domingo, 5 de agosto de 2012

Em qualquer lugar!


Oi queridos, tudo bem?
Eu ainda estou sonhando (literalmente) com o espetáculo que vi na sexta-feira do Cirque du Soleil. Varekai é a coisa mais bonita que meus olhinhos já viram. Se vocês tiverem a oportunidade de ver, não percam! Vale cada centavo que se paga.
Bom, mas vou contar pra vocês a novela que foi conseguir ir na área PNE do show.
Na verdade, quando fui no ponto de venda comprar, me informaram que não tinha área PNE, só área para cadeirantes. Isso foi há uns dois meses. Eu não quis discutir com os vendedores porque sinceramente, eles não tinham cara de saber dar nem meia informação a mais.
Cheguei em casa e escrevi um email pro Cirque, explicando pra eles que no Brasil existe uma lei (5296) que exige local destinado à pessoas com deficiência e dificuldade motora, ando com essa lei impressa e sublinhada na bolsa quando vou aos shows. Bom, escrevi o email explicando isso e dizendo que eu gostaria muito de ir ao show com a minha irmã (que também tem direito a utilizar esse local), mas que eu tenho esclerose múltipla e estava saindo de um surto, com dificuldade pra caminhar e, principalmente, subir e descer escadas. Também escrevi que estava decepcionada por não ter conseguido comprar o ingresso. E fiquei mesmo, de verdade!
Bom, dois dias depois, recebi uma ligação da Tickets for fun, querendo me vender os ingressos. A orientação que eles receberam do Cirque era para darem um jeito de eu poder comprar os ingressos na área PNE e, obviamente, de podermos entrar nessa área no dia do espetáculo.
E ai você pode dizer: ah, mas você quer privilégios, de poder ver o espetáculo na primeira fila. Não vou negar que é o melhor lugar ever, mas é realmente porque se não for assim, de outra forma não dá. E entre não sair de casa e ir, reclamando meus direitos, prefiro reclamar meus direitos e me divertir sempre.
Chegando lá, um choque: para entrar na área PNE, eu e a mana teríamos que entrar em cadeiras de rodas, que eles já tinham providenciado para nós porque estavam nos esperando. Foi um choque porque, eu podia entrar caminhando. Mas o organizador me convenceu ao me explicar toda a confusão que daria com a segurança do espetáculo se nós entrássemos por aquela área de outra forma, porque eram as cochias dos artistas e tudo mais. Eu ainda falei que era obrigação do Cirque colocar uma área PNE pra gente. Aí ele me disse que esse espetáculo e a estrutura toda tem 10 anos, mas que nas novas estruturas isso já está planejado. É uma desculpinha, afinal, podiam ter se adaptado no início da turnê.
Nesse momento eu podia complicar ou sentar na cadeira, deixar minha amiga Paula me empurrar e entrar feliz da vida. Escolhi sentar, até porque, já perdi meu "trauma" de cadeira de rodas. A Renata é que não gostou muito não, mas se convenceu que tava bom sentar ali depois que entramos no circo.
Não, não foi o ideal, mas fico feliz por ter sido possível. Só foi possível porque eu fui atrás. E também pela organização do espetáculo, que é um primor. Aliás, se eu ganhasse um real pra cada vez que alguém foi perguntar se eu precisava de alguma coisa, tinha ganhado a pipoca...hehehe. Achei tudo muito bem organizado. E apesar de não ser o ideal, foi perfeito (paradoxal né).
Bom, e agora, sobre o show. Primeiro, gostaria de deixar registrado que sempre gostei de circo. Nunca perdi um circo que foi na minha cidade. Aquele clima, aquelas cores, a lona, o ritmo... adoro!
De verdade, não consigo achar palavras que descrevam a beleza do que eu vi. A perfeição dos movimentos. A alegria dos artistas. A superação de tudo que o corpo humano consegue fazer. É incrível! Inimaginável o que esses artistas fazem no palco!
Quem quiser dar mais uma olhada sobre o espetáculo, é só dar uma passada no site da trupe: http://www.cirquedusoleil.com/pt/shows/varekai/show/about.aspx
Mas, resumindo, Varekai, que na língua dos ciganos quer dizer "em qualquer lugar", conta a história de um homem que cai em uma "misteriosa floresta no interior de um vulcão, existe um mundo extraordinário. Um lugar onde tudo é possível". Esse jovem seria Ícaro, aquele da mitologia, que voou até os céus mas ao passar dos limites, derreteu as asas com o calor do sol. Ícaro já estaria fazendo o impossível, voar. E ao cair nessa terra fantástica, com seres de mil metamorfoses, o personagem, ferido, passa por um caminho de descobertas e desafios, vencendo tudo pelo, adivinhem quem (ou o que), o amor. Em qualquer lugar, com esforço e amor, consegue-se vencer. Enredo lindo, lindo, lindo.
Não sei dizer o que era mais bonito ou mais extraordinário. Mas posso dizer que, ao começar o show, o personagem que mais me chamou a atenção, que me saltou aos olhos, foi um personagem muletante. Porque será, né? Hehehe. De todos que estavam lá, era o mais próximo da minha realidade... isso até ele fazer o solo dele, com um número maravilhoso com aquelas muletas. Eu mal conseguiria me pendurar nas muletas...ehheheeh. O Anjo Manco foi, originalmente interpretado por um artista com paralisia nas pernas, de verdade. Hoje o personagem que incita Ícaro a se levantar, o que pode ser interpretado física e metaforicamente é o artista brasileiro Raphael Botelho. Curti muito!
Ah, e chorei de rir com os números dos palhaços.
Fica meu muito obrigado aos artistas por despertarem tantas emoções. Eu falo pra caramba, mas dessa vez, fiquei sem palavras pra descrever o que é Varekai. Por mais piegas que possa parecer Varekai é um lugar dentro de nós, que me foi despertado com o espetáculo e que agora deixa lembranças, sentimentos e saudades.
Valeu a pena todo o esforço pra conseguir ir ver. Valeu cada centavo. Iria de novo, e de novo, e de novo...
Até mais!
Bjs

