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terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Quem sabe um dia...


Oi gente, tudo bem?
No último mês viajei duas vezes pra São Paulo. A primeira pra gravar um Roda Viva sobre esclerose múltipla (deve ir ao ar em 2019) e a segunda pro FAS2018 (se liguem, tem todos os anos e é um evento gratuito). E mais uma vez me deparei com um sentimento bastante ambíguo dentro de mim.
Eu não sei ao certo que nome dar a isso. Mas quando eu vejo uma família saindo viajar com os filhos, me emociono profundamente e sinto uma espécie de dor no estômago que não sei explicar. Tem vezes que não consigo segurar e acabo deixando uma ou duas lágrimas rolarem.
É um desejo interno de poder fazer isso, mesmo sabendo que isso não é para mim. Eu sei, vocês vão dizer que é só levar mais pessoas, uma rede que ajude na viagem, assim dá pra sair eu, Jota e Francisco. Mas, sinceramente, se tiver mais gente, já não é só nós, não acham?
Eu fico olhando aqueles pais com os filhos no colo, saindo de férias e me dói saber que eu não posso chegar em casa e dizer: amor, vamos pra praia uns dias com o Chico?
Nessa última vez eu estava sentada esperando ser chamada pro vôo e uma família sentou do meu lado. Mãe, pai e os dois filhos. O mais velho de uns 4 anos e o mais novo de no máximo 2. Fiquei pensando no nosso “plano inicial” de engravidar quando o Chico tivesse uns dois anos. Aí o pai das crianças disse: espera aí, só vou no banheiro e já volto. Eu, que estava na minha viagem mental imaginando se eu não conseguiria mesmo levar meus dois meninos pra uma viagem, fui trazida pra realidade: se o Jota precisasse ir ao banheiro, quem ficaria com o Francisco?
É...não seria nada fácil. E aí, entre a expectativa de uma viagem prazerosa e a realidade de um passeio exaustivo e até mesmo traumático, pensei que ainda não. Quem sabe quando Francisco for maior. Quem sabe quando ele for maior também para pensarmos em outro bebê.
Toda vez que isso acontece fico muito tempo pensando sobre esse sentimento. E muitas vezes me culpo por sentir isso. Penso no quanto sou feliz com a família que tenho. E que nós só somos quem somos porque temos nossas diferenças. Porque aprendemos com essas limitações do corpo e transformamos o impossível do corpo no possível da mente e do coração. E é por isso que seguimos em frente, mesmo nos dias difíceis, que não são poucos. Mas mesmo com todo esse amor, mesmo com toda gratidão que tenho pelas nossas vidas e nosso modo de ser, continuo sentindo isso em toda sala de embarque.
Não sei se isso é errado. Não sei se existe errado e certo na verdade. Mas é verdade também que sempre fico na esperança de um dia podermos fazer isso, sair em família prumas férias juntos. Seja porque o mundo vai ser mais inclusivo, seja porque o Jota poderá estar em uma melhor condição física, seja porque o Chico vai me ajudar, seja porque eu vou ser mais corajosa, mais forte. Quem sabe, um dia...
Até mais
Bjs

sexta-feira, 29 de abril de 2016

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Feliz 2016

Essa foi da virada pra 2015

Oi gentes, tudo bem com vocês? Como foi o Natal?
Hoje é o último dia do ano. E pra fechar esse ano lindo com chave de ouro, quero lembrar e agradecer.
Claro que aconteceram coisas não tão legais durante o ano. Mas eu prefiro lembrar só as coisas boas. Prefiro guardar amores à rancores.
2015 foi um ano generoso pra mim. Primeiro ano completo na casa nova. Primeiro ano estando casada. Um ano inteiro sem surtos. Surgimento de novos e importantes planos...
Nesse ano viajei muito, quase sempre a trabalho, mas também deu pra curtir uma mini férias em julho, pra retomar o fôlego e continuar a pesquisa (que deve acabar até julho do ano que vem). Adotamos nossos gatinhos lindos, que são uma alegria (e muita bagunça) nos nossos dias. Fui arrumando aos pouquinhos o nosso lar (que começará 2016 com mais obras). Enfim, é vida que acontece.
Sou muitíssimo grata por ter passado esse ano tão bem, me sentindo tão acolhida e bem acompanhada pela minha família, amigos, vocês. É verdade que algumas coisas que eu tinha planejado acabaram não se concretizando. Mas outras coisas importantes surgiram no caminho. E, como eu acho que mais importante que o destino é o caminho que se faz, se refaz e com quem se faz, posso dizer que tudo aconteceu da melhor forma que poderia ter acontecido.
Foi um ano cheio, mas um ano leve. Tenho a impressão de ter sido um ano de colheita. E de colheita farta. Mas também de semeadura. Porque como eu digo todos os anos, ano que vem será o melhor ano de nossas vidas.
Sei que pra muitos de vocês 2015 foi o ano do diagnóstico. E isso pode fazer parecer que foi um ano ruim. Pra vocês eu posso dizer que esse foi sim um ano de mudança. Vocês jamais serão os mesmos de antes. E depende do ponto de vista ou posicionamento de cada um se essa mudança vai ser ruim ou boa.
Chegamos ao final de um ciclo. E ao início de outro. E hoje eu quero agradecer quem fez dos meus dias mais alegres.
Gosto muito do pôr do sol, então fiz um videozinho com os sóis dos meus dias. Pelo menos com aqueles que eu tirei foto...



Feliz ano novo!
Bjs

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

"Não deixem de me beijar"

Oi gentes, tudo bem com vocês?
Por aqui tudo ótimo. Estou meio ausente do blog por contingência do final de ano... mas tem post hoje, dia 25 (dia de Natal) tem post meu na AME e no dia 31 tem post aqui de novo.
Mas antes de refletir sobre natal, fim de ano etc., gostaria de compartilhar com vocês um texto que me tocou muito quando li no último sábado. Não só pelo texto, mas por trazer a fala e a emoção de alguém muito especial pra mim.
Todo sábado, no jornal Zero Hora o médico J.J. Camargo escreve sobre vida, saúde etc., e no último sábado ele compartilhou com seus leitores o discurso do paraninfo da turma de Medicina - 2015 da Ulbra, dr. Cezar Vilodre, mais conhecido aqui em casa como cegonha.
Acho que admiro o César antes mesmo de enxergar o mundo, por ele ter cuidado da minha mãe gravidinha. Tenho certeza que foi ele a primeira pessoa que me viu. E ter ele me acompanhando hoje, como meu ginecologista é uma benção. Cresci ouvindo sobre a pessoa maravilhosa que ele é. E quando me mudei pra Porto Alegre, foi ele o primeiro médico que me atendeu e que me indicou a minha neurologista, que, vocês sabem, é alguém importante demais na minha vida.
Hoje em dia ele está acompanhando meu desejo de ter ele como cegonha da família novamente. E me orgulha e emociona muito ler um pouco desse discurso que, certamente foi lindo, como tudo que ele faz.
Eu e o Dr. Cezar, no meu primeiro dia de vida.
(precisamos de uma foto atualizada...hehehehe)

Obrigada dr. Cezar. Você sabe o quanto as mulheres dessa família te amam!

