" A doação de tempo pode ser mais satisfatória que a de dinheiro. E embora não disponhamos da mesma quantia em dinheiro, todos contamos com 24 horas diárias". - Bill Clinton
Li essa frase ontem na Época Negócios (sim, eu leio coisa séria também) e achei que fechou com o que eu queria dizer hoje. O Sr. Clinton tem toda razão.
Em uma época que todos reclamam que não tem tempo pra nada, doar seu tempo é algo tão ou mais valioso que dinheiro. Acha que não? Pensem bem quanto custa pra uma pessoa pobre pagar um curso técnico de costura, de padaria, de qualquer coisa. Se você, que sabe exercer essa tarefa doar seu tempo pra passar o conhecimento adiante, vai doar muito mais do que um pedaço de papel que se troca no mercado por um pedaço de pão. Vai estar doando dignidade e esperança de uma vida melhor.
De que adianta ter dinheiro quando o que se precisa é um carinho?
Pensando nesse assunto, lembrei do email mais triste que já recebi de um leitor do blog, que dizia assim: "a EM não me incomoda tanto quanto a solidão. Se eu tivesse tratado melhor os meus filhos, hoje eu teria a companhia deles. Mas passei a vida toda só pagando as contas deles e esquecendo de ensinar eles a dar carinho."
Esse caso ilustra bem o caso de que ter dinheiro na mão não é tão valioso quanto ter uma outra mão para segurar. O dinheiro vai e volta. As mãos que nos seguram quando precisamos permanecem sempre conosco.
E como que a gente pode ensinar os nossos pequenos a serem pessoas melhores, que tenham tempo para fazer o bem? Dando o exemplo. Como na época de Natal pensamos tanto nas crianças e no mundo que queremos deixar para elas, devemos também pensar em que crianças queremos deixar para o mundo.
Aí você pode me dizer: aaah Bruna, mas eu tenho uma doença, não posso ajudar.
E eu te digo: ninguém é tão pobre que não tenha nada pra dar aos outros. Como disse Bill Clinton, todos dispomos de 24 horas diárias, se dermos uma hora durante a semana fazendo alguma coisa pelos outros, já estaremos fazendo um mundo melhor.
E vou contar um segredo pra vocês: quando a gente se doa, acaba recebendo muito mais do que aquele que seria o "beneficiado" de nossa doação.
Eu vivo dizendo aqui que não podemos nos fazer de vítima e se colocar no papel de coitadinho. E que, quanto menos coisas fazemos, menos temos vontade de fazer, e isso também agrava a doença. Você tem EM e não pode trabalhar em um emprego regular porque as limitações da doença não te permite? Procure alguma coisa que você possa fazer num horário mais agradável pra você. Duvido, mas duvideodó que você não ache nada pra fazer que ajude o mundo a melhorar.
Assim como nós temos doenças como a EM, a humanidade sofre de doenças como o egoísmo, o orgulho exacerbado, a ganância. E adivinha quem é que pode fazer alguma coisa pra humanidade ser mais saudável? Isso mesmo, eu e você. Cada um fazendo um pouquinho.
Há alguns dias, em conversa de bar, um cara me perguntou pra que eu estudava tanto. Eu respondi que é porque eu pretendo mudar o mundo.
Sim, eu sei que é um projeto ambicioso. Mas se eu conseguir mostrar pra uma pessoa que seja, a maravilha que é viver, segundo a minha visão, já estarei satisfeita, porque é de grão em grão que a galinha fica gorda...hehe
Ah, e sem esquecer que, às vezes, temos dentro de nossas casas pessoas que precisam de um pouquinho do nosso tempo. Começar escutando a própria família já é um bom passo para entender melhor os problemas dos outros e buscar soluções melhores do que as que já existem.
Sempre que eu digo que não tenho tempo, minha mãe me diz que tempo é uma questão de preferência. Essa resposta me incomodava um pouco até um tempo atrás. Mas hoje eu vejo que é verdade. Sejamos sinceros, a gente organiza o nosso tempo da forma que melhor nos convém. E, se não acharmos importante reservar um pouco do nosso tempo pra tentar ajudar os nossos semelhantes, realmente não "teremos" esse tempo, porque preferimos não o ter.
Dar dinheiro qualquer um pode dar. E sim, é necessário também. E muito. Mas dar tempo, dar a mão pra alguém se segurar, é algo que só quem tem amor dentro de si consegue fazer.
Até mais!
Bjs
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terça-feira, 21 de dezembro de 2010
terça-feira, 19 de maio de 2009
Sinta-se útil!

Como vocês já devem ter percebido, eu vejo muita televisão. Dizem que a TV emburrece, mas como não consigo estudar em silêncio, deixo ela ligada e quando algo me chama atenção eu paro para ver.
Há poucos minutos fiquei chocada que nem ovo com uma notícia no Jornal Hoje: "Doações para vítimas das enchentes em SC foram encontradas com um microempresário do estado ". Dá pra acreditar?
No ano passado vimos nos jornais o sofrimento de quem perdia tudo em SC e agora vemos o mesmo acontecer no nordeste. Fiquei chocada em saber que pessoas conseguem se aproveitar da desgraça alheia dessa forma. Parece que o tiozinho que está com dois galpões cheios de doações, vende as peças por 1 real.
