quinta-feira, 9 de maio de 2013

Ser feliz é melhor que ser normal


Oi queridos, tudo bem?
Dá pra acreditar que depois daquele drama que o avonex provocou semana passada hoje ele só deu uma febrezinha? Vai entender esse negócio. Ou seja, por aqui tudo bem...hehehe
Ontem eu falei sobre o meu lema referente a minha identidade, a aquilo que eu sou ou pretendo ser, que é:
Ser feliz é melhor que ser "normal".
E porque isso?
Bom, porque de 10 emails de pessoas que a recém tiveram o diagnóstico de EM que eu recebo, 11 perguntam se vão poder ter uma vida normal.
Em meio a todas as dúvidas e medos que as pessoas têm quando tem o diagnóstico de EM, uma das coisas que mais aparece é o medo de não ter uma vida normal.
E eu sempre pergunto pra quem me faz essa pergunta o que é normal pra você. Porque o normal, meus caros, é uma coisa relativa.
Você vai ter uma vida normal em relação a que outras vidas?
Você quer que sua vida esteja nas mesmas normas e padrões de que vidas?
Porque pra um workaholic, trabalhar a vida toda sem nenhum tipo de lazer é o normal. Para pessoas que não gostam de interagir com outras, viver sozinho é normal. Pra algumas culturas a mulher ser submissa ao homem é normal. Pra um sacerdote ter uma vida reclusa rezando é normal. Então, sua vida deve ser normal em relação a que outras vidas?
Ok, tem um "consenso" meio geral de que normal é você crescer em uma família, arrumar um emprego, trabalhar pra ganhar seu sustento, arrumar alguém que queira juntar os trapinhos com você, aí você pode ter seus filhos e assim segue o baile...
Isso pode ser bom, e pode ser o ideal de algumas pessoas e pode ser considerado normal. Mas e o que foge da regra e que também é bom, não pode? E se o que te faz feliz é viver fora desses padrões malucos que a sociedade apresenta onde ter é mais do que ser? Aí você vai deixar de ser feliz só pra ser normal?
Aí, ao invés de dizer "estou infeliz com isso, vou buscar coisas que me façam feliz" você vai continuar vivendo uma vida normal?
Eu acho que tenho uma vida normal, dentro dos meus padrões de normalidade. Mas sei que ela não é muito normal pros padrões da maioria.
Não sou uma doente normal, afinal, desafio a doença todos os dias com um sorriso no rosto. Eu posso até ter uma doença, mas não tenho "cara de doente normal". Não sou normal no meu meio profissional, porque eu não deixo de ver o pôr-do-sol ou de estar com pessoas que eu amo porque tenho que terminar um artigo. Não sou normal dentre a maioria dos meus colegas e amigos, porque a minha rotina inclui exercícios, remédios e surpresas indesejáveis como uma fadiga repentina que me coloca na cama. Não sou uma mulher adulta normal, porque não tô procurando ninguém pra casar nem planejo sair da minha casa. E muita gente acha que não pode ser normal uma pessoa viver a vida toda fazendo uma ou duas pulsoterapias por ano.
Ou seja, acho que estou meio fora de padrão. Mas eu sei que eu não tô sozinha, porque tem um bando de anormais comigo, pensando da mesma forma. Pensando que, antes de entrar em padrões para agradar os outros, é preciso ser feliz. E que dane-se o que os outros pensam sobre essa vida que a gente leva!
Eu escolhi que eu vou ser feliz e se puder vou espalhar minha felicidade. Se pra isso é preciso que eu seja anormal, paciência, é só mais um rótulo.
E é por isso que eu digo que é melhor ser feliz do que ser normal. Porque se você tem EM e resolver que vai continuar tendo a mesma vida normal de antes, isso só vai te trazer frustrações e infelicidade. Mas se você decidir que é melhor tentar ser feliz do que se enquadrar num quadrado em que você não cabe, a coisa fica mais fácil, mais leve...
Por isso que eu digo e repito: se é pra se preocupar com alguma coisa na vida se preocupe em ser feliz e não em ser normal; pelo menos é uma preocupação que vai te levar a escolhas melhores e resultados alegres.
Até mais
Bjs

p.s.: amanhã eu coloco meu lema sobre relacionamentos e o convite da Agapem para o evento do Dia Mundial da EM aqui em Porto Alegre.

