quarta-feira, 1 de junho de 2011

Quem tá na chuva...

Oi queridos, tudo bem?
Eu estou cada dia melhor. Mas ainda demora um tempo pra voltar ao "normal". Aliás, nunca sei o que é o normal.
Até uns anos atrás, o normal para mim era ter uma dificuldade tremenda para caminhar e ter dores todos os dias. Aí, isso passou, e o normal passou a ser caminhar sem bengala, subir e descer escadas e fazer um mooonte de coisas que há anos não fazia.
Aí, veio esse surto, que, dum dia pro outro me lembrou que o normal pode ser precisar da bengala, precisar de ajuda pra sentar e levantar, e fazer pouquíssimo esforço físico.
Não sei o que será o normal de amanhã.
Há alguns dias, um amigo, esclerosado também, me disse que não estava muito feliz, porque as coisas não estavam acontecendo como tinham que acontecer. Aí eu perguntei pra ele como é que tinham que acontecer? Quem nesse mundo sabe o que vai acontecer consigo amanhã ou depois?
A gente faz planos, a gente sonha e trabalha para realizar coisas na vida. Mas as coisas acontecem exatamente do jeito que tem que acontecer. A gente gostando disso ou não.
Temos a mania de achar que temos o controle de nossas vidas nas nossas mãos. Que podemos marcar tudo na agenda e que tudo vai acontecer do jeito programado. Aí, vem um surto que EM e faz isso virar pó. A minha EM me mostra todos os dias que eu não tenho controle sobre a minha vida. Eu tenho controle sobre como vou agir e reagir aos acontecimentos, mas controle mesmo, não tenho nem do meu corpo, que dirá do resto da vida.
Isso pode ser bom e pode ser ruim. Eu prefiro pensar que é bom. Mesmo ficando agoniada com a dependência que a EM me traz. Mesmo passando uma trabalheira pra voltar ao ritmo normal da vida. Prefiro pensar que a EM me lembra o quanto somos frágeis, e assim, o quanto temos que aproveitar tudo, mas tudo de bom que temos, somos e fazemos.
E ter essa noção de que não somos "super-homens" é bom também. Deve ser muito, mas muito mais difícil pras pessoas que se acham acima de tudo e de todos, passar por uma adversidade qualquer.
O que mais me chateia em ter que parar com tudo pra me tratar, é que o mundo não para né. Os dias passam, os prazos chegam, as coisas acontecem, e não há nada que eu possa fazer, além de me tratar, lógico.
Diz o ditado que quem está na chuva, é pra se molhar.
Passar por imprevistos, sustos e surpresas faz parte da vida. E já que estou vivendo, quero mais é me molhar mesmo. A EM faz parte de alguns pingos dessa chuva. Mas tudo bem, porque não estou me molhando sozinha e sei que posso me divertir muito até mesmo em temporal.
Até mais!
Bjs

4 comentários:

  1. Olá Bruna.... faz um tempão que não deixo um comentário, mas não deixei de ler suas postagens... que por sinal sempre esclarecem muito já que estou do outro lado da EM. Do lado de quem convive e ve a pessoa que ama passando por todas essas adversidades e tendo que se molhar todos os dias...Talvez não se lembre, mas há mais ou menos um ano eu descobri seu blog quando pesquisava sobre a doença... ao passo que me apaixonava a cada dia mais por um amigo "esclerosado" que virou namorado e que hoje é a minha razão de viver. Não sei e não posso prever como serão os proximos anos, mas posso afirmar que hoje sou a mulher mais feliz do mundo de ter ele do meu lado... Se é pra molhar... to me molhadno também...rss Bjsssssss

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  2. Oi Bruna!!! Que bom que estás melhorando!!!
    Amei o teu post!!! Lindas e sábias palavras!!!

    "Nada acontece por acaso..." por isso acredito que a EM e suas consequências faz parte do nosso aprendizado, da nossa evolução.

    Beijos com carinho,
    Neyra.

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  3. É sempre bom lembrar que nem tudo acontece conforme planejamos...

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  4. "porque não estou me molhando sozinha e sei que posso me divertir muito até mesmo em temporal."

    Copio esta ultima frase.
    Estou a tentar absorver o que vou lendo, perceber o que é ter EM, o que é o dia a dia... gostava não saber o que é, que tal doença não existisse como mtas outras!
    No entanto, as patologias existem e temos de conviver com elas, todos juntos de mãos dadas e com o melhor que elas nos podem trazer...
    Gostei do comentário da Renatta.

    Abraço,
    JJ

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