terça-feira, 26 de julho de 2016

Nossos amigos, não mais, secretos

Oi gentes, tudo bem com vocês?
Por aqui tudo ótimo. Devo muitas novidades... e hoje começo contando sobre a participação aqui de casa (eu e o Jota) no amigo secreto virtual promovido pelo Diversidade na Rua, da Mercur.
Bom, ainda em maio o pessoal da Mercur entrou em contato com a gente pra saber se toparíamos participar de um amigo secreto diferente. Um amigo secreto entre os amigos que colaboram com o Diversidade na Rua. Um amigo secreto mesmo, afinal, a maioria de nós não se conhece pessoalmente (por enquanto, eu só conheço o Jota...hehehe).
Não pensamos duas vezes: topamos!
Primeiro conhecemos todos os participantes no site do evento. Li o perfil de cada um deles e abri os sites e blogs de todos pra conhecer um pouquinho melhor. Ainda sem saber quem seria minha pessoa secreta, cheguei a conclusão de que poderia ser amiga de qualquer um dos participantes. Lendo sobre suas vidas e fuçando seus facebooks, vi que adoraria sentar num boteco e passar meu tempo jogando conversa fora com o povo todo.
Todos os convidados tinham uma coisa em comum: defendem a diversidade, lutam por acessibilidade e inclusão. Ou seja, todos eram um pouco de mim também. Alguns de nós, participantes, temos alguma deficiência física ou sensorial, outros tem pessoas com deficiência em suas famílias ou círculo íntimo de amizade, outros escolheram trabalhar com isso porque simplesmente acham que é o certo. No fim das contas, estamos todos no mesmo barco, lutando pelas mesmas coisas, cada um em um canto desse país.
Justamente por morarmos longe uns dos outros, não foi possível ter uma revelação de amigo secreto presencial, onde pudéssemos descobrir o tamanho do abraço de cada um. Mas nos envolvemos com nossas vidas e histórias de tal forma que, na hora da revelação, me senti na mesma sala que todos, tomando um café e vendo os lindos presentes escolhidos de forma tão especial para cada um.
No dia da revelação eu e o Jota estávamos num congresso acadêmico e eu fugi da palestra pra descobrir quem tinha me pegado. Bobinha eu, achando que ia voltar rapidinho... demorei uma meia hora pra recompor de tanta emoção (veja aqui o vídeo).
Eu peguei a Carmem Toledo, uma filósofa, escritora, artista talentosíssima, que mantém, junto com seus amigos e parceiros, o projeto Super Specialis, voltado, principalmente as questões de inclusão de pessoas com deficiências cognitivas como deficiência intelectual, altas habilidades e transtornos de desenvolvimento. Super me identifiquei com o Super Specialis não só porque o projeto é lindo, mas porque a vivência com a deficiência cognitiva e com a doença mental é algo que faz parte da minha formação como pessoa, afinal, minha irmã mais velha tem deficiência intelectual e esquizofrenia. E é tão difícil encontrar pessoas que se preocupem com essas deficiências que eu fiquei muito feliz em conhecer mais um grupo de amigos que se preocupam com quem vive isso diariamente, como a gente.
Pra escolher meu presente, fui atrás do perfil da Carmem e descobri que ele é fã de Tintin. Como eu não sou muito boa com trabalhos manuais, o meu presente foi feito por um pessoal da Redenção que trabalha com papel maché (conheça aqui o trabalho deles). Encomendei, especialmente pra Carmem, um quadrinho com uma releitura do Tintin pra ela enfeitar seu quarto, escritório, onde quiser. Mas aí, lendo mais sobre ela, descobri dois artigos que ela escreveu sobre a amizade em Tintin, e entendi que a amizade é uma valor muito importante pra ela. Tanto quanto é pra mim. Aí, resolvi apresentar pra ela meus personagens preferidos (e seus amigos) em alguns porta copos no mesmo material do quadrinho. Assim, envio pra Carmem meus amigos Mafalda, Calvin e Haroldo, Garfield e Odie, Snoopy e Woodstock e também uma Frida com ela mesma, afinal, devemos nos amar e sermos amigos de nós mesmos para poder oferecer algo de bom aos outros. Espero que a Carmem goste do meu presente!
Quem me pegou foi a linda da Carol Constantino, do Cantinho dos Cadeirantes. Ela me emocionou demais com as palavras e os presentes (eu já recebi). Uma linda echarpe laranja, igual a da logo aqui do blog (eu não tinha ainda, acredita?), um sapatinho vermelho pro Francisco (pra quem não sabe, tem uma simpatia de que o bebê tem que sair de sapatinho vermelho da maternidade, pra dar sorte e saúde) e uma camiseta com a logo aqui do blog, que eu também não tinha e vou amar exibir por aí...
Carol, muito obrigada! Como moramos perto, ainda precisamos marcar um encontro!!!!
Bom, agora passo a palavra ao Jota, que também quer falar sobre o presente que ele escolheu pra seu amigo secreto, o Adelino Ozores do Sobre Rodas e Batom:


Olá Adelino! Tudo bem?

Feliz em te conhecer! Foi um prazer “fuçar” no teu Face e no site do Entre Rodas & Batom e conhecer um pouco do trabalho maravilhoso que realizam, como disse no vídeo, com essas duas figuras frágeis e gigantes: a mulher e a pessoa com deficiência. Digo conhecer porque às vezes ficamos tão limitados em nosso caso (no meu, no caso de minha esposa e da Associação que trabalhamos) que acabamos não conhecendo tanto o trabalho de outros que enfrentam as mesmas condições e lutam as mesmas batalhas.
A fragilidade e gigantismo de que falo não é uma “qualidade natural” desses personagens, mas uma “natureza construída”. Uma segunda pele em resposta dos preconceitos, discursos e atitudes de uma sociedade que se aproveita das limitações do corpo com uma deficiência física. E, por isso, nos exige uma postura cotidiana de enfrentamento, de gigantismo. O que é visto pelos outros como “superação” é só a vida e as dificuldades que a pessoa com deficiência enfrenta diariamente.
Lógico, isso não dava para explicar em um vídeo de 1 minuto (ainda bem). Nem dava para explicar o meu presente. O motivo para eu ter escolhido o que escolhi. Como verá, mandei para você uma arte feita em arame. É um trabalho de um artesão aqui de um parque próximo de casa, a Redenção (se um dia quiserem vir nos visitar em Porto Alegre e também conhecer a Mercur levamos você e a Eliane lá). Brinco com a Bruna que decidi isso porque minha motricidade fina não está muito boa atualmente, hehe. Mas a verdade é que, mesmo que minhas mãos funcionassem normalmente, não conseguiria fazer algo do tipo. Nunca fui bom com trabalhos manuais e por isso preferi comprar algo.
O que lhe envio é um objeto que estava em exposição. Inicialmente, conversei com o artesão sobre a possibilidade de encomendar algo e voltei para casa sem nada. No entanto, me lembrei de uma coisa que li uma vez em um livro sobre a Cultura do Barroco e que parecia se encaixar perfeitamente naquele artesanato e para a nossa sociedade do século XXI. Lá dizia algo que o indivíduo barroco tinha que, ao mesmo tempo, lidar com as forças do mundo medieval, que pretendiam lhe estruturar e enquadrar, e construir uma subjetividade de enfretamento às determinações sociais na nova liberdade que se abria. Nessa estrutura, o sujeito estava liberto das formas fixas da ordem medieval, mas em uma sociedade que reforçava os mecanismos de repressão daquele mundo.
A época é outra, mas acredito ser aplicável à nossa sociedade e ao móbile. Provavelmente, o artesão não tenha pensado em nada disso e tal coisa seja uma viagem só minha. Mas vejo um indivíduo (mulher), que se utiliza de uma moldura (uma força que em uma arte em 2D a enquadraria em um espaço limitado) para se apoiar e romper essa estrutura dançando. Uma atitude que talvez, deva ser a nossa. Um indivíduo que sabe da moldura (todos os discursos, instituições, comportamentos etc.), mas a utiliza como apoio para dança.
Abraço e espero que goste.
Jota

22/07/2016

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Mais vídeos (e férias)

Temos mais três vídeos novinhos na canal!
Juro que semana que vem volto das minhas "férias" de posts e conto tudo sobre a defesa da tese, o curso que fiz com as Inclusivass e como estou me sentindo ultimamente com tantas mudanças. Mas, como são muitas mudanças, precisei de um descansinho.
Não viu ainda os vídeos?
Confere aí:









Bjs