Os filhos que adotamos
J.J.Camargo


Trate duas turmas diferentes da mesma maneira e descobrirá, na diversidade de comportamentos e retribuições, o quanto somos valorizados ou discriminados de forma a nos vangloriarmos ou nem nos reconhecermos. Por isso, todos nós, professores, depois de muitos anos de magistério, temos as nossas turmas que amamos de paixão e as outras, que tiveram outros amores. Uma relação que se assemelha ao afeto imprevisível de filhos adotivos.
A turma 2015/2 da Ulbra encontrou o Luiz Cezar Vilodre e foi encantada por ele. Escolhido paraninfo, iniciou seu discurso identificando onde começara o vínculo: tinha sido no dia em que, irritado com o mau desempenho do grupo, comunicou: “Acabou o tempo em que aluno da Ulbra era identificado como mau aluno. Acabou o tempo em que os egressos desta escola não passavam em provas nacionais. Daqui por diante, quem não estudar simplesmente não vai terminar o curso!”. A convicção do anúncio deixou poucas dúvidas de que o cumpriria. Semanas depois, durante uma temida prova oral, ao abrir a porta para chamar o próximo aluno, deparou com dois já examinados, anunciando para a escola inteira ouvir: “Humilhei o Vilodre, acertei todas as respostas!”.
Confessou que aquela frase ficou martelando na sua cabeça durante muitas noites até que se apercebeu que ela encerrava o verdadeiro sentido de ser professor, ao se dar conta do quanto estava orgulhoso porque o seu trabalho persistente e obstinado produzira como fruto aquilo que o aluno, sem entender o mérito, chamara de “humilhação”.
A plateia se remexeu na poltrona e passou a pensar nele como o mestre realizado na proeza dos seus alunos. Então, mostrando que esta roda não para de girar, com a humildade de quem um dia também foi aluno, ele rendeu homenagem a dois de seus inesquecíveis professores: João Gomes da Silveira e Pedro Luiz Costa, dois ícones da Medicina que lhe ensinaram a amar a ginecologia.
Identificou-os como personalidades opostas: o professor João Gomes da Silveira, um homem pequeno, de fala mansa, roupas modestas, que, quando começava a ensinar, se transformava num gigante. O outro, alto, magro, nariz adunco, olhos de águia, um fera de intolerância e dono de uma velocidade mental deslumbrante. O primeiro corrigia cada atitude equivocada do aluno com a serenidade da mão no ombro. O outro, quando chamava alguém na sua sala, já recebia a vítima com a alma encomendada. Estabelecidos os modelos díspares que tinham moldado sua formação acadêmica, ele contou que, muitos anos depois, tarde da noite, ao sair do centro obstétrico de um grande hospital, viu um senhor idoso, deitado numa maca, aguardando o elevador. E, para a sua surpresa, reconheceu naquela figura arfante e arroxeada o professor Pedro Luiz Costa. Pego de surpresa e assumindo que, às vezes, a sua boca fala mais rápido do que sua cabeça consegue pensar, disse: “Professor! O que o senhor está fazendo aqui?”
E o professor, que aparentemente não precisava de oxigênio para ser mordaz, respondeu sem olhar: “Te esperando!”
Então, desconcertado, ele se apresentou: “Sou o Luiz Cezar Vilodre, sou muito grato ao senhor, fui seu residente há muitos anos e, por sua causa, aprendi a adorar a ginecologia!”.
Quando o elevador chegou e a maca começou a ser empurrada, se despediu do mestre, prometendo rezar por ele e lhe beijou a testa.
Próximo do final, enalteceu a escola médica como referência para a vida do formando e assegurou que estaria lá, à espera que os ex-alunos voltassem quando precisassem de ajuda. Por fim, com a plateia tentando conviver com a emoção crescente, ele arrematou: “E se, um dia, vocês me encontrarem numa maca, num corredor de hospital, não precisam falar nada, mas não deixem de me beijar!”.
Levantamos para aplaudir porque ali estava um professor na sua plenitude. Todos os que um dia deram aula desabaram. E foi um choro bom de chorar!

Texto original: http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/vida/palavra-de-medico/noticia/2015/12/j-j-camargo-os-filhos-que-adotamos-4933743.html

segunda-feira, 20 de abril de 2015

É muito amor numa bola de pêlos


Oi querid@s, tudo bem com vocês?
Comigo tudo ótimo!!!! Sim, ótimo com mil exclamações!
Bom, primeiro explicar meu sumiço de uma semana: eu estava fazendo uma disciplina intensiva e aí, já viu né... quando não tava em aula, tava morrendo de fadiga em casa. Mas, tudo bem, valeu o esforço e saí viva!
Mas o mais legal de tudo é o que aconteceu no domingo, e pra contar isso vou atrasar todos os posts programados...afinal, a notícia tem que ser quentinha.
Quem me conhece há mais tempo sabe que eu a-do-ro bichinhos e que sou uma gateira de carteirinha desde que tive meu primeiro gatinho em 2005. Eu não sabia nada sobre gatos, tanto que entrei em desespero quando eu vi o bichinho roncando de fome depois de comer e eu achando que ele tava morrendo. Minha mãe rolava de rir quando chegou em casa e me viu naquele desespero e o pobre do bichano tava só ronronando de feliz... hahahahahah. Até eu dou risada da minha patetice. O Tinho, meu fiel escudeiro, morreu com 9 meses. Ele era desnutridinho, não mamou etc., etc. Fiquei doente com a passagem dele.
Eu sabia que nunca mais teria o Tinho, mas tinha me acostumado com os ronrons e carinhos e despertador automático em casa. Aí pegamos o Gatito, vulgo Gordo, numa ONG que resgatava bichinhos em Passo Fundo. Logo depois, a gata da vizinha do meu avô deu cria e tinha um alemão, igual ao Tinho... adivinha? Ele foi lá pra casa. Com o tempo, o Gatolino virou o Gordacho, porque ele é um lindo Garfield de 8kg de puro amor.
Bueno. Mas aí eu casei e me mudei pro primeiro andar do prédio. Via os gatos todos os dias, mas não era igual ter eles em casa. Quem tem gato sabe... eles são uma diversão só. Não precisa nem de tv em casa...
Mas a gente não podia pegar um bichinho sem ter as contas da casa mais ou menos acertadas. Afinal, é veterinário, comida, areia...
Mês passado, quando a gente começou a respirar um pouco menos sufocados (vida de bolsista financiando casa não é mole não) fizemos as contas e vimos que dava pra pegar um gatinho
Voltando um pouco na história, tenho que explicar que aqui em Porto Alegre, aos domingos na Redenção, as pessoas levam as ninhadas de gatos e cachorros para doar. E todo domingo que eu ia lá pegava os bichinhos no colo, falava com eles e ia embora fazendo beiço porque não podia levar eles pra casa. Dava uma dorzinha no coração.
Há 2 semanas eu comecei a busca pelo gatinho da casa. Olhei no site do Bicho de Rua (aquilo lá é terrível... dá vontade de pegar todos!!!), mas todos pediam casa telada, e nós só vamos poder telar o apartamento daqui um ou dois meses (não se preocupem gente, as janelas estão fechadas e estamos tomando cuidado... meu dois gatos cresceram morando num sexto andar sem tela porque a gente sabe cuidar). Teve um que a gente se interessou na internet e até entrou em contato, mas não deu, já tinha outra pessoa interessada. Outro ainda os doadores pediam tanta coisa que parecia que o gato nunca ia ser meu... nome, telefone, contracheque dos últimos três meses, recibo do imposto de renda, cor das calcinhas que tem no guarda-roupa... hahahahha. Sério, parece piada, mas é verdade!
Sei que no domingo a gente saiu disposto a voltar com mais um morador pra casa. Andamos...andamos... e andamos um pouquinho mais... só tinha cachorrinho pra adoção.
Sentamos pra comer um pastel (agora o Jota não está mais órfão do pastel de feira), pensar na vida


 e na volta fomos atacados por fofurices dentro de uma gaiola.
Então, estavam lá duas gaiolas: uma com duas fêmeas de uns 4 meses lindas (a cinza era muuuito linda) e outra gaiola com dois ratinhos, digo, gatinhos fofos. A moça não sabia se eram macho ou fêmea, tínhamos que esperar a dona pra poder mexer. Ficamos ali, olhando eles, namorando todos e pensando: qual a gente leva? Eu tinha preferência por machinho... eles são mais carentes que as fêmeas. Pelo menos os que eu conheço. E também pela facilidade da castração. Conversamos e, depois de eu convencer o Jota que a gente não podia levar a menina loirinha que usava óculos de sol, que a gente tinha que escolher um gato, decidimos que, daquela gaiola, levaríamos o que fosse machinho.
O problema é que quando eu tirei eles da gaiolinha, vi que os dois eram machinhos. E agora? E agora? E agora?
Um ronronou quando eu encostei, o outro ficou buscando a minha mão... quando coloquei um no colo do Jota ele se aninhou todo como se aquele colo sempre tivesse sido dele... e o outro, no meu colo, suspirando... e agora?
Foi nesse momento que o Jota disse a coisa mais linda que podia dizer: leva os dois! Foi como ouvir Eu te amo pela primeira vez, sabe? Só que melhor ainda, porque além das palavras, era um ato de imenso amor. Por mim e pelos bichanos.
Eu respondi: que? tá brincando né?
Ele disse: não... leva os dois. Eles são irmãozinhos, não dá pra escolher.
Verdade! Não dava pra escolher. Imagina só, deixar um ali, sozinho. Eu não ia conseguir dormir imaginando o outro.
E foi assim que nos tornamos felizes donos de dois lindíssimos gatinhos:

