. Graças a deus acordei antes de começar a chorar sentada na entrevista.
Foi apavorante.
Fiquei pensando nesse sonho e contei pra mãe. E conversando, chegamos a conclusão de que isso não deveria acontecer, afinal, to estudando pacas, pra não passar vergonha na hora H.
Mas também ficamos comentando das pessoas que querem as coisas imediatamente e não percebem o esforço que há por trás de toda conquista.
As pessoas querem sair da faculdade e conseguir um título de Doutor, mas de preferência em um ano, sem ler muito e sem trabalhar. Se formam querendo ter o salário de quem está formado há 30 anos.
O mesmo acontece com a multidão de gente capenga desse mundão.
Num dia a gente tá deitado numa cama mal pra caramba, tomando medicação. No outro queremos ser capazes de correr a maratona de São Silvestre.
Queremos tudo para ontem, e não percebemos que primeiro temos que engatinhar, ficar de pé, caminhar lentamente, apressar o passo para daí começar a correr.
Como cresci vendo meus pais atender capengados na clínica de fisio, sempre tive o exemplo de gente que acha que dum dia pro outro vão ficar bons. De preferência sem esforço algum, claro.
Desculpa gente, mas a vida real não é assim.
Na vida real a gente tem que ir atrás do que quer. Tem que batalhar, trabalhar para conseguir realizar nossos desejos. A nossa fada madrinha não vai aparecer na nossa frente se ficarmos com a bunda colada no sofá se lamentando e vendo a vida passar. Mas acho que se a gente se esforçar, ela pode até vir dar um empurrãozinho nos nossos projetos.
Fico muito triste em ver colegas de EM, assim como eu, que desistiram de viver. Que assumiram o papel de vítima da vida e não querem nem ver as oportunidades que aparecem pra eles, quanto mais agarrá-las. Claro, eu sei que tem gente muito pior que eu. Que a doença foi mais cruel. O que não serve como desculpa. Tenho uma amiga com EM, que não caminha mais, não tem carro, e mesmo assim, vem me visitar na sua cadeira de rodas motorizada.
O que nos impede de fazer o que queremos, na maioria das vezes, não é o nosso corpo, e sim nossas mentes, nossa cabeça dura, nossa insistência em dizer "não posso", "não consigo", "dá trabalho", "é difícil".
Sim, é difícil. Viver é difícil. Mas quem disse que seria fácil?
E porque a gente deve se esforçar tanto e ir atrás dos nossos sonhos, planos e projetos? Porque quando a gente consegue, a sensação é ótima, impagável.
E também porque eu quero viver a vida além de sonhar. Não quero um dia olhar pra trás e ver que a vida passou por mim simplesmente, e eu deixei ela escapar.
Até amanhã!
Bjs

terça-feira, 7 de julho de 2009

Viver enquanto é tempo

Oi amigos, blz?
Hoje não se fala de outra coisa além do funeral do Michael Jackson. Eu não sei, mas ele já deve tá podrinho dentro do caixão e a alma dele deve estar descansando em algum lugar (se em paz, não sei).
A morte tem sido um tema bastante presente nos meios de comunicação nos últimos dias. Claro, todos os dias morrem muitas pessoas, e nascem também outras tantas. Mas quando alguém que nós "conhecemos", como o Michael morre, a morte chega mais perto e passamos a refletir mais sobre ela.
Fiquei pensando, a morte é uma coisa que parece que só vai acontecer com os outros, nunca com a gente. Não gostamos de parar para pensar como será o dia em que nossos pais, filhos, avós, amigos morrerem. Mas isso vai acontecer um dia.
Papai do céu me deu a graça de não "perder" muitas pessoas até hoje. Mas perder a presença física de um amigo, com idade próxima a minha, que fez parte de um tempo importante da minha vida foi um golpe e tanto. Eu sei que tu não lê meu blog aí do céu Consta, mas fica em paz... sentimos muito a sua falta.
A saudade fica para sempre, mas o mais importante é não termos arrependimentos.
Não nos arrependermos por não dizer o quanto amamos as pessoas enquanto elas estão aqui entre nós. Porque a gente nunca sabe o que vai acontecer no próximo minuto.
Nós podemos controlar algumas coisas na vida, como optar por viver bem, por ser feliz com o que se tem, por ter bons relacionamentos, por fazer as coisas com paixão. Mas não podemos controlar até quando vamos viver.
Podemos planejar nosso futuro, colocar metas em nossas vidas, mas não podemos ter a certeza de que cumpriremos os prazos. Eu tenho alguns sonhos e planos, mas sei que, de uma hora pra outra, a EM pode interromper meus planos, pode me "atrasar", pode me fazer mudar de caminhos. Mesmo assim, com a EM eu poderei optar por outras coisas na vida, mas com a morte não acontece o mesmo. Quando alguém que amamos morre, temos de ter a certeza que não deixamos nada passar, que não esquecemos nenhum dia de dizer o quanto essa pessoa é importante para nós, o quanto será difícil viver se um dia ela se for, o quanto a amamos. Quando eu digo dizer o quanto amamos, não digo sobre falar com palavras, mas falar com atos, porque o amor está presente nas nossas atitudes e escolhas.
Desculpa gente por esse tema meio mórbido, mas acho que não é porque temos "medo" dela que não devemos falar sobre. A morte, nesse sentido, é como uma doença: todos sabem que existe, ela está por perto sempre, mas as pessoas negam, até que ela bata a nossa porta e cause dor e desespero. Ela continuará causando dor e tristeza, mas talvez, falando, seja mais fácil de lidar com ela.
Muitas pessoas, ao terem um diagnóstico como de EM (e eu conheço gente assim), deixa de viver, desiste de tudo e morre. Passa a ser apenas um corpo doente ocupando espaço aqui na terra.
Por isso, viva intensamente, não sobreviva. Não veja a vida passar na sua frente sem participar dela. Não deixe as pessoas que você ama não saberem o quanto você as ama. Não deixe de sentir: sinta amor, raiva, alegria, tristeza, dor... mas sinta! Porque enquanto você sentir você está vivo. Emocione-se com as coisas simples e boas da vida. Chore quando estiver triste. Olhe em sua volta e veja quanta coisa boa e bonita você tem. Admire a natureza, cultive plantas, amizades e amores.
Viva enquanto é tempo! Nunca é tarde para se começar a viver!

