segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Resumo de um diário de viagem

Oi gentes, tudo bem?
Finalmente, voltei pra casa. Uma semana longe é cansativo, mas super valeu a pena.
Como contei pra vocês, fui pra Santa Maria (pra quem não conhece, uma cidade universitária no interior do RS). Fui pra apresentar um pedacinho-inho do meu trabalho do mestrado, que talvez interesse a alguns leitores do blog: Porque estudar a representação da pessoa com deficiência na teledramaturgia brasileira. Quem quiser dar uma olhada, segue o link: http://www.ufsm.br/sipecom/anais/artigos/culturaidentidade/SILVEIRA.pdf
O texto está nos anais do seminário. Aliás, nunca serei uma pesquisadora séria, porque não consigo não rir quando falam a palavra anais. No dia em que a mocinha que apresentava os palestrantes disse: "quem ainda não pegou, os anais estão na mesa da entrada do evento", ri muito. Sozinha. Certo que mais alguém achou engraçado ter que pegar seus anais na saída, mas só eu não consigo disfarçar...hehehe
Trabalho apresentado, anais devidamente guardados, fiquei passeando pela city até sábado, dia do casamento super hiper mega lindo da minha amiga Lírian (mil felicidades aos noivos, agora casados).
Foi passeando por lá que me decepcionei com a falta de acessibilidade da cidade. A própria universidade (que é federal minha gente), é uma vergonha só.
As ruas são péssimas pra quem tem deficiência motora. E o mais impressionante: a maioria dos prédios não tinha banheiro adaptado. E querem saber o mais divertido? Além de não ter banheiro adaptado em todos os prédios (só em alguns), os que eu fui não tinham tampa na privada. Sabe o que é não ter tampa na privada pra tia aqui? É um desastre!
Não que eu faça questão de sentar em tampa de privada em banheiro público, mas fazer xixi praticamente de pé não é normal pra mim. Resultado: segurei o xixi o quanto dava e só ia quando absurdamente necessário. Essa experiência bizarra comprova que o Pilates está me ajudando muito, afinal, tanto segurar xixi quanto a força pra se equilibrar, não é pouca coisa não. Gurizada, força na virilha! hehehe.
E a cidade em geral, precisa urgentemente de um plano de acessibilidade. Não entrei em um lugar público acessível. Imagina só, morar numa cidade universitária e não conseguir entrar num bar. É um crime.
Que fique claro que isso não quer dizer que eu não goste de Santa Maria. São apenas impressões de uma pessoa que fica indignada com a falta de respeito e senso de civilidade da grande maioria das cidades do país. Sim, porque não dar acessibilidade à todos é uma falta de respeito!
Entretanto, tive boas surpresas também.
Num dos dias em que fui pra UFSM (que fica longe da cidade), o ônibus estava lotado. Aí, olhei prum moço sentado no banquinho reservado para VIPs, como eu, e disse: moço, eu tenho esclerose múltipla, e pra mim é muito difícil ficar de pé no bus. Tu poderias me ceder o banco?
O rapaz prontamente se levantou e disse: aqui em Santa Maria tem uma Associação de pessoas com esclerose, eu sei o que é.
Ameeeeeeeei!
Parabéns à APEMSMAR, que tem divulgado direitinho o que é a EM e quais são nossas dificuldades do dia a dia. Parabéns mesmo!!!
Outra boa surpresa foi a presença de uma tradutora de libras no evento. Conversei com o pessoal de lá e descobri que eles tem sempre duas tradutoras na universidade, para o caso de precisar em alguma aula ou evento. Só não gostei duma matéria que li sobre pessoa com deficiência numa revistinha da universidade. Já estou providenciando um email pra editora da revista, pra que eles leiam o manual de mídia inclusiva para pararem de chamar pessoa com deficiência de portador de necessidades especiais. Vocês sabem, tenho horror disso...hehehe.
Ah, e deu tudo super certo no transporte do Avonex. O gelinho da sacolinha chegou lá ainda congelado. Ou seja, a bolsinha térmica realmente funciona. E como eu consegui minha independência me auto-aplicando aquela coisa, foi tudo tranquilo. Santa independência!!!
Acho que era isso, por enquanto.
Obrigado a todas as mensagens recebidas durante a semana.
Ah, e vivaaaaaa!!!! nessa semana conseguimos a façanha (porque eu achava que teria meia dúzia de leitores, contando a minha mãe...hehehe) de ter 400 seguidores!!!! Uhuuuuu!
E obrigado aos amigos que me fizeram companhia essa semana e me deram abrigo, e aos novos amigos feitos lá por Santa Maria. Quero voltar lá e ver uma cidade mais inclusiva hein povo!
Até mais!
Bjs

