terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Quem sabe um dia...


Oi gente, tudo bem?
No último mês viajei duas vezes pra São Paulo. A primeira pra gravar um Roda Viva sobre esclerose múltipla (deve ir ao ar em 2019) e a segunda pro FAS2018 (se liguem, tem todos os anos e é um evento gratuito). E mais uma vez me deparei com um sentimento bastante ambíguo dentro de mim.
Eu não sei ao certo que nome dar a isso. Mas quando eu vejo uma família saindo viajar com os filhos, me emociono profundamente e sinto uma espécie de dor no estômago que não sei explicar. Tem vezes que não consigo segurar e acabo deixando uma ou duas lágrimas rolarem.
É um desejo interno de poder fazer isso, mesmo sabendo que isso não é para mim. Eu sei, vocês vão dizer que é só levar mais pessoas, uma rede que ajude na viagem, assim dá pra sair eu, Jota e Francisco. Mas, sinceramente, se tiver mais gente, já não é só nós, não acham?
Eu fico olhando aqueles pais com os filhos no colo, saindo de férias e me dói saber que eu não posso chegar em casa e dizer: amor, vamos pra praia uns dias com o Chico?
Nessa última vez eu estava sentada esperando ser chamada pro vôo e uma família sentou do meu lado. Mãe, pai e os dois filhos. O mais velho de uns 4 anos e o mais novo de no máximo 2. Fiquei pensando no nosso “plano inicial” de engravidar quando o Chico tivesse uns dois anos. Aí o pai das crianças disse: espera aí, só vou no banheiro e já volto. Eu, que estava na minha viagem mental imaginando se eu não conseguiria mesmo levar meus dois meninos pra uma viagem, fui trazida pra realidade: se o Jota precisasse ir ao banheiro, quem ficaria com o Francisco?
É...não seria nada fácil. E aí, entre a expectativa de uma viagem prazerosa e a realidade de um passeio exaustivo e até mesmo traumático, pensei que ainda não. Quem sabe quando Francisco for maior. Quem sabe quando ele for maior também para pensarmos em outro bebê.
Toda vez que isso acontece fico muito tempo pensando sobre esse sentimento. E muitas vezes me culpo por sentir isso. Penso no quanto sou feliz com a família que tenho. E que nós só somos quem somos porque temos nossas diferenças. Porque aprendemos com essas limitações do corpo e transformamos o impossível do corpo no possível da mente e do coração. E é por isso que seguimos em frente, mesmo nos dias difíceis, que não são poucos. Mas mesmo com todo esse amor, mesmo com toda gratidão que tenho pelas nossas vidas e nosso modo de ser, continuo sentindo isso em toda sala de embarque.
Não sei se isso é errado. Não sei se existe errado e certo na verdade. Mas é verdade também que sempre fico na esperança de um dia podermos fazer isso, sair em família prumas férias juntos. Seja porque o mundo vai ser mais inclusivo, seja porque o Jota poderá estar em uma melhor condição física, seja porque o Chico vai me ajudar, seja porque eu vou ser mais corajosa, mais forte. Quem sabe, um dia...
Até mais
Bjs

5 comentários:

  1. Oi Bruna, não tenho ideia do que você está sentindo, mas repito algo que ouvi esses dias e tenho repetido todo dia: o pensamento, a consciência, eles nos levam para qualquer lugar, sem porteira nem barreira, nós vamos para onde for! Meus melhores desejos e muita luz para você e sua família. Obrigada por escrever!

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  2. Oi,Bruna!
    Hoje vivo com várias dúvida, do tipo qual será o próximo passo, ou o qual será o próximo surto, quais serão as minhas perdas em qualidade de vida.
    Enfim descobri que tenho EM a cerca de 15 dias, no meio de um surto que durou quase 2 meses. A Boa notícia é que nessa caminhada tive a sorte de encontrar um bom neuro que agiu com muita rapidez, entre a primeira consulta e o diagnóstico foram exatos 6 dias, resultado, uma internação de urgência para fazer a pulso. Apesar do choque da informação, eu diria que a minha EM está bem atípica eu não tenho fadiga, cansaço sim, mas fadiga não, não tive incontinência urinária, e nem problemas de visão, o que deixou o meu médico bastante intrigado. O meu surto já começou com perda de sensibilidade, e redução de mobilidade na perna.
    Agora estou na fase adquirindo informação e conhecimento para fazer essa condição menos dolorosa.
    Agradeço por compartilhar as suas experiências e frustrações.
    Muita luz para vocês nessa caminhada.

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    1. É difícil né? Com o tempo, as vezes fica mais fácil... mas a gente sempre fica nessa incerteza. Sobre os sintomas, eu fui sentir fadiga só 5 anos depois do diagnóstico. Faz o tratamento direitinho! BJs

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  3. Quiero agradecer al Dr. Pedro, un oficial de préstamos que me ayudó con un préstamo para expandir mi negocio de ropa a una tasa de interés del 2%. El Dr. Pedro está trabajando con una compañía de préstamos que otorga préstamos internacionales a empresas e individuos. Cualquiera puede contactarlo en su correo electrónico: pedroloanss@gmail.com

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