segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Denúncia

Oi amigos, blz?
Hoje fiz a prova de conhecimentos específicos pro mestrado em Antropologia da UFRGS. Mais uma vez, saí satisfeita com a prova que fiz. Se eles vão gostar ou não, é outra história.
Dessa vez a prova foi numa sala com ar condicionado, mesas e cadeiras estofadas. Muito melhor pro meu corpitcho e pro cérebro também, porque com o corpo confortável a mente age melhor.
Meu titio querido me levou pra fazer a prova, e só entrava carro na área do prédio se fosse professor. Abri o vidro, disse pra mocinha que eu não podia subir aquele morro porque era portadora de necessidades especiais, ela me olhou meio desconfiada, mas deixou entrar com o carro até a porta do prédio.
Chegando lá fiquei feliz que pra subir pros outros andares não tinha escadaria, apenas rampa. Uma rampa bem larga e não muito íngrime. Tranquilo pra muletante, cadeirante, mancante, esclerosado, etc...
Pois bem, entramos na sala, me sentei perto da janelinha, pra olhar as árvores lá fora caso me perdesse nas perguntas, e ficamos esperando até a hora marcada. A professora que estava lá disse que éramos privilegiados, porque nas provas dos anos anteriores choveu canivetes, faltou luz, e blablabla. Pensei: legal, tá querendo nos tranquilizar. Até o infeliz comentário: "teve um ano que foi pior. Um cadeirante se inscreveu e não nos avisou que era cadeirante. Imaginem só, não nos avisou e não tinha rampa nem elevador no prédio. Nossa acessibilidade é péssima!"
Ok, a professora admitiu que a acessibilidade era ruim, mas nunca ouvi falar que pra participar de uma seleção em alguma coisa precise escrever na ficha que tem dois olhos, uma boca, 2 pernas, um cérebro, é gordo, é magro e o escambau. Que mania que as pessoas tem de achar que estão fazendo favor pra deficiente físico, quando na verdade, o que o deficiente físico quer é um ambiente bem projetado, onde ele não precise pedir ajuda dos outros até pra mijar.
Acho absurdo uma universidade federal não ser exemplo de acessibilidade. E fico triste quando pessoas com tanto conhecimento na cachola fala uma coisa dessas sem se dar por conta que o deficiente não tem que avisar que é deficiente, a universidade é que tem que estar preparada para receber qualquer tipo de pessoa. Como diz nossa amiga Taís (visite aqui o blog dela sobre acessibilidade),
"Se o lugar não está pronto para receber TODAS as pessoas, então o lugar é deficiente".
Fora isso, ontem dei uma passada na Bienal e na Feira do Livro. Sem comentários sobre acessibilidade nesses locais. Se eu não conseguia passar direito pelos corredores só porque tenho bunda grande, imagine quem anda de cadeira de rodas, quem precisa de acompanhante, etc. Ainda bem que tinha minha "muleta" ontem... minha prima lógico. Senão, seria tombo na certa diversas vezes.
Alimentei meu vício pelas palavras. Não no sentido figurado, no literal mesmo. Alimentei de verdade, de encher a pança. Tinha poesias comestíveis. Um papel estranho com sabor de limão e laranja doce. Muito divertido.
Mas para comprar livros com preço bom e conhecer as atrações da Feira, um malacabado tem que penar. Não existe vaga de estacionamento para deficiente físico. Quer dizer, existem algumas, porque a prefeitura deve pensar: esses deficientes que fiquem em casa tricotando, não tem nada que sair na rua, atrapalhar o movimento nas calçadas e ficar reclamando, coloca aí 2 vagas no centro pra eles.
E definitivamente, os corredores são muito estreitos pra tanta gente que não sabe caminhar sem cotovelar os outros.
To fazendo "denúncias" aqui hoje porque acho que devem ser feitas. Não to de mal com a vida, pelo contrário, estou muito feliz. Mas se cada um de nós pensasse um pouquinho mais no bem estar da sociedade em geral (crianças, idosos, deficientes, etc.) eu estaria mais feliz ainda e não precisaria falar disso por aqui. Pô gurizada, se liguem né!
Amanhã tem provinha de proficiência em inglês e francês e volto pra casa.
Volto pro blog quarta-feira, já em casa.
Até quarta!
Bjs

Um comentário:

  1. Essa professora nem deve ter se dado conta do que fez, ela fala desse jeito ou prq é mto mal educada mesmo ou prq não tem noção da situação.

    Quem sabe se ela tivesse um filho cadeirante e visse alguém falando assim do filho dela ela tivesse outra concepção...

    Provavelmente ai ela entenderia que o ato de ter que pedir pra poder acessar uma repartição pública já é uma segregação.


    Te amo.

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