Ontem falei sobre minha ansiedade. Tenho zilhões de motivos pra estar assim. Mas ontem, conversando com a minha mami sobre esse sentimento, ela disse: além de tudo, nessa época tu quase sempre tem surto.
Mamãe acertou em cheio o porque de meu inconsciente estar "sofrendo" tanto.
Assim como a gente tem memória das coisas que aconteceram nas nossas vidas, a doença tem uma memória particular (isso não tem embasamento científico gentes, mas é um estudo "empírico"meu, em todos esses anos de esclerose). Claro que eu lembro de todos os meus surtos, e em que época do ano eles aconteceram. Mas só lembro quando me perguntam ou preciso lembrar de alguma data, algum exame. Normalmente não fico pensando: semana que vem faz tantos anos de tal vez que fui pro hospital. Até porque, teria "aniversário" de internação várias vezes por mês.
Mas a esclerose, essa danada, lembra sempre quando foi que eu tive os últimos surtos. Ela não lembra de todos, mas dos últimos. Ela lembra as datas exatas em que me aterrorisou, me entristeceu, me deixou puta da vida. Ela lembra e faz de tudo pra que eu me lembre também.
Até ontem não lembrava que julho e agosto são meses "propensos"a surto. Nos últimos anos (com exceção de 2008), tive surto em todos as minhas férias de inverno. Minha doença é xarope mas se comporta e não me deixava faltar aula. Vinha sempre nas férias.
Essa minha ansiedade e melancolia não é só porque estou estudando que nem vestibulando de medicina. Porque eu a-do-ro ficar estudando o dia todo.
Essa ansiedade louca e desvairada é a memória da doença dizendo: tá na época...será que eu venho esse ano nesse mês? tá preparada pra me receber? fica aí lembrando como foram as outras vezes, os outros surtos....
É, ela sabe ser debochada. Mas sabe, mesmo ficando assim, eu olho pra ela, mostro a língua e "faço banana" pra ela. Quer vir? Pode vir, eu não posso impedir mesmo. Vou ficar assim por mais uns dias? Vou, você ativou meu medinho de surto. Mas e daí? Com surto ou sem surto, eu continuo sendo euzinha.
Tá bom gente, eu sei que a memória da doença pertence ao meu cérebrinho. Mas é como se fosse um outro ser dentro de mim. Somos vários, não é mesmo? Vou mandar esse meu outro eu tirar férias por uns tempos. Cansei dessa "memória trauma".
Se uma pessoa que sofre acidente de carro consegue andar de carro novamente, eu vou conseguir passar mais esse mês ilesa.
Até amanhã!
Bjs
Oi Bruna, lendo esse post me lembrei q acontece assim mesmo comigo, tenho um trauma de surto no niver da minha irmã e esse ano acho q tive um surtinho. Acho q como a EM tem um fundo emocional gde, pode ser q a gente acabe fazendo aparecer essa memória de traumas e levando a um surto afinal é o cérebro q comanda tudo não é????
ResponderExcluirMas força aí mocinha e não deixe isso de abater!!!
Bjs
Eu perdi a audição em fevereiro. E durante década e meia, eu sempre tinha crises de depressão em que mês? Fevereiro, lógico. O engraçado é que o resto do ano, eu encarava ótimamente bem. Só surtava justo em fevereiro... Até que um ano, um namorado meu teve uma crise de babaquice (ele resolveu comparar perder a audição com o fato dele sentir dor, quando joga futebol). Chutei eu, o namorado longe, obvio. Mas, nos anos seguintes, fevereiro vinha e ia e eu não tinha mais crise nenhuma, até esquecia da data.
ResponderExcluirNão digo que ele estivesse certo com a comparação ridicula, mas chutar algo que me incomodou de verdade, em fevereiro, me fez um bem danado. Extremamente terapêutico hihihi
Melhoras aí, viu?
Sofrendo muito com o frio, ainda?
Beijos
Pois é...nosso cérebro é burro às vezes.
ResponderExcluirGostei da terapia do "chuta que é macumba" Lak... Ah, e o frio tá de matar. É frio demais pro meu corpinho. Hoje fez 2 graus negativos aqui em Passo Fundo.
Bjs gelados!