28 comentários:

  1. Concordo completamente. Tenho 16 anos e fui diagnosticada com EM aos 14.
    Sabe, no início não foi fácil ver todas as minhas amigas se arrumando para irem a uma festa a noite, calçando salto e eu no hospital, fazendo pulsoterapia, mas percebi que se o lado emocional não está sadío, a EM também não vai colaborar.
    Hoje faz 1 ano que não tenho mais crises e creio muito que um fator de grande responsabilidade nisso, foi o fato de eu começar a me aceitar com a minha nova vida e ser feliz da maneira que eu sou!

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    1. Obrigada por compartilhar um pouco da tua história aqui tb! E fico muito feliz que estejas bem!
      Bjs

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  2. Você sabe o quanto eu gostei dessa frase quando li a primeira vez aqui no blog... Perfeito!!!

    Bem, sou mais um anormal no bando!!!

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  3. Normal??? Eu nunca fui normal... sou apenas eu, a Neyra!
    E...
    "Eu que me aguente comigo e com os comigos de mim."
    -Fenando Pessoa-
    Do meu jeitinho, tipo camaleoa, eu sou feliz, muito feliz!

    Amei o post Bruna!
    Beijinhos ♥

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  4. Parabéns Bruna!
    Eu acho que conseguiste neste post mostrar a hipocrisia que existe na sociedade, não somente em relaçao a EM, mas a tudo que os outros consideram "normal". Já faz tempo que não me importo com o que os outros pensam. Nós esclerosados, é que temos que achar os outros anormais... (hehehe)
    Bjs, Beti

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    1. Obrigada!
      E concordo contigo Beti! Anormal é quem não dá valor ao dia a dia!
      Bjs

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  5. Nossa!!!!! Bruna, vc é uma pessoa iluminada...usa bem as palavras e me sinto representada em seu "discurso"... O que é normal?.... Isso é muito relativo. Vamos nos concentrar e viver intensamente com a familia, amigos, pessoas de alto astral, companheiros " esclerosados", amores ( claro... Temos coracao e tesao....vixi...sera q eu podia falar isso Bruna?)..Enfim....somos seres humanos com razao e emocao...duvidas e incertezas... E merecemos a felicidade dentro da nossa normalidade... O tempo sem EM ficou no passado e temos que nos concentrar no momento presente....o futuro vai depender do agora.... Plante as sementes do amor, do bem para si e para os outros e frutos virão na mesma proporcao....bjs

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    1. Obrigada Bia!
      A gente só colhe o que planta e toda colheita precisa de tempo, então, é isso mesmo, o negócio é viver com muito tesão à vida e ser feliz!
      Bjs

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  6. Olha não vou mentir,fiquei mto revoltada mesmo quando não pude mais fazer o que fazia antes.Fiquei quase 4 anos em casa só saía de carro e olhe lá,não ia ao médico pq achei que ia melhorar mas não melhorava nunca.Mas quando fui ao neuro fiz as ressonancias,daí veio o diagnóstico EM,me deu aquele choque.Mas aí mexendo na net descobri seu blog,daí veio a minha salvação porque é tanta coisa boa que leio que mudou o meu jeito de ver a vida daqui pra frente porque vejo que tem muitas pessoas igual a mim,sentindo td o que eu sinto e que não estou sozinha nessa caminhada.Obrigada Bruna por td que tem feito pela gente.Zildelena.

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    1. Oi Zildelena, me emociono com as tuas palavras. É comum ficar revoltada com essas mudanças todas, mas a gente não pode esquecer que é muito mais do que um corpo doente né?
      Bola pra frente que tu não estás sozinha mesmo!!!
      Bjs

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  7. Estamos todos muito bem representados por você, Você sempre diz aquilo que queríamos dizer e sempre escreve algo que nos faz rever as nossas ideias e parar pra pensar um pouquinho, além de nos manter muito bem informados de tudo que acontece a respeito da EM. Você é uma pessoa especial!
    Deus continue te abençoando!!!