P.S.1: agradecimento especial à Jana que me aguentou boa parte da semana, 24h por dia... e a Dafne e sua mãe, Ligia, que me aturaram no findi. Lucia e Larissa também, pelos bom drink e boas risadas!

P.S.2: realmente, comer no Miau, na sorveteria São João e na Casa do Pastel é muito bom. Gentes, apanhei prum pastel gigante, que dizia no cardápio 'tamanho médio'... hahahaha.

10 comentários:

  1. Oi Bruna, gosto muito do teu blog, mas creio que te enganaste ao digitar o texto.
    Disseste que pessoas com necessidades especiais deveriam ser chamadas de pessoas com deficiencia, isso creio que só pode ter sido uma falha involuntária tua, ou de digitação.
    A em me faz ter necessidades especiais sim, mas ai de quem disser que tenho deficiencias ou alguma área deficitária em minha vida.
    Sou uma diva como bem me ensinaste.
    De deficiente tenho é nada. Minha conta bancária talvez.
    Mas eu nunca.
    Apenas como boa diva que sou, existem maneiras especiais de minhas necessidades serem supridas.
    Por favor reveja isso.
    Abraço.

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  2. Querida Diva, não há equívoco ou falha alguma.
    Quando falamos de pessoas que tem alguma deficiência (seja ela física, sensorial ou intelectual), o termo correto a se utilizar é Pessoa Com Deficiência.
    Porque necessidades especiais todos tem. O diabético tem necessidade especial de comida sem açucar. O obeso tem necessidade especial de bancos mais largos nos ônibus, e assim por diante. Porém, eles não tem deficiência.
    A matéria a que me referi era sobre pessoas com deficiência motora, visual e auditiva, ou seja, Pessoas com Deficiência.
    Há alguns dias escrevi sobre isso, dá uma olhada:
    A nossa querida EM pode tanto te trazer necessidades especiais como deficiências.
    E não há nada de errado em ter uma deficiência. Conheço milhares de divas com deficiência. Chega de preconceito com essa palavra!
    Ter uma deficiência não é sinônimo de ser ineficiente. Quer apenas dizer que você tem uma deficiência. Ponto.
    Resumindo, reveja seus conceitos sobre deficiência! Na Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidade das Pessoas com Deficiência, ficou decidido que o termo correto utilizado para falar sobre pessoas com deficiência seria “pessoas com deficiência” e não Portador de deficiência ou deficiente.
    Bjs

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  3. Interessante a discussão sobre a deficiência, hein! Tem bastante pano pra manga. Gostei. http://muitasescleroses.wordpress.com/

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  4. Coloquei um link pro teu blog Maureen!
    Na verdade, essa discussão da nomenclatura já está muita clara no mundo todo. As pessoas é que ainda não se acostumaram com isso.
    Sobre isso, sugiro a leitura da primeira parte do artigo que eu deixei o link aí em cima.
    Sobre EM e deficiência: http://esclerosemultiplaeeu.blogspot.com/2011/08/por-um-mundo-melhor.html
    Bjs

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  5. Oi Bruninha, feliz retorno!!!
    Parabéns pelo teu Trabalho de Mestrado!!! Showzasso...