Até amanhã!
Bjs

P.S.: No exato momento em que estou postando esse texto, o caixão de Michael Jackson está no palco do Staple Center em Los Angeles, com Mariah Carey cantando uma das mais lindas músicas dele: I'll Be There: "Você e eu devemos fazer um pacto, nós devemos trazer a salvação de volta...Onde existe amor, eu estarei lá"

quarta-feira, 24 de junho de 2009

ET...telefone...minha casa...

Oi gente, tudo bem com vocês?
Essa história de comemorar coisas em alguns dias é tão engraçado que hoje se comemora o Dia Mundial dos Discos Voadores. Dá pra acreditar?
Nunca vi um bicho desses e espero nunca ver em outro lugar que não seja a tela do cinema.
Eu adoro E.T. o Extraterrestre, mas morro de medo de achar um por aí. Aliás, morro de medo de ET. Quer me ver com medo? É só colocar a musiquinha do Contatos Imediatos de Terceiro Grau, ou me mostrar uma "foto" de ET. Me escondo debaixo das cobertas até o medo passar.
É aquela velha história de medo do desconhecido.
Aquilo que a gente não conhece causa espanto, surpresa ou horror. Deve ser por isso que algumas pessoas tratam quem é um pouco mais diferente (porque diferente todos somos) como ETs.
Vocês já pararam pra observar os olhares das pessoas quando chega no ambiente alguém em cadeira de rodas, com uma bengala, ou com qualquer deficiência visível? Não é olhar de preconceito, é de surpresa mesmo, talvez de desconforto por ter de conviver com algo que não se conhece, tão perto. A gente faz isso também com pessoas que tem uma deficiência no guarda roupa. É, gente que não sabe escolher roupa, pentear os cabelos e talz.
Porque? Porque é diferente!
Não importa a que tribo você pertence, para as outras tribos você será o extraterrestre.
Claro, pessoas de tribos diferentes podem conviver, ser amigos, trocar experiências. Mas no fundo sempre vai ter alguma coisa, algum aspecto que o outro não vai entender nunca. Porque pros outros, é coisa de outro planeta.
Muita gente acha que gente como eu, como minha mãe, como você que vive com uma doença e é feliz, só pode ser de outro planeta. Porque o normal pra quem tem tristezas na vida (e todos nós temos) é ficar deprimido e reclamando pelos cantos. Quando um de nós coloca as manguinhas de fora e mostra que é feliz, pronto, é de outro planeta.
Na minha cabeça, devia ser o contrário. Afinal, a gente veio aqui pra ser feliz ou o que? Sofrer todo mundo sofre, dor todo mundo sente. Pra mim, anormal é desistir de ser feliz. Desistir de sorrir e de rir da cara do sofrimento. Porque assim como as pessoas, a dor detesta um deboche.
Como hoje é o dia do disco voador, vou ficar olhando pro céu, esperando se alguém vem me buscar, lá do planeta daonde eu vim. Mas sinceramente, eu tenho medo. Medo do que será que vou encontrar por lá, e se não é melhor ficar por aqui mesmo. Afinal, Spielberg e Jesus Cristo escolheram ficar, e se eles não são de outro planeta, não sei quem mais poderia ser.

Até amanhã!
Bjs

Em tempo: Hoje é dia de São João! Já tomei quentão, comi pipoca e pinhão. Só não acendi fogueira porque é perigoso. Como diz na musiquinha: São João, acende a fogueira do meu coração!

sábado, 6 de junho de 2009

É pra lá que eu vou!

