quinta-feira, 3 de maio de 2018

Pare, fale mas ouça também

Tá ou não tá uma gostosura esse gurizinho?

Oi pessoal, tudo bem com vocês?
Por aqui tudo bem. Francisco crescendo lindamente e eu me ocupando quase 24h por dia admirando esse crescimento e aprendizado que não é só dele, mas de todos nós que convivemos com ele.
Voltei semana passada de uma viagem linda à Natal. Fomos passar uma semana de férias, eu, minha mãe, minha irmã e Francisco. É sempre bom ficar desligado do trabalho, dos afazeres da casa, das responsabilidades diárias e se preocupar apenas em acordar, dormir, comer e ver qual vai ser o passeio do dia. Foi lindo ver as descobertas do Francisco com o mar, a areia (no ano passado ele brincou pouco, tinha apenas 5 meses), os animais (ele ficou encanado com a tartaruga no aquário e quase morremos pra tirar ele de cima de um jegue num passeio), as pessoas. E cada vez que eu vou à praia volto tendo a certeza que nasci no lugar errado. Eu sou do mar gente, certeza disso!
Mas voltando pra vida real, antes de viajar eu estava me sentindo muito cansada. A fadiga voltou a fazer parte dos meus dias e com ela alguns sintomas como formigamento no nariz em dias de muito cansaço. Estava até assustada pensando num possível surto. Mas como na praia não senti nada disso, percebi que é uma questão de descansar mais.
Mas aí, eu pergunto pra vocês, como faz pra descansar tendo um filho pequeno pra cuidar? Quem não tem filho talvez não saiba, mas a rotina de uma mãe é organizada pelos horários de sono, fome, fralda e brincadeiras da criança. Mesmo dividindo algumas tarefas com a família, a responsabilidade maior aqui em casa é comigo. E acredito que na casa da maioria das famílias seja assim também.
E aí vem aquele sentimento de algumas coisas que parecem faltar pra gente. Tem dias que eu sinto muita falta de escrever. Porque escrever pra mim sempre foi uma terapia. Mas de tanto não conseguir sentar pra escrever o que meu coração quer, estava me convencendo de que era bobagem. Comecei a questionar minha capacidade em escrever bons textos. E também fiquei pensando: pra que escrever mesmo? Tem tanta gente escrevendo sobre esclerose...tanta gente escrevendo sobre maternidade... tanta gente escrevendo sobre vida acadêmica... pra que eu vou ser mais uma pessoa escrevendo sobre essas coisas?
O Jota me lembrou algo que eu disse há alguns meses pra uma amiga que voltou a escrever sobre EM (força Marina!), que eu não deveria escrever porque os outros vão ler e concordar ou discordar, mas escrever porque é bom pra mim. Isso ficou martelando na minha cabeça. Afinal, não fui eu que escrevi uma tese de doutorado falando o quanto escrever tem um potencial curativo? Não curativo da doença física, mas de sentir-se melhor consigo mesmo.
Não por acaso, porque eu não acredito em acaso, recebi alguns emails nos últimos dias de pessoas que estão descobrindo a EM e leram meu blog nos últimos dias. É bem legal receber mensagens assim, porque dá um gás pra continuar escrevendo. No meu caso, deu um gás pra eu voltar a sentar na frente do computador e escrever livremente, sem medo de que as pessoas concordem ou não com o que eu digo. Obrigada a todos e todas que me escreveram nos últimos dias, os emails e mensagens de vocês foi de fundamental importância para eu organizar um calendário de posts novo e pensar em novos vídeos para o canal (será gravado amanhã, sem falta).
Escrever exige vontade e disciplina, mas também tempo. E nesse mês das mães, vendo os comerciais lindos (de chorar mesmo) sobre maternidade, eu me emociono mas também me pergunto quem apoia as mães para que elas possam ser elas mesmas e possam ser apoio e exemplo para os filhos. Eu confesso e abro meu coraçãozinho e intimidade da minha família pra dizer que ontem à noite tive uma séria conversa com o Jota sobre isso. Porque eu cresci ouvindo que eu sou foda, que eu sou capaz de tudo, que eu sou forte, que eu sou guerreira. Só que chega uma hora que a gente cansa e não quer ser a super mulher que os outros desenham. Eu me sinto mal porque eu sei que se dependesse da vontade dele a coparentalidade seria uma super realidade aqui em casa. Mas o corpo físico e a EM dele não permitem isso. E eu me sinto uma megera por falar pra ele como eu me sinto cansada sabendo que ele vai se sentir mal por não poder fazer muita coisa. O que ele não sabe é que me escutar, dar o peito pra eu deitar e secar minhas lágrimas já é bastante coisa. Às vezes o que uma mulher-mãe cansada quer é apenas falar o que incomoda, sem julgamentos e sem soluções mesmo. Só ser ouvida.
Eu sei, o texto de hoje virou uma miscelânea estranha. Desculpa. É que eu precisava recomeçar, mesmo sem um tema específico. Eu precisava falar. Sem ordem, sem início meio e fim. Às vezes é isso que a gente precisa. Escrever sem a pretensão de ser lida. Escrever pra esvaziar a mente e o coração.
Se alguém estiver lendo, obrigada por me acompanhar até aqui. Se eu puder dar um conselho pra você é: encontre alguém que te escute e, sempre que alguém te procurar para falar, escute essa também essa pessoa.
Até mais
Bjs