    Ainda são muitas as cidades no mundo que não investem na "acessibilidade universal". Como se as pessoas com deficiência não tivessem o direito de ir e vir.
    Mas um dia chegaremos lá.
    Muito bom o teu alerta!!!

    A EM (mas vamos combinar amiga: nem tão "querida" assim, né?!! kkkkk...) me fez uma pessoa com deficiência física. Mas lido muito bem com isto, pois o que eu quero... ahhhh e como quero é SER FELIZ e sou.

    Beijos com carinho,
    Neyra.

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  6. Parabéns Bruninha deve ser bem interessante pelo pouco que vi. Estou sem tempo pra escrever, mas quando sobra um pouco passo sempre por aqui! Feliz em saber q o tratamento vai bem, até já passeou com as picadinhas ....rs
    Bjao
    Fabi

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  7. Oi Bruna.
    Não é necessário viajar até uma cidade do interior do RS para se deparar com problemas de acessibilidade. Em Brasília, Capital Federal, cidade planejada e tombada como Patrimônio Histórico possui muito disso. Basta caminhar pelas comerciais das Super Quadras da cidade, principalmente da Asa Norte, para perceber que o melhor dos atletas terá que subir e descer muitos degraus e rampas tortas para chegar ao seu destino. Os programas “No Limite” “hipertensão” e similares tiveram certa inspiração na comercial da CLN 202...kkkk.
    Fui diagnosticada com EM há pouco tempo e não apresento (e espero não apresentar) nenhuma deficiência física séria, mas posso relatar a dificuldade que tinha em trafegar com meus filhos em seus carrinhos leves, ergonômicos, lindos e maravilhosos por estas calçadas. Por vezes, tinha de dar uma volta enorme para ultrapassar tais obstáculos. Pensa bem: um carrinho de bebê em comparação a uma cadeira de rodas. Sem condições.
    Sou arquiteta e urbanista então essas questões de acessibilidade sempre estiveram em foco na minha vida, muito antes de qualquer EM. Viajo muito e um dos lugares em que a acessibilidade urbana é exemplar é em Santiago no Chile. Tirei diversas fotos de lá. Meu marido que já reclama das centenas de fotos que tiro de prédios e estruturas teve de aguentar me ver tirar fotos de calçadas, meio-fio, faixa elevada de pedestre, rampas, etc.... risos. Tento implantar esses conceitos nos projetos que recebo. Tenho a grata satisfação de trabalhar em um setor que prioriza o conceito de acessibilidade universal em seus projetos urbanísticos em cidades do entorno de Brasília. Quanto a Brasília...há estudos de também melhorar sua acessibilidade...vamos rezar para isso.
    Beijão.

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  8. Ah, mas Poa tb é uma tristeza qd falamos em acessibilidade. Precisamos mudar isso logo!
    Neyra, é impressão minha ou tu tá bem feliz? Sinto mais alegria nas tuas palavras. Adorei!
    Bjs

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  9. Eu acho ótimo poder olhar a cidade com outros olhos: os olhos de alguém que tem EM e que, por causa dela, tá enxergando cada vez pior, hehehe. Mas afora isso, depois do diagnóstico, cada vez mais presto atenção em acessibilidade, mesmo que nunca tenha ainda precisado, mas penso muito naquelas pessoas que precisam e não têm! Não fosse a EM, dificilmente pensaria nisso e espero poder abrir os olhos, cada vez mais, de pessoas que não precisam e nunca precisarão utilizar-se de acessibilidade para poderem se locomover livremente e sem dependência. Que é o que todos querem, pessoas com deficiência ou não! Tiago Rodrigo dos Santos

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  10. Parabéns pela mudança de olhares Tiago!
    Mas sabe que eu acho que todo mundo um dia vai precisar dum lugar mais acessível, seja para empurrar o carrinho de bebê do seu filho, seja quando se quebra uma perna, ou, na velhice, que o corpo fica mais debilitado.
    Ou seja, acessibilidade é uma preocupação que deveria ser de todos, não de poucos, não acham?
    Bjs

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