Oi amigos, blz?
Hoje tive aula da pós de novo. E como sempre, as aulas me dão idéias de textos pra vocês.
A prô de hoje se puxou pra me dar um assunto "mara"!
A aula era sobre planejamento, e ela pediu em um exercício que nós definíssemos a Missão, Visão e Valores de uma empresa, detalhe, a empresa não era nada mais nada menos que o Cemitério Campos Verdes (hipotético claro).
A turma, que não é muito quieta, chegou a parar nessa hora. Sim, porque a gente tá acostumado a lidar com empresas de varejo, produtos, serviços, mas serviço de sepultamento era algo novo para todos nós.
Há alguns dias contei a história contada sobre a morte (leia aqui ). E hoje pensei novamente nesse tema: a morte. Ela me persegue...hehehe
Mórbido né? Mas é a única certeza que temos é essa: um dia vamos morrer!
Eu não tenho medo de morrer. Tenho medo que as pessoas que eu amo morram. É um pensamento meio egoísta, porque eu quero mesmo é que elas fiquem comigo, do meu lado.
Discutindo (no bom sentido), vimos que não estamos preparados para lidar com os consumidores do cemitério. Como disse uma colega, a gente não pode oferecer qualidade de vida...hehehe. E dizer que a missão do cemitério é existir um lugar para você enterrar seu ente querido... é verdadeiro, mas estranho.
A verdade é que um dia nos deparamos com a dona morte, e não adianta brigar com ela. É o trabalho dela te levar. No livro que a morte conta, ela diz que as pessoas com a alma tranquila não são difíceis de carregar, elas esperam a morte chegar e quando ela chega, vai embora de mãos dadas com ela.
Mas como fazer pra ter uma "passagem" tranquila? Acho que o segredo está em viver bem cada dia de nossas vidas.
Viver cada dia como se fosse o último, aproveitando cada minuto. Ou viver cada dia como se fosse o primeiro, com a curiosidade e o ânimo de quem está começando.
Afinal, como disse minha amiga Cátia: Cemitério Verdes Campos, é pra lá que eu vou!
hahahaha
Sim, todos vamos para lá. Não podemos optar por não ir. Mas podemos escolher como chegar lá.

Até amanhã!
Bjs

terça-feira, 26 de maio de 2009

Que a Morte conte minha história

Oi gente, td bem com vocês?
Hoje eu preciso contar pra vocês de um livro fantástico que acabei de ler ontem: A menina que roubava livros.
Não vou contar a história (lógico), mas posso dizer que a narradora é no mínimo interessante: A Morte.
A história se passa na Alemanha hitlerista, nos anos da segunda guerra mundial, e conta a vida de uma menina que roubava livros (dããã, óbvio né).
Se você já leu A Lista de Schindler, ou qualquer outra história de guerra, essa não é muito diferente em termos de enredo. Entretanto, o autor tem um talento sem igual para colocar beleza e realismo em todos os momentos. Juro gente, cheguei a sentir o cheiro da história (não é muito bom não). Me senti a própria protagonista da história. Em uma semana li estas 478 páginas fascinantes.
E a Morte, nossa, que personagem! Não posso falar muito dela (vou deixar vocês lerem o livro), mas para "alguém" que todos nós tememos, ela até que é simpática, e mais humana do que a gente imagina. Segundo "ela", os humanos são capazes de tantas coisas que nós a assombramos. Curioso não?
Anotei três frases que achei pertinentes para dizer à vocês:
1. "Uma definição não encontrada no dicionário - Não ir embora: ato de confiança e amor."
Quando a gente ama, não abandona, não é mesmo? Por isso não acredito em palavras de amor soltas ao vento, sem ações que as comprovem, como o simples fato de ficar junto, não ir embora.
2. " Uma oportunidade conduz diretamente a outra, assim como o risco leva a mais risco, a vida a mais vida, e a morte, a mais morte"
Nem precisa de muitos comentários. Que tal aproveitarmos mais as oportunidades e a vida hein?
3. "O ser humano é contraditório. Um punhado de bem, um punhado de mal. É só misturar com água."
Realmente, somos todos "farinhas do mesmo saco". Espero que a minha "mistura" tenha mais bem que mal. Na verdade, gostaria que fosse assim em todos nós.
Ficou um gostinho de quero mais né? Leiam o livro, vale a pena.
Na orelha do livro está escrito: "Um dia todos irão conhecê-la (a Morte). Mas ter sua história contada por ela é para poucos. Tem que valer a pena."
Por isso, espero que um dia (e espero que esse dia demore a chegar) a Morte conte a minha história. Quero que a minha vida valha a pena ser contada.
Boa leitura aos que escolherem ler!
Até amanhã!
Bjs!

Em tempo: eu li a versão impressa pela editora (obrigado Quel por me emprestar), mas se você está duro de grana (como eu), descobri um blog que tem o livro para baixar. Não é a mesma coisa que ler o livro (eu não acho), mas a história está lá: http://livros-gratuitos.blogspot.com/search?q=a+menina+que+roubava+livros