Além de trazer duas fofurices pra casa, realizei um sonho de infância: voltar da Redenção com um bichinho no colo. Porque toda semana eu vou ali, brinco com eles mas nunca trouxe um. Sério, sonho de infância, adolescência e adultez realizado.
Mas aí, surge um outro problema: tínhamos nome pra um gato. Era pra ser um, lembram?
Então, a gente ia ter o Apum. Reza a lenda... mentira... minha sogra conta que quando o Jota era pequeno, só tomava remédio se tivesse um apum olhando. O que é um apum? Um gato. Agora, daonde que essa criança tirou apum pra gato... ninguém sabe explicar. Fato é que o Jota tá tomando injeção dia sim, dia não e a gente tava sem apum pra ele...hehehe. Então, tínhamos combinado que o gato que viesse se chamaria Apum. E o outro? Bom, não sei, mas foi meio que natural chamar ele de Tinho. Eu sei que ele não é o meu Tinho, o primeiro. Mas ele vai trazer tanta alegria quanto aquele nos trouxe. Então ficou: Apum e Tinho, os mais novos membros da família!
Ah, e agora a gente sabe que não poderia separá-los mesmo. Onde um vai o outro vai atrás. E quando o outro não vai, o primeiro fica miando pra chamar.
Ah, e eles acham que a barba do Jota é pelo de gato que precisa ser lavado com banho de língua... coisa mais fofa...
Estamos sofrendo ataques de fofura 24h em níveis estratosféricos!!!


Existem diversos estudos que comprovam o poder terapêutico dos animais. Se você não acredita, pegue um e comprove! Não tenho dúvida que nas últimas 24h, com os bichinhos aqui em casa, a gente deu sorrisos ternos pelo menos três vezes mais que o normal. É automático. Eles tem esse efeito na gente.
Como pode, um bichinho tão pequeno ter tanto amor dentro?
Recomendo!
Ah, e só mais uma coisa: quando se adota um bichinho, a casa toda tem que concordar, afinal, ele vai ser parte da família pelos próximos 15 anos mais ou menos (espero que mais). Então, obrigada Jota e Lêda por toparem a adoção. Tenho certeza que vocês vão ser tão gateiros quanto eu em poucos dias...ehehhehe.
Até mais!
Bjs


domingo, 28 de dezembro de 2014

2014, o ano da gratidão!


Oi queridos, tudo bem com vocês?
Ano acabando e eu só penso em quanto eu tenho que agradecer tudo que aconteceu no ano que passou. Sim, eu sei que a vida continua a mesma, nós continuamos sendo os mesmos no dia 01 de janeiro e que de fato, não muda muita coisa. Mas, fazer o que se nós nos organizamos dessa forma e, a cada 365 dias nos sentimos renovando um ciclo. Nos pegamos pensando no que fizemos, no que deixamos de fazer, nas coisas inesperadas. Um verdadeiro exame de consciência anual.
Esse ano foi um ano de grandes transformações na minha vida. Em todos os sentidos.
Comecei o ano solteira (com um namorado lindo, mas solteria), viajando todo mês pra ver meu namorado, e terminei o ano casada, com casa comprada, montada e decorada. Comecei o ano fazendo parte de uma família que cresceu com a entrada definitiva do Jota e da Lêda e com o retorno do meu pai para o meu quadro de pessoas da família.
Só isso já é uma mudança e tanto né? Bom, a gente ainda não casou de papel passado porque a grana não deixa. Mas esperamos poder fazer isso em 2015 (quem mais quer casar em 2015 aí gente?).
Já o retorno do meu pai tem muito a ver com meu crescimento pessoal e com perdão. Quem lê o blog há mais tempo lembra o quanto foi difícil algumas decepções que eu tive com ele. Eu passei pelo menos 4 anos carregando uma grande tristeza: a tristeza de não sentir carinho pelo meu pai. Porque eu não sentia raiva, nem mágoa, eu só não sentia nada. E isso pra mim era muito triste. Mas acho que cada coisa acontece no tempo certo que tem que acontecer. E agora, com mais maturidade, entendendo melhor que eu e ele somos pessoas muito diferentes mas que podemos gostar um do outro, voltei a me sentir feliz dentro do abraço dele. Acho que o fato de casar e começar a pensar em aumentar a família também me ajudou nisso. Não posso tirar dos meus filhos o direito de ter um avô (calma gente, não é nada pra 2015, nem 2016...). E assim, eu termino 2014 mais leve.
Também comecei o ano com algumas páginas escritas da minha tese de doutorado, e terminei o ano com mais de 100 páginas, um projeto de tese aprovado, muitas ideias para dar continuidade no trabalho e dois livros com capítulos meus publicados. Não é pouca coisa não. E o Jota, que começou o ano com uma dissertação pra terminar e acabou não só com o título de mestre, mas como doutorando em História também. Eu sei que essa conquista é dele, não minha, mas sinto um orgulho e admiração imensa dele por isso. Assim como muito me orgulha e emociona dizer que a minha irmã, a Renata, voltou a se apresentar com a nova escola de ballet dela. É uma conquista dela, mas eu sinto como minha.
Além disso, comecei o ano com muitos projetos que foram finalizados até o final do ano e que me enchem de orgulho e alegria. Um deles era o Encontro de Blogueiros de EM, que foi um sucesso só e que eu me senti muito feliz, honrada e grata por ter feito parte. Foi uma alegria imensa poder conhecer o tamanho do abraço de cada um dos blogueiros com quem eu me correspondia já há muito tempo. Outro projeto lindo é o Guia do Viajante Esclerosado, que será lançado em 2015 mas que já está pronto e um luxo! Chorei essa semana vendo a primeira prova antes da revisão final.
Nesse ano eu comemorei um ano sem surtos em março e acabei tendo dois surtos da dita cuja, os dois no segundo semestre, depois de eu ter percebido que tinha passado dos limites. E, como nos outros anos, eu termino esse ano dizendo a mesma balela: ano que vem vou pegar menos coisas pra fazer pra não entrar em estafa. Nem faço disso uma resolução de fim de ano porque sei que no meio do caminho muitas coisas acontecem e que, se eu tivesse seguido isso em 2014, não tinha nem comprado casa, nem casado, nem feito o evento do Dia Nacional da EM, nem ido no Encontro de Blogueiros, nem participado de congressos, nem dado aulas, nem muita coisa...
Eu passo dos limites. Mas é consciente. Eu assumo o risco!
Ah, e falando em assumir riscos, esse ano teve tatuagem nova. Nada mais justo que num ano de grandes mudanças ter uma grande marca no corpo. E eu sou cada dia mais apaixonada pela minha tatuagem.
Algumas coisas continuaram iguais em 2014: Bruna brigando por direito do paciente, por tratamento digno, por mudanças sociais e culturais, Bruna militando, Bruna sendo a chata que vocês já estão acostumados a ver. E acho que isso seguirá sendo assim em 2015, 2016, 2017...
No ramo das descobertas pra EM, nada de muito novo no front. Algumas medicações novas pra EM surto-remissão, remédios novos para sintomas, como o Fampyra, mas nada de revolucionário. Quem sabe em 2015...
Repassando os textos do blog em 2014, acho que gostei de todos. Fiquei satisfeita com o que fizemos juntos aqui. E fiquei muito feliz com os encontros que tive com leitores do blog também. São amizades reais que guardo com carinho.
Em 2014 eu comecei a aprender a ser cuidadora também. O que tem sido uma aventura nova. Porque uma coisa é eu lidar com a minha esclerose. Outra é eu lidar com a esclerose do Jota. Mas isso é assunto prum post em 2015. Quero conversar mais com vocês sobre isso de estar do outro lado.
Esse também foi o ano em que eu passei a ter mais tempo de vida com a EM do que sem ela. Não que isso signifique alguma coisa... E também foi o ano que eu descobri a síndrome do intestino irritável e tive que começar a pagar mais caro pra tomar leite, porque leite sem lactose é mais caro sempre. E comecei a ser a chata que pergunta no restaurante se vai creme de leite na receita... hehehe.
Resumindo, 2014 foi um ano maravilhoso pra mim.
Eu sei que 2014 foi o ano do diagnóstico de muitos de vocês que leem o blog. Para outros foi o ano do pior surto. Para outros foi o ano de começar a andar na cadeira de rodas e para outros ainda, o ano de deixar a bengala em casa. Para uns foi o ano de casar, para outros o de se separar. Para uns o ano de nascimentos e para outros de luto. Para uns um ano de conquistas e para outros um ano de problemas.
Eu espero que 2015 seja o ano dos sorrisos largos para todos nós. Para aqueles em que o ano foi mais triste ou pesado, que esse fim de ano marque o final do ciclo das coisas ruins e o início de um período de esperança. Para aqueles que 2014 foi generoso, que essa virada de ano simbolize a entrada num ano ainda melhor, de colheita de frutos.
A verdade é que no ano que vem vão acontecer coisas semelhantes as de 2014, coisas boas e ruins, coisas inesperadas e maravilhosas, fatos para lembrar e para esquecer. Só desejo que tudo isso seja vivido com muito amor, ao lado de quem importa.
Vou passar a virada de ano na minha casa. Nessa casa que compramos em 2014, reformamos e agora chamamos de lar. Vou ter o privilégio de passar ao lado daqueles que fizeram o sonho desse lar uma realidade: minha mãe, minha sogra, meus avós e meus tios. Todos eles acreditaram num sonho que era meu e do Jota. Um sonho ousado, grandioso e maior do que os nossos braços alcançavam. E como ele era maior, essas pessoas nos ajudaram com seus braços a abraçar o sonho, que se tornou plano, que se tornou uma feliz realidade. Sou muito grata por poder, nesse final de ano, brindar a vida e o amor ao lado de quem confiou na gente e apostou para que tudo desse certo. Obrigada meus queridos!
E obrigada a todos os amigos que leem o blog e fizeram parte dessa conquista também. Em abril tínhamos só o sonho da casa. Hoje temos uma casa linda com jardim para cuidar.