De uma forma meio mórbida, nos sentimos felizes porque a desgraça está acontecendo com os outros e não conosco. Para compensar esse sentimento, doamos aquilo que essas pessoas necessitam para reconstruir suas vidas e que não irão fazer-nos falta. E agora, quem doou está com medo de doar e de ser tudo desviado também.
É muito triste uma coisa dessas acontecer. Mas ainda assim acredito que existam pessoas trabalhando de forma séria para ajudar essa gente. E se aquilo que eu estou doando for desviado, a minha parte foi feita.
Daí fiquei pensando também no quanto a gente se sente bem fazendo o bem aos outros. Já fiz diversos trabalhos voluntários, e, apesar de não ganhar dinheiro, ganhei experiências de vida e amizades que são pra vida toda.
Sei que muitos portadores de EM estão aposentados de suas profissões porque a esclerose impede que suas atividades profissionais sejam desempenhadas. Mas nada nos impede de doar um tempo, de doar amor, de doar um pouco do conhecimento que temos.
Uma das coisas que mais ajudam o portador da EM a se "recuperar" é sentir-se útil. E ser útil não é só sair de casa e trabalhar por dinheiro. Ser útil é também dar carinho, amor, tempo. Porque às vezes, o que falta pro outro é apenas um sorriso seu.
Quando eu cuidei de crianças portadoras de HIV, antes de eu ter EM, aprendi muito sobre o que é viver com uma doença (e uma bem pior que EM).
Quando trabalhei numa biblioteca espírita, ganhei um monte de vovózinhas, e amigos também. Fora as grandes histórias que escutei e que li neste trabalho.
Por isso, quando você estiver aí parado, se sentindo uma ameba no sofá de casa. Pense que tem gente por aí precisando de você, da sua força, do seu sorriso. Ao dar força aos outros, você estará se fortificando ainda mais.
Até amanhã!
Bjs
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Doar tempo, doar vida: um ato de amor

Ontem falei sobre amor, e acho que doar-se é uma forma de amor. Doar tempo, doar carinho, doar um órgão, doar sangue, enfim, doar.
Tenho acompanhado a série "Transplante, o Dom da Vida" aos domingos no Fantástico e me emociono com o sofrimento das pessoas que estão na fila de espera.
Mas hoje não vamos falar sobre ser doador de órgãos não, afinal, só podemos doar nossos órgãos depois de "mortinhos da silva" (com algumas exceções).
Hoje quero convidar vocês a pensar um pouco mais sobre a "doação de saúde" que podemos fazer em vida: sangue e medula óssea.
Eu, infelizmente, não posso doar nem um nem outro, mas faço campanha para que as pessoas saudáveis doem um pouco do seu tempo para ajudar os outros.
Ninguém nessa vida está totalmente seguro de que não vai precisar de sangue ou de um transplante de medula. Nunca se sabe o dia de amanhã, não é mesmo? Acidentes acontecem e a vida é uma caixinha de surpresas.
O Brasil precisa diariamente de 5.500 bolsas de sangue e o transplante de medula óssea é a única esperança de vida para os portadores de leucemia (e outras doenças). Já imaginou quão fantástica deve ser a sensação de salvar uma vida?
Doar sangue ou medula é simples, rápido e não dói.
Para ser um doador de medula óssea você precisa ir a um hemocentro e dizer: "Eu quero ser doador de medula!" Aí você terá que preencher um questionário e tirar 5ml de sangue (da veia do braço, que nem exame de sangue). E pronto, você está cadastrado.
Para doar sangue não é muito diferente. Vá a um hemocentro e diga: "Quero ser doador de sangue". Você preencherá um questionário e se estiver tudo OK (veja aqui se você pode), você deita numa cadeirinha e doa uma bolsa de sangue (450ml). Esse sangue não vai te fazer falta e não dói. (Os marmanjos com medo de agulha que tomem vergonha na cara né). Depois de doar você ainda ganhará um lanchinho. O intervalo entre uma doação e outra deve ser de no mínimo 60 dias para homens e 90 dias para mulheres.
Tá, aí você vai me dizer: mas gasta um tempão, eu já não tenho muito tempo para descansar, o hemocentro é longe de onde eu moro e mais um monte de coisas.
Pode até tomar um tempo, mas não é uma coisa que se faz todos os dias, nem todo mês. Cadastro para doador de medula óssea é uma vez só na vida. Na hora que a preguiça de ir doar bater, pensem nas milhares de pessoas que precisam de sangue por dia. Pensem nos pais que perdem seus filhos para a leucemia. Pense que você não está livre de precisar desta ajuda amanhã ou depois. Pense nas pessoas que você ama e que podem precisar desta ajuda. Pense mais no outro.
Se você ainda não viu o vídeo "considerações sobre o tempo", assista aqui. O texto da propaganda é o seguinte:
“Cinco segundos caminhando na praia é pouco. Cinco segundo caminhando sobre brasas é muito. Cinco minutos para quem precisa dormir é pouco. Cinco minutos para quem precisa acordar é muito. Um fim de semana de sol é pouco. Um fim de semana de chuva é muito. Um mês de férias é pouco. Um mês sem descanso é muito. Uma vida pra quem doa é muito. Mas uma vida pra quem espera é tudo. Tempo é vida.”
Pense nisso. Doe vida!
Até amanhã!
Bjs
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