quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Sala de espera

Oi gentes, blz?
Ontem aconteceu uma história meio engraçada comigo. Quer dizer, eu achei engraçada.
Foi o seguinte: minha irmã, que estava na minha avó lá na cidadezinha de Carazinho (40km daqui de Passo Fundo), não passou muito bem e fomos eu e a mãe lá buscá-la.
Chegando lá, ligamos prum médico amigo nosso que disse que via ela, era só levar ela no hospital da cidade que ele estava no bloco cirúrgico, no intervalo duma cirurgia ele via o que ela tinha.
Bom, fomos lá e enquanto minha irmã foi pra consulta com minha mãe, sentei na sala de espera junto com as pessoas que estavam lá, esperando ansiosos seus parentes que estavam em cirurgia ou no pós cirúrgico.
Como vocês sabem, não sei ficar quieta, e as pessoas que estavam ali também não sabiam. Em menos de um minuto estávamos conversando. O tema era o preço alto que se paga por saúde. Uma tiazinha estava reclamando o valor de uma anestesia para a filha que ia fazer uma tomografia. Automaticamente perguntei se ela tinha claustrofobia (medo de lugares fechados) pra precisar da anestesia. Ela disse que não. Ela tem deficiência mental e não fica parada no aparelho. Olhei e disse: entendo, minha irmã também tem deficiência mental. A outra senhora olhou espantada perguntando: aquela mocinha que entrou ali? Que coisa...
Aquele silêncio...
Um senhor, que estava esperando a cirurgia da mãe de 94 anos, comentou que apesar de ser atendida pelo SUS, aqui em Passo Fundo, no Hospital São Vicente, era muito bem atendido sempre. Eu, já disse: realmente, já internei diversas vezes lá e acho ótimo. Já que é pra ir pro hospital, é bom ir prum lugar onde as pessoas parecem gostar do que fazem.
Uma das tiazinhas perguntou: mas porque você foi para o hospital?
Eu: ah, é que eu tenho esclerose múltipla, e quando fico muito ruim, preciso internar pra tomar medicação.
A pergunta que não quer calar foi feita pelo senhorzinho: é genética, hereditária essa doença?
Eu: não sei. Na verdade ninguém sabe.
Nisso, minha mãe e minha irmã saem da salinha do médico, eu levanto me agarrando na cadeira, desejo melhoras aos familiares daquelas pessoas me despedindo e saio, agarrada no braço da mãe pra descer as escadas, fazendo piada com minha irmã, perguntando se tinha tomado injeção na bunda.
O que tem de engraçado nisso?
Bom, fiquei imaginando o cartum: pessoas sentadas numa sala de espera de hospital, chega 3 moças bonitas (me achei né) e sorridentes, duas entram numa sala, a que fica ali sentada diz em menos de 10 minutos que a irmã tem deficiência mental e que ela tem esclerose múltipla, dá tchau e vai embora, sorrindo.
Parece cartum de humor negro. Ou aqueles sonhos bizarros que a gente tem quando bebe demais e dorme no sofá.
Eu ainda to rindo até agora, por ter contado sobre nossas perebas de forma tão natural. Rindo da reação das pessoas, que, com certeza teriam assunto por um bom tempo naquela sala de espera.
Dizer que minha irmã tem deficiência mental sempre foi muito natural pra mim, afinal, quando eu nasci ela já estava aqui aprontando as suas. Mas falar da minha EM com tanta naturalidade é algo mais novo (uns 5 anos). Rir da reação das pessoas e não ficar me "explicando" é mais novo ainda.
Ah, e a mana tá bem. A febre e o mal estar foi causado por alguma virose. Nada que descanso e muito líquido e o tempo não resolvam.
Até amanhã!
Bjs

4 comentários:

  1. Admiro a sua força, sua vontade de viver, sua graça e simpatia, Bru, ja te falei isso?
    Alias, qualquer pessoa que permanece sorrindo e encarando a vida com leveza, diante de tanto olhar de desconforto (porque olham, né? como se fosse errado ter uma doença, deficiencia e digno de pena) merece aplausos. Não porque seja exemplo de superação, mas simplesmente porque você não abaixa a cabeça e começa a nadar com essa corrente de pensamentos.
    Continue sempre assim, por favor! Você é mágica!
    Beijinho

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  2. Oi Bruna! Quando falei que adorei o seu blog, não disse apenas por falar. Realmente você é invejável. Pelo seu bom humor mesmo diante de algumas situações que para outras pessoas seria extremamente incômodo. Não que não seja para você, porém é essencial sabermos "lidar" com o que acontece em nossas vidas, com as coisas boas e as que não são tão boas também. Isso é o que nos torna Invejável né? o que importa é estarmos bem consigo mesmos...

    Vou continuar lendo seu blog,

    Beijos

    Letícia

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  3. Nossa meninas, assim vou ficar me achando...ehehehe
    Lak, adoro vc, seus textos, sua força, seu exemplo!
    E já que sou invejável vou andar com umas pimentas, figas, etc, penduradas no pescoço... hehehe
    Obrigado gurias!
    Bjs

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  4. Ah Bruna!! você esqueceu do pé de coelho rsrsrs..

    Bom fim de semana guria!
    bjão

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