Pra finalizar os agradecimentos, um clipezinho com a minha música preferida de final de ano (grande coisa que é a musiquinha da RBS TV), com algumas das pessoas que encheram meu 2014 de alegrias! (descobri que preciso tirar mais fotos...falta muita gente importante aí...também porque meu hd externo faleceu ontem enquanto eu fazia o vídeo e fiquei só com as fotos do celular :P). Eu sei que é brega...mas o amor é brega minha gente!



Que em 2015 possamos compartilhar alegrias e sucessos!!!
Olhe para trás, se despeça das dores passadas, dos momentos não vividos, dos sonhos frustrados.
Sorria e siga em frente.
A vida continua e tem sonhos novos te esperando, logo ali." Caio Fernando Abreu


Feliz 2015!!!!
Até o ano que vem!!!
Bjs

domingo, 19 de janeiro de 2014

Como lidar com o diagnóstico?


Oi queridos, tudo bem com vocês?
Há alguns dias vi um vídeo sobre o diagnóstico de EM e fiquei pensando sobre ele, sobre o meu diagnóstico, sobre os muitos emails que recebo todos os dias me contando seus diagnósticos.
É incrível a diversidade de reações que existem para esse momento. O momento em que o médico diz: o que você tem é ESCLEROSE MÚLTIPLA!
No meu caso ele não disse, ele escreveu num papel e mostrou pra mim e pra minha mãe, que estava sentada ao meu lado. Na hora eu pensei (desculpem o palavreado, mas não tem outro jeito de descrever): essa merda deve ser foda, pro cara nem falar o nome...
Eu entendo que pra ele deve ter sido difícil me diagnosticar com EM. Ele me conhecia desde os 12, conhecia meus pais desde sempre e de repente dizer pra uma menina de 14 anos que tinha esclerose múltipla, numa época em que só tínhamos 3 remédios disponíveis e como eu tinha menos de 18 anos só podia testar dois. Realmente Dr. César, eu também escreveria.
Bom, mas voltando ao vídeo (link logo ali abaixo), vi as diversas reações que leio todas as semanas: algumas pessoas se entristecem muito, porque acham que não mereciam ter a doença. Sinceramente meus amigos, ninguém merece, mas doença não é uma questão de merecimento. Nascemos com um corpo igual ao de todos, suscetível a doenças como todos e, por alguma falha ou disfunção desse corpo, temos uma doença. Ponto. É isso, e não merecimento.
Outras pessoas se desesperam e ficam se perguntando "Porque eu?". Tem uma senhora no vídeo que diz que todos se perguntam "porque eu?". Sinceramente, eu nunca perguntei porque eu. Não sei se é porque cresci conhecendo muita gente com doenças das mais diversas (não se esqueçam, a clínica de fisioterapia dos meus pais era meu parque de diversões), mas eu sempre pensei, "porque não eu?". Há alguns dias uma menina me enviou um email dizendo exatamente que estava se perguntando "porque eu?" e eu perguntei a ela o que ela tinha de tão especial e extraordinário que a faria imune a uma doença. Não sei se ela gostou da resposta, mas é assim que eu vejo. Se todos podemos ter uma doença, porque eu não teria nadica de nada?
Outras acham que têm a doença é alguma missão divina. Eu, sinceramente, procuro não achar sentidos do porque ou para que ter a doença.
Eu tenho a doença porque tenho um corpo humano, frágil e suscetível à enfermidades. Quero que descubram o que causa essa doença para que saibamos evitá-la. E adoraria que encontrassem um cura porque viver com ela é muito difícil, é sofrido, exige muitos cuidados, adaptações, adequações e mudanças que nem sempre queremos fazer. Mas já que eu a tenho, a única coisa com a qual eu me preocupo é o que fazer com ela. É viver com ela. E não viver pra ela nem por ela. Ela já ocupa demais minha cabeça e meu coração com aquilo que ela provoca, eu é que não vou ficar catando os motivos dela existir, fazendo ela ser maior ainda do que já é.
Não dá para ignorá-la. Seria muita burrice. Mas não dá pra supervalorizar. Ela vai ganhar de mim apenas o valor que ela tem.
E qual o valor que ela tem? Então, vai depender de que fase eu e ela nos encontramos. Nós sabemos que ter EM é viver numa montanha-russa.
Pulando essa fase de porque eu, pra que, etc e tal, tem as pessoas que se sentem aliviadas com o diagnóstico. Se sentem aliviadas porque já passaram por tantos médicos, tantos exames, tantos diagnósticos diferentes que quando ganham um rótulo sentem o alívio de poder dizer o que tem, como tratar, que ajuda procurar.
Voltando ao meu diagnóstico, fiquei tentando lembrar qual foi o meu sentimento quando fui diagnosticada. Eu lembro do dia, de como foi, que eu saí do consultório e fui pro hospital marcar a pulso, de chegar em casa e encher a minha mãe de perguntas, de esperar dar dez horas da noite pra ligar a internet e ver o que dizia na rede (lembram da internet discada, que era mais barata depois das dez né? hehehehe). Mas não lembro de ter sentido raiva, tristeza, medo, alívio, nada. Fiquei pensando se eu tinha bloqueado essa memória e liguei pra minha mãe. Ela me confirmou que eu fiquei muito tranquila, só bastante curiosa. Eu queria saber tudo sobre a EM. Eu queria saber tudo sobre essa coisa que ia ficar comigo a partir daquele momento.
Acho que aceitei com certa facilidade o diagnóstico. O que eu não aceito muito bem, até hoje, são os novos surtos. O surto pra mim é sentido como um fracasso sabe. E acho que o momento em que a EM me deixou mais triste foi quando eu tive um surto fenomenal, que me tirou o controle de braços, pernas e visão, tudo ao mesmo tempo. E eu sentia tanta dor, me senti tão mal que cheguei a pensar se não era melhor eu não existir. Isso foi dois anos depois do diagnóstico. E, claro, a cada novo surto é um sentimento de fracasso.
Mas quando a gente recebe o diagnóstico, ele não afeta apenas a gente. Ele envolve todos que estão conosco e que precisam entender essa doença, nossos novos limites, nossas necessidades. E aí a coisa complica um pouco. Complica porque no início nem a gente sabe descrever o que sente. Mas com o tempo e os sintomas pegando, a gente acaba aceitando a doença. E na maioria das vezes a gente aceita ela muito antes dos outros. Porque é a gente que tá sentindo ela não é?
Nossos pais, avós, amigos, namorados, esposas, etc não conseguem sentir o que estamos sentindo. Não conseguem entender o que é aquilo. Alguns tentam minimizar a doença dizendo que logo ela vai passar, que vão descobrir a cura, que isso não é nada. E não percebem que, com essas palavras estão dizendo: eu não aceito que você esteja assim, isso tem que mudar, isso não te define. É verdade que isso não nos define, mas faz parte de quem somos, então, é melhor meus caros amigos que são amigos e familiares de quem tem EM, é melhor aceitar que é uma doença sim, que é grave sim, que exige cuidados específicos sim e que causa muito sofrimento. Não é feio ficar triste. Mas querer que as coisas voltem a ser do jeito que eram antes não resolve. Pelo contrário, só atrapalha porque, não adianta, as coisas não serão como eram antes.
