Hoje tive aula da pós. Minha turma teve que preparar um seminário sobre responsabilidade social e desenvolvimento sustentável, e esse seminário foi hoje.
A Bruna, metida, foi lá pra frente falar sobre responsabilidade social. Como eu só tinha 10 minutos, tinha que seguir o script.
Mas depois fiquei pensando e cheguei à conclusão de que não conheço nenhuma empresa socialmente responsável.
Bom, primeiro vou explicar pra vocês o que que eu falei lá né.
Primeiro eu falei que nós somos seres sociais, que não vivemos sozinhos. Daí disse que ser responsável é responder pelos próprios atos, e que é através dos nossos atos que mostramos quem somos. Como a pós é em comunicação organizacional, tinha que ligar o assunto às empresas. Então, cheguei a conclusão de que uma empresa socialmente responsável é aquela que responde pelo que faz aos outros, e promove a qualidade de vida para hoje e para as gerações futuras.
Buenas, até aí tá tudo muito bonito. Depois fiquei analisando as dimensões da responsabilidade social, que exige que a empresa seja responsável perante às leis, perante os valores morais, perante sua produção e à sociedade.
Aí é que a coisa descamba. Porque a maioria das empresas hoje em dia, faz uma coisa bonita dum lado e manda o outro pro espaço. Sem entrar em assuntos como preservação do ambiente e tudo o mais, penso mais na parte do respeito das empresas com seus clientes e funcionários. Porque?
Queridos amigos esclerosados, quantos de vocês foram acolhidos e ajudados pelas empresas que vocês trabalhavam quando tiveram o diagnóstico? Quantas vezes você tentou comprar um produto mas não conseguiu, porque tinha que subir escadas? Pois é...e por aí vão mais e mais exemplos.
Quando eu tive o diagnóstico, estava no segundo grau (ensino médio agora né?), e sabe quantos professores sabiam o que era a minha doença? Nenhum. Isso mesmo. E os que foram atrás pra saber, faziam de conta que não sabiam, visto as piadinhas bobas e preconceituosas feitas em aula como se todo mundo ali fosse perfeito, lindo e "normal".
Nota zero em responsabilidade social para essa escola. Nota zero em responsabilidade social para a maioria das empresas que trabalhei. Nota zero responsabilidade social para 90% do comércio de Passo Fundo. Nota zero em responsabilidade social até mesmo para a universidade (tá melhorando).
Mas como disse minha queridíssima Prof. Laury Garcia Job (ela é mariwonderful), falar dos outros é fácil, mas o que é que a gente está fazendo para que as coisas mudem de verdade?
Como é que o mundo vai saber das nossas necessidades se a gente não falar para elas? Não vamos esperar que eles adivinhem.
Ontem mesmo, uma amiga minha, esclerosada também e cadeirante, veio me visitar. O porteiro do prédio, quando foi "anunciá-la" pelo interfone se enrolou tooodo pra falar sobre a "condição" dela. Tadinho, ele ficou constrangido e não sabia que o certo seria falar: "Sua amiga cadeirante está aqui na portaria." Ao invés de ficar gaguejando e eu tentando adivinhar quem diabos que estava lá embaixo.
O que eu fiz? Ensinei ele a forma certa, dizendo que não é ofensa chamar alguém de cadeirante. E ainda falei o nome da doença dela, que, por acaso, é a minha.
Então gentes, vamos desempenhar nosso papel. Assim como direitos, os malacabados do mundo tem a responsabilidade de tornar o mundo mais "acessível", de mostrar ao outros quais são as nossas necessidades. Porque se fazer de coitadinhos é muito fácil, mas não facilita a vida de ninguém, muito menos a nossa.
Até amanhã!
Bjs
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAcho que já tá ficando até chato, que deve estar pensando que não sei dizer outra coisa além de, mais uma vez, brilhante!!!
ResponderExcluirVc tem mesmo que transformar esse seu dom em um livro Bruna. O que acha do título: "Diário de uma esclerosada. O dia a dia de uma portadora de EM."? Só eu mesma pra dar pitaco errado.
Mas é a mais pura verdade o que disse. Criticar é fácil, agora tomar uma atitude e deixar as coisas mais fáceis para todos é outra história...
Ficar se fazendo de coitadinho, só reclamar e colocar a culpa nos outros é muito mais cômodo.
Chega disso minha gente, vamos arregaçar as mangas e ir a luta.
Bjosss!
Responsabilidade Social, é um tema passivel de uma análise profunda, no entanto poucas pessoas ou empresas assumem um um comprometimento por inteiro, pois não é o objetivo principal de uma empresa pensar no social...mas se o assunto transpuser o modismo, não for apenas um aval para títulos ou premios, sem duvida que a sociedade vai melhorando .....JÁ É GRANDE COISA NÃO SER UM IRRESPONSÁVEL SOCIAL.
ResponderExcluirquanto ao livro vai ser num bom estilo "Luiz Fernando Verissimo" não é?
Anonimo 2.
Poxa, minha amiga...fazer essa leitura me deu uma felicidade imensa...como é bom saber que alguém pensa como a gente e tb se esforça para que todos tenham atitudes de cidadania como prática diária...Eu realizo atendimento de um grupo de sujeitos afásicos e a grande questão é fazer com que eles consigam se comunicar com o outro e muito mais que isso, retomem suas vidas...sua autonomia...tornando-se empoderadas para decidir sobre si...sem depender da boa (ou má)vontade de ninguém...Espero ter oportunidade de discutir sobre isso ctgo pessoalmente...Afinal, humanização anda em falta no mundo...olha que contradição?? HUMANOS PRECISAM SE HUMANIZAR...nanana....
ResponderExcluirRealmente é uma louco contradição. Mas é que nem a minha pós. Vê se tem cabimento precisar de um profissão com especialização dentro duma empresa pra dizer que todos devem se respeitar? Sem noção né...hehehe
ResponderExcluirE Fer, vem tomar um chima aqui em casa.
Bjs