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    1. Obrigada Tati! Que bom que eu consigo me fazer entender. Espero que o mundo não esclerosado um dia nos entenda também ;)
      Bjs

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Hahahah... eu disse que eu não to procurando, não que eu não tope caso encontre né? Heheheheheheh
      Te adoroooo!
      Bjs

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  9. Bru, até minha filha de 10 anos leu seu texto, o comentário dela foi: Nossa, mãe, que moça inteligente! E ela chama Bruna como eu!
    Sinceramente seu texto é maravilhoso. Quando vai nos dar o gostinho de ler um livro seu??? Talento tem de sobra!
    Seu blog hj é minha terapia, pura inspiração e vontade de seguir em frente.
    Obrigada por se doar para todos nós.
    Grande beijo
    Bia. Família Incrível :-D

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    1. Obrigada Bia!!! Diz pra Bruna que toda Bruna nasce com talento pra ser feliz viu...ehhehehe
      Livro? Sei lá...um dia quem sabe. Não é meu objetivo não. Mas fico super feliz em saber que te inspira!
      Bjs

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  10. Não pedimos para ter EM, mas Deus permitiu que ela se alojasse em nosso corpo. Paciência, não somos os primeiros e nem seremos os últimos. Não é por isso que o mundo vai desabar sobre as nossas cabeças. Somos normais sim, apesar das nossas limitações. Afinal todos têm as suas limitações, sejam portadores ou não de EM.

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    1. Como eu disse André, normal é só um rótulo que as pessoas dão àquilo que elas acham certo ou natural. Ou seja, é relativo. Então, pouco importa na verdade...
      Bjs

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  11. Fiquei aqui pensando e pensando no que escrever... mas vc falou tudo Bruninha... quem é parâmetro para que a gente não se considere normal?? existe um conceito do que é ser normal??? NÃOOOO!!! o negócio é ser feliz...
    Bjo, Suzana

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    1. Isso aí Suzana, pegaste o espírito da coisa: o negócio é ser feliz!
      Bjs

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  12. Bom dia Bruna!!!
    Gostei muito do teu blog e este texto é perfeito.
    Não tenho EM, mas concordo plenamente contigo é melhor ser feliz do que normal.
    Apesar de achar os portadores de EM, normalíssimos. Apesar da luta diária para superar dificuldades, mas quem não tem?
    A diferença é que alguns esconde ou tentam esconder as imperfeições e não contam, por vergonha, a dificuldade do dia-a-dia.
    Não estou subestimando a EM, mas vejo tantos casos de pessoas deficientes por nascença ou por algum doença como AVC, que lutam diariamente para viver e ter uma vida “normal”. Uns entram em depressão ou tentam ficar alheios à vida. Outros, vão a luta e mesmo com muita dificuldade trabalham, cuidam e/ou formam família, enfim não se acovardam.
    Parabéns guerreiros.
    Felicidades e um bom dia para todos.
    Irene

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  13. Realmente, a normalidade é relativa.
    Beijos

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  14. Normalidade é mesmo uma coisa relativa... Parabéns pelo texto!
    Eu tenho lido seu blog de vez em quando, desde que meu namorado recebeu o diagnóstico de EM. De vez em quando, porque sempre que leio me emociono demais, porque parece um tipo de passaporte pra dentro da cabeça dele... é difícil ler como elepode estar se sentindo ou do que tem medo.
    Nós estamos juntos há quase dez anos, entre idas e vindas, e acabamos de nos reconciliar de uma separação de dois anos, com a intenção de não nos separarmos mais... e no meio desse processo veio o diagnóstico dele.
    Não passa pela minha cabeça outra coisa a não ser ficar do lado dele, a doença não mudou em nada o q sinto e nem o que pretendo, e nem como o vejo.
    A minha maior preocupação é dizer a coisa certa quando ele não está legal, ou saber quando não falar nada... ainda não aprendi a a dosar quando devo prestar atenção se ele está cansado ou sentindo algo diferente, e quando devo agir como sempre agi e não ficar pensando ou lembrando da EM o tempo inteiro (ele já me disse que prefere quando eu "esqueço que ele está doente", mas tenho medo de exagerar e expô-lo a programas cansativos demais - eu sou meio elétrica e agitada).
    Enfim quando leio seus textos entendo melhor esse universo que ainda é novo pra nós dois e principalmente pra ele.
    Vc me dá boas ideias com seus textos... quando consigo parar de chorar e ler, rrsrsrsrsrsrs...
    Vou continuar lendo, sempre q puder. Continue escrevendo!Vc com certeza inspira muitas pessoas...
    Um abraço,
    Lísia

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    1. Lísia, seja bem vinda! Ah, minha intenção não é fazer ninguém desidratar não viu...ehhehehe
      Acho que essa coisa de dosar como lidar com a EM no dia a dia varia muito de pessoa pra pessoa, de época da vida, como a pessoa está se sentindo. Entendo tua preocupação, porque é uma coisa muito complicada mesmo. Mas amor, sensibilidade e carinho nunca é demais.
      Bjs

      p.s.: torcendo pelo relacionamento de vcs!

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