E pra gente é complicado aceitar esse fato também. Aceitar que a vida de todo mundo continua o rumo que tinha antes e a sua não. Que seus planos, de repente foram suspensos. Que tudo precisa ser reorganizado. Que seu corpo não é mais o mesmo corpo. E que tudo parece continuar andando normalmente enquanto você quer que o mundo pare para que você se entende e ele entenda você. É complicado, mas o mundo não para.
E sabe que às vezes, nesse processo de se entender a gente acada sendo rude com quem tá tentando ajudar. Mas não é por maldade não. Eu sei que cada banho que minha mãe me dava, mesmo eu tendo 18 anos na cara, era cheio de carinho e não de piedade, mas saber disso não tirava a minha dor. Gritar "mãe, vem limpar" (e ajudar a levantar, e colocar a calça e ir sentar em outro lugar) não tem a mesma graça que tinha quando tínhamos 4 ou 5 anos. Não poder ir chorar escondida no banheiro, depender de alguém até pra limpar o ranho do choro faz com que a gente não enxergue que quem faz aquilo faz por amor. A dor cega às vezes. E assim como a gente quer que tenham paciência com a nossa dor, a gente tem que ter compaixão pela dor do outro.
Eu fico extremamente triste quando recebo emails dizendo que a família acha que a doença é charme (pasmem, não são poucos). Eu não consigo dimensionar a dor que vocês sentem porque se já é difícil com o apoio da família, sem ele deve ser insuportável. Juro, tenho vontade de levantar da cadeira e ir aí dar um abraço. Eu sei que meu abraço não resolve o problema, mas carinho sempre faz bem né...
Mas, fica muito feliz quando recebo emails de amigos, familiares, namorados, esposas, conhecidos, sei lá, perguntando o que fazer pra ajudar uma pessoa que ama e que tem EM. Fico feliz porque essas pessoas estão se preocupando, e isso já é uma grande coisa. E a verdade é que não tem receita pra como lidar. Porque pra cada pessoa é diferente. E, adivinhem só, mesmo quem já passou por isso, não sabe exatamente o que fazer quando alguém que a gente ama tá passando.
Eu tenho aprendido muito como é estar do outro lado agora. Eu tenho feito com meu namorado tudo aquilo que eu achava ruim quando faziam comigo. Só quando se sente essa impotência é que se entende que o cuidado não é super proteção, nem pena. É amor.
Eu sei que a dor, o sofrimento, a mudança nos provoca uma certa rabugice. Eu fui a rainha da rabugice. Eu sei como eu fui rude algumas vezes. E quanto eu não soube devolver todo o carinho que me davam, mesmo reconhecendo esse carinho, precisando e adorando receber. Sério, meus queridos amigos que nos acompanham, a gente sabe e reconhece, só que às vezes não consegue externalizar, agradecer. E vocês não imaginam o quanto a gente se sente culpado por isso.
E aí a EM faz com que os dois lados fiquem se sentindo mal. Quem cuida porque acha que nunca é bom o suficiente pra fazer quem tem a doença se sentir um pouquinho melhor. E quem está sendo cuidado porque acha que está atrapalhando, porque está se sentindo impotente. Na verdade há um sentimento de impotência dos dois lados.
E o que eu vou falar agora não é nada alentador: realmente não há muito o que se possa fazer. É necessário passar por todas as fases pra poder se aceitar. É necessário que os dois lados passem por essa transformação. Fugir disso não funciona. É como o luto, você precisa passar por ele, por mais doloroso que possa ser. É um luto. E, como em qualquer luto, ninguém sabe exatamente o que fazer, o que falar, como agir. E fazemos coisas que depois até nos arrependemos. Mas assim a gente aprende.
E, a parte alentadora é que, depois que essa fase passa (sim, é uma fase e sim, passa), as relações se tornam melhores. Há mais cumplicidade, respeito e lealdade. E aqueles que somem nessa fase (sim, porque alguns pais, mães, filhos, amigos somem nessa fase...uns voltam depois, outros não voltam jamais), é porque não tinham capacidade ou vontade de passar por essa transformação.
O diagnóstico é isso, um processo de transformação. De morte e de nascimento. E como toda transformação exige esforço, vontade, carinho, dedicação, paciência, coragem, amor.
Eu sempre faço a comparação do diagnóstico com uma mudança de cidade. Quando eu tinha 12 anos eu me mudei de cidade. Achei que ia morrer sem meus amigos, minha escola, minhas ruas, meus hábitos na nova cidade. Achava que eu nunca mais ia ter amigos... aquele exagero típico de pré-adolescente. Depois do choque de me mudar, fui me acostumando com as novas ruas, conheci gente nova, fiz novos amigos, criei novos hábitos, recriei minha vida. Claro que eu sentia saudades do que eu tinha vivido, e me doía saber que meus antigos amigos continuavam a vida deles, sem eu estar lá. Mas a vida seguiu e hoje eu voltei a ter contato com aqueles amigos, agora uma relação nova, diferente, apesar de sermos as mesmas pessoas (ou não, hoje somos nossa versão melhorada). Com a EM é a mesma coisa. No início é muito dolorido saber que a vida de todos seguem como se nada tivesse acontecido. Mas com o tempo a gente vai se acostumando com o novo corpo, a nova vida e até consegue olhar só com carinho e não com pesar pro passado. É libertador poder olhar pro passado com carinho e pro futuro com esperança. Mas isso exige tempo, coragem e paciência. E amor daqueles que nos rodeiam, porque não é bolinho não.
Viver com a EM não é uma escolha, mas como viver com ela é. Minha mamis sempre me disse que se a gente escolhe olhar o mundo com um óculos de lentes vermelhas, tudo vai ser vermelho. E mesmo que se goste muito do vermelho, você acaba perdendo a oportunidade de enxergar a beleza das outras cores e de, quem sabe, até gostar delas.
Ah, e pra muitas pessoas a EM é uma forma de olhar pras coisas que realmente importam, de parar e fazer aquilo que realmente gostam. Eu acho que todos deveriam fazer isso sempre, com ou sem EM, mas às vezes só tomando um susto desses é que se repensa os valores. E isso quem proporciona não é a EM, é você mesmo. É você que escolhe olhar e fazer o que ama. Valorizar aquilo que realmente te importa. Isso já estava dentro de você, já era você antes do diagnóstico. Talvez o que a EM tenha feito é dar um empurrãozinho, certo?
Tudo isso só pra dizer que não tem receita do que fazer, como agir, de certo ou errado. Por isso que eu continuo errando na esperança de no fundo estar fazendo certo. É clichê e brega, mas talvez o certo seja fazer o que diz seu coração.
E você, se sentiu como quando foi diagnosticado?
Curtam o vídeo e me contem ali nos comentários:



