Continuando a falar sobre o filme Milk (sim, o filme conta histórias pra muitos posts, mas só vou escrever mais esse), tenho que contar uma das estratégias utilizadas por ele para vencer o preconceito.
Ele tinha uma idéia parecida com a minha: como é que alguém vai saber que a gente existe se a gente não se mostra?
Pois é, ele convocou todos os homossexuais americanos a saírem do armário e falarem o que eles eram e que não tinham vergonha de dizer. Segundo Milk, no momento em que, cada americano se desse por conta que conheciam pelo menos um gay, a sociedade iria entender que não há nada de errado, que as pessoas homossexuais não são pervertidas e ruins.
A homossexualidade e a EM são duas coisas bastante diferentes, afinal, o primeiro não é doença, ainda que muitas pessoas pensem que é. Mas preconceitos e ideologias à parte, a idéia de mostrar ao mundo que existimos é o que eu defendo.
Como que eu vou querer que respeitem a minha limitação se eu não falar que ela existe?
A maioria das pessoas desrespeita os deficientes, malacabados e afins porque pensam que nós somos tão poucos que não precisamos de tanta atenção. A maioria das pessoas pensam: para que rampas de acesso, elevadores, banheiros adaptados e vagas especiais de estacionamento? Nem existe tanto deficiente, e eles nem saem de casa.
Mas, no momento em que, todas as pessoas verem que, conhecem (e gostam de) pelo menos uma pessoa com necessidade especial, elas vão começar a nos respeitar. Elas verão que não somos tão poucos e que não é bobagem ter um mundo adaptado. E mais, vão nos defender. Vão brigar com os boyzinhos que colocam seus carrões na vaga de deficiente, vão exigir rampas de acesso em todos os lugares, etc.
No seu "Discurso da Esperança", Milk diz que "assim que médicos gays saírem do armário, advogados gays, juízes gays, banqueiros gays, arquitetos gays... Espero que todos os gays digam 'basta', avancem e digam à todos, usem um sinal, deixem que o mundo saiba. Talvez isso irá ajudar".
Penso que no caso de nossas doenças e deficiências, falar a todos também ajuda. Se foi o tempo em que deficientes ficavam trancados em casa. Se foi o tempo em que um esclerosado ficava em casa esperando a velhice chegar. Hoje nós estudamos, trabalhamos e podemos voar as tranças por todo o mundo, basta querer e batalhar por isso.
Eu sei que cada um tem seu tempo de aceitação da doença, que no início é difícil de aceitar. Mas não contar pra ninguém que você tem uma doença não vai fazer você se curar. Você não vai deixar de ter a doença e nem os sintomas só porque não fala sobre ela. É ruim? É! É chato? É! Mas a doença não some quando não se fala dela. Pior, ela "cresce" dentro da gente.
Quando as pessoas que vivem ao seu redor sabem das suas necessidades, elas a compreendem melhor.
Não contar sobre nossas deficiências e fazer delas um bicho de sete cabeças prejudica não apenas nós mesmos, mas toda a "classe" de pessoas com as mesmas deficiências. Imaginem só, se os próprios esclerosados fizerem da esclerose uma "doença tabu", ela realmente vai ser um tabu e as pessoas vão ter preconceitos e incompreensão.
Mas, se a gente falar aos quatro cantos do mundo: eu tenho Esclerose Múltipla, eu vivo, eu luto, eu sou feliz... as pessoas vão considerar a EM apenas mais uma doença que existe no mundo.
Por isso, queridos amigos esclerosados, se ajudem e ajudem seus semelhantes: expliquem aos seus amigos, vizinhos, conhecidos o que é a nossa doença. Façam com que todos saibam que diabos é essa doença. Talvez, isso irá ajudar.
Até amanhã!
Bjs
Em tempo: hoje é o aniversário da nossa amiga e leitora Adri. Feliz Aniversário e tudo de bom pra vc! Abraço bem apertado!
Minha noooossaaaa!!!
ResponderExcluirQuanta honra... Quanto carinho!!
Obrigada minha escritora de todo dia!!
Super-beijo!
Isso me lembra o nosso projeto: junte-se ao movimento! :) Força na peruca amiga!! bjsss
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