Hoje é o Dia Internacional da Mulher. Não sei exatamente o que se comemora nesse dia, provavelmente o fato de poder gerar vidas, ser multitarefas e poder conversar com 5 pessoas ao mesmo tempo e ainda assim entender tudo que todos falam.
Bom, admiro muitas mulheres no mundo. Muitas próximas de mim, como minha mãe e minha avó, e outras que ajudaram o mundo todo com seus atos. Então, em homenagem a todas as mulheres, vou lhes mostrar uma entrevista feita com a Dra. Rita Levi Montalcini.
Mas quem é essa mulher?
Hoje, com 100 anos, Rita Levi Montalcini, nasceu em Turín, Itália em 1909 e obteve o titulo de Medicina na especialidade de Neurocirurgia.
Por causa de sua ascendência judia se viu obrigada a deixar a Itália um pouco antes do começo da II Guerra Mundial. Emigrou para os Estados Unidos onde trabalhou no Laboratório Victor Hambueger do Instituto de Zoologia da Universidade de Washington de Saint Louis.
Seus trabalhos junto com Stanley Cohen, serviram para descobrir que as células solo começam a se reproduzir quando recebem a ordem para isso, ordem que é transmitida por umas substâncias chamadas fatores do crescimento.
Obteve o Premio Nobel de Fisiologia na Medicina no ano 1986, que compartilhou com Stanley Cohen.
A Dra. Rita Levi Montalcini é presidente honorária da Associação Italiana de Esclerose Múltipla.
Recebi essa entrevista por email de vários amigos no ano passado. Mas acho que hoje é um bom dia para ler as palavras de alguém tão sábia que ainda está entre nós.
"Entrevista concedida em 2005
- Como vai celebrar seus 100 anos?
-Ah, não sei se viverei até lá, e, além disso, não gosto de celebrações. No que eu estou interessada e gosto é do que faço cada dia.!
-E o que você faz?
-Trabalho para dar uma bolsa de estudos para as meninas africanas para que estudem e prosperem … elas e seus paises. E continuo investigando, continuo pensando.
-Não vai se aposentar?
-Jamais! Aposentar-se é destruir cérebros! Muita gente se aposenta e se abandona… E isso mata seu cérebro. E adoece.
-E como está seu cérebro?
-Igual quando tinha 20 anos! Não noto diferença em ilusões nem em capacidade. Amanhã vôo para um congresso médico.
- Mas terá algum limite genético ?
- Não. Meu cérebro vai ter um século…., mas não conhece a senilidade.. O corpo se enruga, não posso evitar, mas não o cérebro!
-Como você faz isso?
- Possuímos grande plasticidade neural: ainda quando morrem neurônios, os que restam se reorganizam para manter as mesmas funções, mas para isso é conveniente estimulá-los! Ajude-me a fazê-lo. Mantenha seu cérebro com ilusões, ativo, faz ele trabalhar e ele nunca se degenera.
-E viverei mais anos?
-Viverá melhor os anos que vive, é isso o interessante. A chave é manter curiosidades, empenho, ter paixões….
-A sua foi a investigação cientifica…
-Sim e segue sendo.
-Descobriu como crescem e se renovam as células do sistema nervoso…
-Sim, em 1942: dei o nome de Nerve Growth Factor (NGF, fator do crescimento nervoso), e durante quase meio século houve dúvidas, até que foi reconhecida sua validade e em 1986, me deram o premio por isso.
-Como foi que uma garota italiana dos anos vinte converteu-se em neurocientista?
-Desde menina tive o empenho de estudar. Meu pai queria me casar bem, que fosse uma boa esposa, boa mãe… E eu não quis. Fui firme e confessei que queria estudar.
-Seu pai ficou magoado?
-Sim, mas eu não tive uma infância feliz: sentia-me feia, tonta e pouca coisa… Meus irmãos maiores eram muito brilhantes e eu me sentia tão inferior…
-Vejo que isso foi um estimulo…
- Meu estimulo foi também o exemplo do médico Albert Schweitzer, que estava em África para ajudar com a lepra. Desejava ajudar aos que sofrem, isso era meu grande sonho…!
-E você tem feito…, com sua ciência.
- E, hoje, ajudando as meninas da África para que estudem. Lutamos contra a enfermidade, a opressão da mulher nos paises islâmicos por exemplo, além de outras coisas…!