Até mais!
Bjs

domingo, 12 de janeiro de 2014

Sobre a menina com autismo da novela

Reproduzindo o que escrevi no facebook sobre a personagem da novela:

A novela é uma porcaria, mas pior ainda são os comentários que tô lendo por aí...
(desabafo de quem estuda -deficiência e telenovela - e vive isso todos os dias)
Tô vendo uma cambada de gente aí comentando a personagem autista da novela das nove. E dizendo que as pessoas tem preconceito por não deixar o tal do Rafael beijar a Linda. Bom, minha gente, até onde eu sei a Linda representa uma menina autista, com sérios comprometimentos e legalmente interditada. Isso quer dizer que ela não tem condições de discernir muitas coisas nem de assumir consequências de um relacionamento. Claro que ela tem sentimentos e pode sim gostar de um homem. Mas dizer que os pais estão errados porque não querem esse relacionamento é algo complicado. Do ponto de vista legal, é como você deixar seu filho de 5 anos se relacionar com um adulto. Não vejo a novela, vi só o pedaço do capítulo depois de ver comentários do tipo "a família dela é preconceituosa". Não sei como são os personagens fora dessa cena, mas vamos analisar o fato colocado em pauta de discussão.A questão não é tão simples como se apresenta na novela não. Não se enganem. Culpar a mãe por não saber criar a filha é fácil. Quero ver criar uma pessoa com deficiência intelectual em casa.Digo por experiência própria aqui de casa que falar é absurdamente fácil. Mas na hora que é com alguém que a gente ama a coisa muda.Tenho uma amiga que sempre diz "eu era uma ótima mãe, até ter meu filho".Já vi muita gente dizer que a minha mãe é super protetora e que a minha irmã não é mais independente porque a gente não deixa.Lógico que as mesmas pessoas não passaram nem 24h com a gente pra saber que a mana não tem capacidade pra atravessar a rua sozinha. Nem pra saber que se a gente não trocar a roupa dela, ela vai andar com a roupa suja e vai achar que está tudo bem. E não é por falta de tentar ensinar, de deixar pra ver o que acontece e de desespero nosso não. Deixá-la sozinha é uma irresponsabilidade tão grande quanto deixar uma criança de 5 anos. Não, ela não tem 5 anos, nem a tratamos como se tivesse, mas temos que agir pensando que mesmo tendo 30, sua capacidade cognitiva não é o da maioria das pessoas de 30. Querer achar que é tudo a mesma coisa e tratar da mesmíssima forma que eu trataria qualquer pessoa de 30, isso sim é excludente, seria cruel e preconceituoso, pois ela jamais atingiria as expectativas que temos de uma pessoa de 30. Uma coisa que vocês, que estão aí dizendo um zilhão de bobagens não entendem, é que a capacidade de análise de riscos, consequências e mesmo de projetar o futuro de uma pessoa com autismo, deficiências intelectuais e/ou algumas doenças mentais é alterada. E que não se pode analisar esses fatos a partir de uma visão romântica e desassociada do contexto em que essa pessoa vive. Antes de falarem, pelamordedeus, pensem!O que falta nas novelas é justamente o pensamento profundo, a discussão séria sobre as coisas. Se a sociedade aceitar esse raciocínio raso sem questionar, sem discutir, fica difícil né.Mas sabe o que é mais triste? Ver gente que diz aí todos os dias que tá lutando pela conscientização das pessoas sobre suas doenças/deficiências e na hora de falar da condição do outro não vai atrás de informação que preste. CHEGA DE LUGAR COMUM!


#prontofalei

Então, algumas pessoas acham que o problema é a falta de desenvolvimento dela, certo? Sim, ela talvez poderia ter se desenvolvido mais. Mas o fato é que ela não se desenvolveu. E devemos lidar com o que está acontecendo e não com o que poderia ter acontecido. O fato é que a personagem não tem essa capacidade. Pode desenvolver? Talvez sim, mas tem que esperar isso acontecer para daí sim ver o que acontece. Dizer que a menina não se desenvolveu por falta de apoio da família é como dizer que eu não me curo por falta de força de vontade. Mesmo que seja por falta de informação da família, culpar pessoas que já estão sofrendo pelo próprio sofrimento é no mínimo cruel. Claro que existem casos e casos, mas esse caso mostra uma menina que está sim incapaz. Claro que é uma obra de ficção, mas como obra de ficção num meio de comunicação de massa, deveria ter um compromisso social. Não podemos concordar que um produto como esse continue perpetuando estigmas e estereótipos. E como se trata de um problema mental, as pessoas acham que é só falta de força de vontade mesmo. Queria ver se eles colocassem que a culpa da Paulinha ter Lúpus era porque ela era adotada...aí o grito ia ser grande, né? A verdade é que as pessoas pouco entendem sobre os problemas mentais. Inclusive os médicos. E quanto menos se entende, mais bobagens se permite falar sobre.

Além do mais, não cabe a mim, nem a ninguém julgar a forma como uma família lida com isso. Afinal, todo mundo sabe melhor como lidar com a minha esclerose né? Todo mundo sabe melhor como lidar com uma doença que não é sua. Acho o seguinte, não sabe o que falar, fica quieto. Imagino que seja muito tentador achar essa história o Romeu e Julieta do século XXI, mas vamos colocar a cabeça pra funcionar. Vamos nos colocar no lugar de quem passa. Sim, existem autistas com condições de vida autônoma, mas não é o caso da personagem apresentada. Então, que tal parar de dizer que todo autista que não é independente é por culpa da família? Que tal deixar essa crueldade de lado? Que tal termos mais compaixão?
Porque mesmo quem fala: fica claro que foi falta de apoio da família! Bom, mesmo sendo ficção, telenovela, não aparece a vida inteira dos personagens, desde o nascimento, 24h por dia do que aconteceu até aqui, certo? 
Nós e essa nossa incrível mania de achar que conhecemos tudo da vida do outros e, por isso, podemos julgar.
E que tal pararmos de aceitar representações ruins de doer? Olha, nem vou comentar a representação do Antônio Fagundes cego porque aí sim a coisa vai feder...

E quem quiser entender um pouquinho mais sobre representações, estigma e telenovela, sugiro a leitura da minha dissertação de mestrado: http://tede.pucrs.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=4035

Beijinho no ombro!