Em tempo: resgatei a leitura de um texto meu e continuo gostando dele: http://esclerosemultiplaeeu.blogspot.com.br/search?q=porque+escrevo

4 comentários:

  1. Menina, conheço bem essas sensações! Também tô nessa vibe desestimulada para escrever embora fervam assuntos na minha mente e coração. Concordo contigo de que alguém que nos ouça sem julgamento é um luxo! Muitas vezes você cumpre esse papel comigo.
    Minhas filhas estão maiores, demandam menos do meu corpo físico, mas tanto e cada vez mais do meu eu emocional. Ser mãe é a coisa mais maravilhosa desse mundo, mas é hardcore.
    Beijos

    ResponderExcluir
  2. Seu blog é um conforto p todos nós!!!
    Não para de escrever não!!
    Sou a prova viva de que os anos passam, e seus textos continuam passando o mesmo conforto a que tem EM.
    Encontrei aqui um local para conversar.
    Bjs com Carinho, Beatriz.

    ResponderExcluir
  3. Adoro ler blogs. Adoro ler o que as pessoas pensam sobre a vida. Adoro ler sobre o que
    As pessoas falam de suas vidas...enfim, a leitura é um grande amiga e companheira.
    E obrigada por escrever tão bem. Escreva sempre, garanto a vc que sempre serás lida, ao menos por mim.
    Um Bjo no seu❤️

    ResponderExcluir
  4. Oie Bruna, eu 'te conheço' a uns dois anos, tive suspeita de EM que não apareceu na ressonância, mas desde que conheci o blog nunca mais deixei de acompanhar, as vezes demoro pra vir visitar, mas sempre leio seus posts. Várias vezes pensei em deixar um comentário, mas acabei não escrevendo, desta vez achei que chegou a hora, pra você saber que assim como eu muitas outras pessoas passam por aqui, e mesmo que não deixem comentários devem sentir-se tao bem quanto eu em lê-los. Então só queria deixar um pouquinho desse gás pra você continuar escrevendo, porque eu amo seus textos, eles me fazem muito bem, sempre choro, me emociono, e aprendo muito com eles, sou muito grata por toda essa experiência que divide com todos nós. Sempre me inspiro na sua forma positiva de ver as coisas e quando passo por alguma dificuldade ou alguma alegria eu lembro de você, e venho matar a saudade, obrigada por ser essa pessoa incrível, e você não precisa ser sempre essa mulher maravilha, a gente te ama nas fraquezas também. (Digo a gente porque sei que muitas pessoas compartilham desse sentimento, assim como eu ja me senti representada nos comentários de outras pessoas).
    Um abraço,
    Cleusa Hendges

    ResponderExcluir

Ajude a construir esse blog, deixe aqui seu comentário, dúvida, críticas e elogios.