- A religião freia o desenvolvimento cognitivo?
-A religião marginaliza muitas vezes a mulher perante o homem, afastando-a do desenvolvimento cognitivo, mas algumas religiões estão tentando corrigir essa posição.
-Existem diferencias entre os cérebros do homem e da mulher?
- Só nas funções cerebrais relacionadas com as emoções, vinculadas ao sistema endócrino. Mas quanto às funções cognitivas, não tem diferença alguma.
-Por que ainda existem poucas cientistas?
- Não é assim! Muitos descobrimentos científicos atribuídos a homens, realmente foram feitos por suas irmãs, esposas e filhas.
-É verdade?
- A inteligência feminina não era admitida e era deixada na sombra. Hoje, felizmente, tem mais mulheres que homens na investigação cientifica: as herdeiras de Hipatia!
- A sábia Alexandrina do século IV…
- Já não vamos acabar assassinadas nas ruas pelos monges cristãos misóginos, como ela. Claro, o mundo tem melhorado algo…
-Ninguém tem tentado assassinar a você…
- Durante o fascismo, Mussolini quis imitar o Hitler na perseguição dos judeus…, e tive que me ocultar por um tempo. Mas não deixei de investigar: tinha meu laboratório em meu quarto…E descobri a apoptose, que é a morte programada das células!
-Por que tem uma alta porcentagem de judeus entre cientistas e intelectuais?
- A exclusão estimula entre os judeus os trabalhos intelectivos e intelectuais: podem proibir tudo, mas não que pensem! E é verdade que tem muitos judeus entre os prêmios Nobel…
-Como você se explica a loucura nazista?
- Hitler e Mussolini souberam como falar ao povo, onde sempre prevalece o cérebro emocional por cima do neocortical, o intelectual. Conduziram emoções, não razões!
- Isto está acontecendo agora?
- Porque você acha que em muitas escolas nos Estados Unidos é ensinado o creacionismo e não o evolucionismo?
-A ideologia é emoção, é sem razão?
- A razão é filha da imperfeição. Nos invertebrados tudo está programado: são perfeitos. Nós não e, ao sermos imperfeitos, temos recorrido a razão, aos valores éticos: discernir entre o bem e o mal é o mais alto grau da evolução darwiniana!
-Você nunca se casou ou teve filhos?
- Não. Entrei no campo do sistema nervoso e fiquei tão fascinada pela sua beleza que decidi dedicar todo meu tempo, minha vida!
- Lograremos um dia curar o Alzheimer, o Parkinson, a demência senil?
- Curar… O que vamos lograr será frear, atrasar, minimizar todas essas enfermidades.
- Qual é hoje seu grande sonho?
- Que um dia logremos utilizar ao máximo a capacidade cognitiva de nossos cérebros.
- Quando deixou de sentir-se feia?
- Ainda estou consciente de minhas limitações!
-Que tem sido o melhor da sua vida?
-Ajudar aos demais.
-O que você faria hoje se tivesse 20 anos?
-Mas eu estou fazendo!!!!"
Até amanhã!
Bjs
Adorei, Bru... Como sempre, você dando show! Beijos
ResponderExcluirBelíssima sacada... parabéns, querida....
ResponderExcluirOi Bruna,
ResponderExcluira-mei esse post e a fantástica entrevista da Drª Rita. Reproduzi a entrevista em meu blog a título de divulgação. também tenho EM. Por isso cheguei ao teu blog.
Beijo, saúde e paz
Obs.: caso queiras que retire a entrevista é só falar.
Que bom que gostaram. Alásia, pode copiar, recopiar e mandar pra quem vc quiser. O blog é justamente para espalhar pelo mundo nossas idéias.
ResponderExcluirBjs
Bruna; As palavras são poucas para expressar os sentimento , bela iniciativa sobre a reportagem, palavras sábias desta mulher, texto a ser debatido como contexto em nossa atualidade, gostei do que ela falou sobre religião, muito profundo, vou usar como tema de encontro com mulheres.GURIA! TU É DEMAIS.... Raquel (Curitiba)
ResponderExcluirRaque, tb achei fantástica essa mulher! Um baita exemplo pra todos nós!
ResponderExcluirBjs