Um upgrade no post, deem uma olhada nesse post aqui que tá massa: http://scienceblogs.com.br/odiva/2014/01/e-a-moca-autista-da-novela-heim/?fb_action_ids=10200544896544221&fb_action_types=og.likes&fb_source=other_multiline&action_object_map=%5B626901574022919%5D&action_type_map=%5B%22og.likes%22%5D&action_ref_map=%5B%5D

sábado, 1 de junho de 2013

Colocando a família na jogada


Oi queridos, tudo bem com vocês?
Eu tô muito puta com esse dia cinza, chuvoso e frio que tá fazendo aqui. Não só porque é difícil caminhar na rua com guarda-chuva e pé molhado, mas porque me dói. Incrível o que esse clima faz: se eu fico sentada dói a bunda, se eu deito dói a perna, se eu viro de lado dói o braço e se eu fico de pé dói o abdômen. Dá uma vontade de fazer nada. Mas eu não sou muito talentosa em fazer nada. E o inverno nem começou...
Falando em começar, tá começando o mês de junho. Meu aniversário é só no dia 18, mas já tô aceitando presentes, viu?
Brincadeiras a parte, o assunto que eu gostaria de falar hoje é sério: família e EM.
No Encontro da Agapem, do sábado passado a psicóloga Maureen, que já fez um trabalho com familiares de pessoas com EM nos disse que é muito difícil para os familiares aceitarem a doença.
Eu vi que algumas pessoas ficaram apavoradas com essa informação. Porque pra quem tem apoio da família, incondicional, desde o início, parece impensável que a família de alguém não aceite a doença.
Eu, particularmente, não me assustei não. Toda semana eu recebo emails de pessoas dizendo que seus parentes não aceitam que elas estão com uma doença.
Porque assim, uma coisa é a família não entender direito. Isso tudo bem, porque, sejamos sinceros, nem a gente entendia muito bem o que é a EM até ter ela na vida né. E entender como viver com a EM é algo que a gente vai aprendendo no convívio mesmo.
Outra coisa é não aceitar. É negar que a pessoa esteja com uma doença. Pior, negar que ela esteja sofrendo, precisando de apoio, ajuda e mudanças na vida. Aí a pessoa acaba tendo dois sofrimentos: por ter o diagnóstico e por não ter a compreensão das pessoas que estão em volta.
Eu entendo que seja difícil de entender o que nós passamos, sentimos, etc. Porque nossos familiares olham pra gente e não veem a doença. Porque ela não aparece. E como somos jovens, lindos e cheirosos, fica difícil de acreditar quando a gente pede ajuda pra sair do sofá porque não consegue se levantar sozinho.
Quem ama acredita. #prontofalei
Eu não acho que a EM deva ser o centro da vida da pessoa ou da família. Mas não dá pra subestimar o que ela faz nas nossas vidas. Não dá pra negar a existência delas. Eu fico cho-ca-da com algumas mensagens de pessoas que estão sofrendo dobrado porque a família nega a existência da doença.
Pra vocês terem uma ideia, uma menina me disse que tava pensando em se matar, porque ela sentia todos os sintomas da EM, tinha o diagnóstico e a mãe dela dizia que era frescura dela, ela que levantasse a bunda do sofá e fosse arrumar um emprego que o problema dela era falta de serviço. Gente, ela queria se matar. Imagina a carga de sofrimento dessa pessoa. Eu fico com o coração apertado quando alguém me diz isso. Porque as pessoas que deveriam ajudar acabam prejudicando.
É por isso que eu digo que a EM é uma doença que afeta toda a família. E toda a família tem que se tratar. O remédio pra EM é só a pessoa que tem EM que vai tomar. Mas esse trabalho psicológico de aceitação da doença e das mudanças que ela exige, isso é pra toda família. Porque se a família não estiver com a pessoa na hora do aperto, quem é que vai estar?
É por conta disso que muitos maridos e esposas somem junto com o diagnóstico de EM. Porque acham que a EM não é uma "carga" deles. Já que eles não tem a doença, não precisam passar por isso. Eu, sinceramente, acho que isso é coisa de gente sem amor e sem caráter. E gente assim merece um belo e sonoro "vai tomar no c*". Desculpa gente, mas não tem outra coisa pra dizer. Ah não, tem sim: já vai tarde...
A verdade é que, quando a gente tem um diagnóstico desses, a gente precisa do colo das pessoas que amamos. E se essas pessoas não estiverem aí, o que se faz? Desespero total.
A maioria das pessoas que eu convivo e que tem EM são pessoas que têm famílias maravilhosas. Famílias que sofreram junto, aprenderam junto, cresceram junto com o diagnóstico. Famílias que, mesmo que às vezes passem por um período de "será que não é outra coisa meu filho?", acreditam quando esse filho diz que está tendo dificuldades e precisa de ajuda. Que mesmo não entendendo exatamente como a doença funciona, respeita a fadiga alheia. Aqui em casa, por exemplo, eu não espero que minha vó de 80 anos entenda a doença. De vez em quando ela sugere algum remédio caseiro pra dor na perna achando que pode resolver o problema que é neurológico. Eu escuto e deixo, porque, pelo menos, ela admite que há uma doença, respeita e tenta resolver, do jeito dela.
Como comentamos no Encontro, às vezes a família demora mais tempo pra aceitar a doença do que a gente mesmo. E isso acontece porque a gente sente a doença pulsando dentro de nós. Mas eu confesso que eu não imaginava, antes do blog, que a maioria das famílias não demora pra aceitar a doença, simplesmente nega sua existência. Eu não imaginava que o número de pessoas que sofre discriminação dentro da própria casa era tão grande. Para mim era impensável uma atitude dessas.
Esse é um dos motivos de eu insistir no tratamento da família.
Mas o tratamento da família é importante também pras famílias que aceitam a doença. Porque mesmo aceitando, há uma carga de sofrimento. As mudanças necessárias na vida de quem tem EM acaba mudando a vida deles também. E aí eu revelo outra coisa que aprendi aqui com o blog: familiares e amigos que se preocupam e amam querem entender profundamente o que é a EM. E, como a maioria dos recém diagnosticados ainda não entendeu nem para si a doença, não conseguem ajudar a família nesse momento (depois de um tempo, é a gente que acalma a família em cada surto e não o contrário).
Ao mesmo tempo em que me entristeço com os emails de pessoas pedindo o que fazer pra família ver que a EM existe, me alegro com os emails de familiares e amigos que querem entender o que seu ente querido está passando, o que pode passar.
Acho que pensarmos em alguma forma de apoio à família de quem tem EM e necessário e válido. Acho que a participação dos familiares próximos em consultas é importante. Não em todas as consultas, mas pelo menos em algumas, pra entender a doença. Os próprios neurologistas podiam pedir a presença dos familiares no consultório pra explicar o que está acontecendo com a pessoa. Evitaria uma porção de maus entendidos em casa. Fora a criação de serviços de atendimento psicológico de qualidade e especializado (ou, pelo menos, interessado em aprender sobre a doença pra poder atender seus pacientes).
Eu acho que, quanto mais conhecida for a doença, menos pior será pras pessoas fazerem entender seu diagnóstico. Por isso, vamos lá gente, de pouco em pouco a gente consegue fazer mais pessoas entenderem a EM.
Até mais!
Bjs

p.s.1: A minha família é exemplar, me respeita e entende e quando não entendem ou não sabem alguma coisa, perguntam pra melhor entender. Meus amigos também. Só posso ser grata pelas pessoas que estão comigo!
p.s.2: Sim, eu pedi autorização pra menina pra contar sua história, porque mesmo não colocando o nome, ela sabe que é ela. Ela pediu pra eu contar que hoje está bem, fazendo terapia com um psiquiatra, mas a família não aceitou ir nas consultas. Vai ficar tudo bem! ;)

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Meu último lema: tocar o coração das pessoas


