domingo, 20 de março de 2016

Girassóis para desanuviar a mente

Depois de uma semana de muito sol e calor o domingo amanheceu chuvoso.
O Jota acordou cedo e eu acabei perdendo o sono também. Uma questão rondava meu peito e não era só o céu que estava nublado...minha cabeça também.
Resolvi sair com a minha mãe, ir no mercado comprar os ingredientes pro almoço. Quem cai da cama abre o mercado no domingo. Não fui pra comprar flores. Não dessa vez. Mas a área de jardinagem sempre me capta por alguns instantes. E hoje não foi diferente. Abasteci o carrinho com mini rosas pra pendurar na minha parede, me encantei com novos e desconhecidos brotos e acabei escolhendo um vaso de Girassol. Gosto de girassóis, mesmo sabendo que são frágeis.

Mesmo num dia nublado, coloquei o bichinho lá fora, pra pegar uma claridade que fosse. No fundo, achava que mexer na terra e tomar um "sol" ia me ajudar a desanuviar a mente.
Domingo de tarde eu costumo tomar sol na Redenção, ou fico em casa trabalhando em dias de chuva. Mas hoje resolvi ir ajudar minha mãe e minha tia no trabalho de caridade no bazar do Dias da Cruz. Hoje não tem atendimento ao público, só tirar da caixa, ver se tá bom pra vender e colocar na prateleira. Sentei numa banqueta e comecei com os livros. Vocês sabem, eles são minha paixão e tem prioridade em qualquer lugar. Tirando um e outro, olhando as capas e títulos, acabei com o livro Girassóis, de Caio Fernando Abreu nas mãos. Não tive dúvidas em separar pra comprar. Quando cheguei em casa e reli esse conto de Caio entendi...


Zanzei o dia inteiro atrás de uma resposta que estava na minha cara desde a manhã, quando trouxe aquela flor frágil pra casa. E estava nos Girassóis de Caio.
"Quando voltei, a casa tinha sido pintada, muro inclusive, e vários girassóis estavam quebrados. Fiquei uma fera. Gritei com o pintor:  -Mas o senhor não sabe que as plantas sentem dor que nem a gente? O homem ficou me olhando, pálido. Não, ele não sabe, entendi. E fui cuidar do que restava, que é sempre o que se deve fazer. Porque tem outra coisa: girassol, quando flor, geralmente despenca. O talo é frágil demais para a própria flor, compreende? Então, como se não suportasse a beleza que ele mesmo engendrou, cai por terra, exausto da própria criação esplêndida. [...] Durou pouco, girassol dura pouco, uns três dias. Então, joguei-o pétala por pétala, depois o talo e a corola entre as alamandas da sacada, para que caíssem no canteiro lá embaixo e voltassem a ser pó, húmus misturado à terra. Depois, não sei ao certo, talvez voltassem à tona fazendo parte de uma rosa, palma-de-santa-rita, lírio ou azaléia.
Vai saber que tramas armam as raízes lá embaixo, no escuro, em segredo".





Aí eu entendi porque caí da cama num domingo chuvoso e ao invés de ficar em casa fui trabalhar. Não sei se isso faz sentido pra mais alguém, mas resolvi compartilhar porque, vai que faz né?
Sei lá, só sei que precisava (com ênfase no precisar) escrever isso...
Boa semana!
Até mais!
Bjs

Um comentário:

  1. Bruna e Jota, td bem com vcs? Poucas pessoas sabem que tenho EM. As que sabem são aquelas queridas, importantes, que me respeitam. Como autônoma, sem renda fixa, vcs sabem que o trabalho é importante. E as pessoas confiarem no meu trabalho, sabendo que tenho uma doença para eles desconhecida, imprevisível, me faz muito bem. Por isso, muitas vezes tb trabalho no final de semana, a noite...Me sinto útil, viva, importante! E gosto de trabalhar! Grande beijo pra vcs!

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