P.S.: sim, a pipoca custa 23 pila e sim, eu comprei, ou tu acha que eu ia ir até lá, ver tudo e não trazer o pote de pipoca pra casa? Faltou comprar a camiseta, que daí sim, eu não tinha grana...

5 comentários:

  1. como sempre gosto de seus comentários,me alegro com sua alegria,quem sabe um dia um dia eu também tenha a mesma oportunidade,é um prazer esta aqui!
    beijos....

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  2. Oi, Bruna.

    Eu tb vi o espetáculo aqui em Salvador. É realmente maravilhoso e os palhaços dão um show a parte, não!? Não abri mão da pipoca e meu marido comprou uma camiseta para ele. Cara sim...muito... mas LINDA!!!!! Ele ficou um charme com ela (risos)... Tem umas asas nas costas. Esses programas fazem um bem danado para a alma.
    Achei o máximo, no final, quando todos tiram as perucas, máscaras e ganham a fisionomia de gente com a gente. Sim, são pessoas como nós que nos fizeram sonhar dentro daquele mundo de fantasia por 2 horas. Maravilhoso!!!!!!

    Beijos, querida. Sempre estou por aqui.
    Vanessa

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  3. Quando fui, tudo me pareceu muuuuito acessível, fácil de entrar e de sentar. Também tenho esclerose e também estou saindo de surto. Gostou de sentar na cadeira de rodas? Dá evidência, né?

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    Respostas
    1. Foi nesse mesmo espetáculo? Porque cada show tem uma estrutura própria e diferente. Espero que as mais novas sejam melhores. A cadeira de rodas não me é nenhuma novidade, nem a evidência, afinal, bengalas também não são usuais na minha idade...ehehehe.
      Mas é lindo, não é? Bjs

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