Oi gente, blz?
Já falaram pra alguém hoje sobre Esclerose Múltipla? Se você não quiser falar sobre EM nunca, tudo bem. Mas hoje, só hoje, no Dia Mundial da EM, faça com que pelo menos uma pessoa do seu círculo de amizades conheça a EM. É importante pra nós que temos EM, porque quanto mais pessoas entenderem a EM, mais fácil se torna nossa vida. E é importante porque tem muita gente por aí com EM e sem diagnóstico porque nem sonham em ir num neurologista. 
Bom, a campanha desse ano é sobre lemas. Eu já compartilhei dois lemas aqui, referente a identidade ( http://www.esclerosemultiplaeeu.blogspot.com.br/2013/05/ser-feliz-e-melhor-que-ser-normal.html) e sobre o futuro (http://www.esclerosemultiplaeeu.blogspot.com.br/2013/05/ha-mais-estrada-no-meu-coracao-do-que.html).
Então hoje, Dia Mundial da EM, compartilho o meu terceiro lema, referente à relações/relacionamentos.
Esse foi difícil de pensar. Porque quando eu penso na vida eu penso que viver é se relacionar. Se relacionar sempre e a todo momento. Com pessoas, com coisas, com fatos, histórias, experiências, lugares. Viver é se relacionar com o que está a nossa volta e o que está dentro de nós.
Já diria o poeta William Blake, tudo o que vive não vive só nem para si mesmo. Tudo o que vive não vive sozinho. Nós só vivemos, só temos e fazemos história com os outros. É verdade que nem todas as relações são agradáveis, fáceis e boas. Mas são elas que nos constroem. E é por isso que eu prezo as minhas relações de amor. As relações que me fazem bem. 
O resto é o resto. 
O resto existe mas não importa. O que me importa, merece minha atenção, tempo e carinho são as relações de amor. E é por isso que eu tento colocar amor em tudo que eu faço, em tudo que eu falo e por todos os lugares onde eu vou. É bem verdade que nem sempre consigo, mas eu tento. Renato Russo estava certo, do meu ponto de vista quando disse que é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar, na verdade não há. 
Pode parecer piegas, mas é verdade. 
Eu realmente acredito que podemos todos viver em harmonia se preservarmos as relações com amor. Acredito tanto nisso que tatuei isso no meu braço (quem não viu, tá aqui http://esclerosemultiplaeeu.blogspot.com.br/2011/07/amor-infinito.html). 
Foi o amor que me fez chegar até aqui e é ele que me toca pra frente. O amor pela vida, pelas pessoas, pelo aprendizado diário. 
E se os outros não acreditam no amor, ou acham que isso é discurso bobo de gente que não entende o mundo, bom, danem-se! Eu acredito e sei que o amor me fortalece, me impulsiona, me ajuda a seguir em frente sempre e a ver o lado bom das coisas e das pessoas. 
Todo mundo tem potencial pra amar, as vezes o que falta é um pouco de jeito. 
Amar é ter a certeza de que nunca se está sozinho. E isso também me conforta.
Mas, o lema tem que ser uma frase né, e não um monte de frases. E, mais uma vez, quem me ajuda é a dona Cora Coralina: “nada do que vivemos tem sentido se não tocarmos o coração das pessoas”. Esse é meu lema. Viver com amor, espalhar amor e receber amor. Nem sempre isso é possível, mas a gente vai tentando. Por isso é um lema: algo a ser lembrado, perseguido.
Essa frase, que postei no site do WorldMSday como lema está dentro de uma poesia que eu gosto muito também, que diz assim:
“Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silencio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove. E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar. Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.”


Um feliz Dia Mundial da EM para todos nós!
Que possamos comemorar, nos próximos anos, o aumento do número de pessoas que sabem o que é a EM.
Até mais!
Bjs

p.s.: passa lá no site do WorldMSday e confere os lemas deixados pelas pessoas do mundo todo :http://mymotto.worldmsday.org/pt/whats-your-motto
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quarta-feira, 30 de maio de 2012

Dia Mundial da EM

Observação antes de ler o post: E quem puder colocar a música a seguir pra tocar enquanto lê o texto, ficará em perfeita consonância com esses lindos momentos que passamos juntos ;-)

Tuka, Débora, Eu, Karen, Junior, Ronaldo, Mari, Inês, Alessandro, Roberto, e na ponta, a Ketty. Desculpa queridos pelo esquecimento do nome de vocês, favor se acusarem pra eu colocar direitinho? hehehehe
Oi queridos, tudo bem com todos?
Hoje é 30 de maio, DIA MUNDIAL DA ESCLEROSE MÚLTIPLA. E a semana começou com fortes emoções. Pelo menos pra quem foi no FacEMcontro em homenagem a esse dia, no domingo, lá na Redenção.
Eu vou dizer um negócio, segurei o choro quinhentas vezes, porque cada um que eu abraçava, lembrava de palavras trocadas via email, blog, msn, facebook e sentia aquele carinho todo ali, naquele abraço.
Foi mais do que um encontro para nos conhecermos. Foi um encontro para nos reencontrarmos, nos reconhecermos, porque sinto que já os conhecia há muito tempo.
Agora, vou ter que ser convencida, só tinha gente bonita. Sério mesmo! Vejam as fotos e ousem discordar de mim. Conclusão: EM é doença de gente bonitérrima!
Hehehehehe.
Já disse que adorei abraçá-los né? Mas, mais ainda, de conhecer as histórias de cada um de vocês. Mesmo que pouquinho, porque três horas pra conversar com mais de 30 pessoas é muito pouco tempo.
Mas lá pude abraçar nossa mãe coragem, a Tuka, essa mulher que eu super admiro. E a Karen, mãe de adolescente com EM. E a Débora, que descobriu a doença há tão pouquinho tempo com três pimpolhos, uma casa e um emprego pra dar conta? E o Alessandro, que era piloto de avião e agora é universitário, pai e, dono do cachorro mais fofo da Redenção, o Rex (que foi junto e a Giane quis roubar. Eu disse pra ela pegar ele no colo e sair correndo, mas, óbvio que não deu).
Também pude reencontrar as lindas Lidiane, Ketty e Mary (essa menina tem um sorriso cheio de luz).
Conhecer a família de outros.
Tuka, Débora e Giane

Beto, Rita, Renata (minha mana), Sônia (minha mamãe), Karen, Alessandro e filho e o Rex.


Tuka, Márcia, Débora, Giane e Mari

Márcia, Mari, eu, mamãe e mana
Essa é a Lúcia, que vai me bater por colocar essa foto. Mas ela é minha amiga não esclerosada que compareceu no encontro e entende minhas faltas ;-) Valeu Lúcia!



Débora e Giane

Rita, mamãe, Mari e Karen

Eu, meu chimarrão e a mana panfleteando... família toda no serviço

Nossa faixa de identificação



Conhecer o Beto e a Rita então? Que super alto astral! E o Ronaldo, o Marcelo, o Tiago e o Júnior estavam lá, mostrando que EM não é doença de mulherzinha não. Ah, e eu voto que, no próximo encontro, o Tiago, pai da Letícia (hehehe) leve o violão pra cantarmos Legião Urbana, que tal Tati?
Eu tenho certeza de que devo ter esquecido o nome de alguém. E, por isso, peço mil perdões. Mas se acusem, pra que eu nunca mais esqueça.
Porque do rosto e das histórias, eu jamais esquecerei.
Sempre que eu pensar em quanto tá difícil, eu vou lembrar que também é assim pra vocês. E que, além da EM temos outros leões pra matar por dia. E que sempre vale a pena, certo?
Olha que lindo o cenário
Obrigado Giane e Karen pela confiança na minha escolha de local... acho que ficou lindo esse carinho todo embaixo das árvores num dia lindo de sol, né?
Obrigado a todos pela amizade!!!!
E um bom DIA MUNDIAL DA EM!
Comecei ele dando uma entrevista à rádio Alvorada de Marau, que dá pra ouvir online. Assim que eu achar o link, eu posto aqui.
E agora, partiu pro terceiro dia de pulsoterapia. Tá tão ruim quanto o primeiro, mas eu parei de teimar em fazer as coisas que não consigo e me frustro menos.
Ah, e eu criei um postcard com a nossa foto lá na página do worldmsday:
http://www.worldmsday.org/1000-faces/1000-faces/wall/?q=BR&t=2
Até mais!
Bjs

Belos cenários da Redenção
"Você vai rir, sem perceber, felicidade é só questão de ser.
Quando chover, deixar molhar pra receber o sol quando voltar.
Lembrará os dias que você deixou passar sem ver a luz.
Se chorar, chorar é vão porque os dias vão pra nunca mais.
Melhor viver, meu bem, pois há um lugar em que o sol brilha pra você.
Chorar, sorrir também e depois dançar, na chuva quando a chuva vem.
Melhor viver, meu bem, pois há um lugar em que o sol brilha pra você.
Chorar, sorrir também e dançar.
Dançar na chuva quando a chuva vem"... Marcelo Jeneci