segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Saindo da zona de conforto...

Oi queridos, tudo bem?
Eu sabia que o último post daria polêmica. E sabe porque? Porque mexe com o sentimento de muita gente. E mexe com o nosso senso de justiça, que fico feliz em dizer, parece grande em muitos de nós.
Sempre que leio no facebook alguém dizendo que as pessoas só lembram dos nossos erros e não dos acertos e blablabla, concordo e discordo... Concordo no sentido de que não podemos ser enquadrados nos nossos erros e sermos vistos apenas através deles, afinal, todos erramos. Mas acho que, se todos os nossos erros fossem públicos, nos esforçaríamos mais para errar menos.
Ok, ok... nós podemos aprender com os nossos erros. Mas também aprendemos ao acertar. Tem um ditado que diz que podemos aprender pelo amor ou pela dor. Eu prefiro sempre o amor, mas às vezes, a dor acontece. E o que a gente faz? Passa por ela e tenta aprender, pra não errar de novo.
Às vezes eu acho que a palavra "desculpa" não deveria existir. Mas na verdade, quando a gente pede desculpas sinceras, a gente não quer dizer que não teve culpa do que fez, mas que nos arrependemos e aprendemos com isso. E é por isso que acho que temos que ter a humildade de perdoar os erros dos outros. Porque também pediremos desculpas logo ali adiante.

Recebi um email perguntando se eu não podia simplesmente falar com a pessoa ao invés de tornar público. Poder até poderia, mas quantas pessoas deixariam de aprender com isso? Pois então, a gente aprende também com o erro alheio.
Ontem eu estava re-re-relendo a primeira parte da minha dissertação, bem a parte onde eu faço um resgate histórico de como a pessoa com deficiência é vista e tratada desde o início da civilização. E aí, percebi que todas as grandes mudanças aconteceram depois de grandes injustiças e depois de pessoas colocarem a boca no mundo por conta delas.
A pessoa com deficiência é tratada como um ser humano do ponto de vista legal há menos de 150 anos. É pouco tempo. Pouquíssimo. E do ponto de vista cultural, ainda tem gente que pensa que uma diferença no outro faz dele um ser não natural. E é por isso que a gente coloca a boca no mundo.
O fato ocorrido foi pequeno tendo em vista tanta coisa que acontece por aí. Mas são as pequenas ações que mudam o modo das pessoas olharem o mundo.
O negócio é que, trabalhar ou conviver com o diferente, com aquilo que a gente desconhece, nos exige sair de uma zona de conforto. E sair da zona de conforto às vezes é difícil, é demorado, é dolorido. Mas depois que saímos das nossas ridículas zonas de conforto, vemos o quanto perdemos no tempo em que nos fechamos ali, no igual, no mesmo de sempre, no que a gente achava que era melhor, mais certo ou mais bonito.
Antigamente (nem tão antigamente assim... lá pelos anos 1950), as pessoas com deficiência, principalmente intelectuais, eram confinadas nas suas casas, sem vida social. E as pessoas achavam isso muito bom, confortável e correto. Até diziam que a intenção era de proteger, de fazer o bem. Mas, como a gente sabe, de boas intenções, o inferno tá cheio...
A minha proposta é deixarmos as boas intenções de lado e trocá-las por boas ações.
Muitas boas intenções não mudam nada, mas uma pequena boa ação muda o mundo.
Essa não foi a primeira vez que passamos por uma situação de exclusão. E não será a última, infelizmente. Mas toda vez que isso acontecer, eu vou sim falar pro mundo. Porque eu sei que a dor que sentimos é a mesma dor que muitas pessoas com deficiência e suas mães, irmãos, pais, avós, primos, tios, etc., sentem. E eu sei que assim como eu, vocês também querem um mundo mais feliz e mais justo.
Começando as felicitações de fim de ano (que não ficarão por aqui):
Que 2012 seja um ano de muitas boas ações. Que a nossa zona de conforto vá pro espaço. E que tenhamos a consciência (solidária) de que nossas escolhas implicam na vida dos outros.
Até mais!
Bjs

3 comentários:

  1. É isso aí Bruna, bota a boca no trombone, coloca e expõe tua opinião, tua revolta, indignação, tristeza e alegria, pois assim muitas pessoas terão acesso e vão refletir com certeza e reavaliar suas atitudes e suas ações. Um grande beijo e sinto de coração pela injustiça cometida com a tua irmã. Abraços e NUNCA TE CALA DIANTE DE UMA INJUSTIÇA.

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  2. Olá Bruna... recentemente descobri que sou portadora de EM e deste então acompanho seu blog e só agora resolvi lhe escrever...
    E posso dizer não tive problema nenhum em aceitar a EM e você (sem saber) me deu muita força e hoje as pessoas se surpreendem quando falo que tenho EM... Mas gostaria de falar com vc, poderia me passar seu e-mail?? o meu é veruskaoliveira@yahoo.com.br
    =*

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  3. Olá Bruna, também sou portadora de EM e nunca tomei as injeções,tenho uma amiga que tem 60 anos e é portadora de Em há 16 anos, também não toma as injeções e estamos super bem...fazemos o tratamento do Dr. Cicero,conhece o Dr. Cicero Galli Coimbra? Se não conhece, vale a pena assistir ao video dele nesta entrevista.Boas festas, saúde e paz!!!
    http://www.youtube.com/watch?v=yRQkITHjZ5k

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