Oi queridos, tudo bem?
Como foi o Dia Mundial do "leva uma casaquinho que pode esfriar"? Eu tive o prazer de almoçar com mamãe, vovó, titia e sogra, mães fundamentais na minha vida, nesse Dia do "você não é todo mundo!".
Esse ano não consegui escrever antes do Dia das Mães... a semana foi puxada e a fadiga muito intensa. Mas quero igual compartilhar alguns pensamentos com vocês.
No dia das mamis de 2011 eu conheci uma história que li com a minha mãe e até postei aqui no blog porque achei linda e genial. É uma história que a mãe de uma menina com Síndrome de Down contava sempre que alguém perguntava sobre como é dar a luz à uma criança com uma diferença. Ela diz mais ou menos assim (peguem o lencinho):
Frequentemente sou solicitada a descrever a experiência de dar à luz uma criança com deficiência – uma tentativa de ajudar pessoas que não têm com quem compartilhar essa experiência única, a entendê-la e imaginar como é vivenciá-la.
Seria como...
Você compra montes de guias, faz planos maravilhosos. O Coliseu. O David de Michelangelo. As gôndolas de Veneza. Você pode aprender algumas frases simples em italiano.
É tudo muito excitante.
Após meses de antecipação, finalmente chega o grande dia. Você arruma as suas malas e embarca. Algumas horas depois você aterra.
O comissário de bordo chega e diz: -
"Bem vindo à HOLANDA !"
"HOLANDA!?! " diz você – "O que quer dizer com Holanda?? Eu escolhi a Itália!
Eu devia ter chegado à Itália. Toda a minha vida eu sonhei em conhecer a Itália".
Mas houve uma mudança no plano de voo.
Eles aterrissaram na Holanda e é lá que você deve ficar.
A coisa mais importante é que eles não o levaram a um lugar horrível, desagradável, cheio de pestilência, fome e doença. É apenas um lugar diferente. Logo, você deve sair e comprar novos guias.
Deve aprender uma nova linguagem. E você irá encontrar todo um novo grupo de pessoas que nunca encontrou antes.
É apenas um lugar diferente.
É mais baixo e menos ensolarado que a Itália.
Mas, após alguns minutos, você pode respirar fundo e olhar ao redor... e começar a notar que a Holanda tem moinhos de vento, tulipas e até Rembrandts e Van Goghs.
Mas, todos que você conhece estão ocupados indo e vindo da Itália... e estão sempre a comentar o tempo maravilhoso que passaram lá.
E por toda a sua vida você dirá:
"Sim, lá era onde eu deveria estar. Era tudo o que eu tinha planeado."
E a dor que isso causa nunca, nunca irá embora... porque a perda desse sonho é uma perda extremamente significativa.
Porém... se você passar a sua vida toda remoendo o fato de não ter chegado à Itália, nunca estará livre para apreciar as coisas belas e muito especiais... sobre a Holanda.
(Emily Perl Knisley, 1987)
Eu acho essa história genial. Tanto que uso uma metáfora semelhante para explicar o diagnóstico da doença. Mas, enfim, quando li essa história, mostrei pra minha mãe porque quase nunca as mães de pessoas com deficiências são "lembradas". As mensagens de Dia das mães sempre falam daquele filho que vai crescer e deixar o ninho, que vai crescer e deixar a mãe e blablabla. Não falam daquele filho que vai crescer e isso só quer dizer que ele vai ser maior, como é o caso da minha irmã. Ou daquele que vai crescer e ter que voltar pro ninho porque uma doença ou deficiência impede que ele tenha autonomia total, como é o meu caso.
Minha mãe foi sorteada três vezes pra errarem a viagem. Ela esperava ir pra Itália, acabou indo pra Holanda (nascimento da Renata). Lá ficou um tempo, mas conseguiu ir pra Itália (eu nasci). Passados alguns anos, foi enviada pra Istambul (eu não era exatamente o que ela imaginava...tinha a tal da esclerose...hahahaha). E quando ela se acostumou com os sotaques turco e holandês, foi parar na Alemanha, que é coladinho na Holanda, mas não é a Holanda (quando a Renata desenvolveu a esquizofrenia). Mas ela é boa nesse negócio de aprender novos modos. E gosta de conhecer coisas novas. Deve ser por isso que se saiu tão bem.
Na primeira vez que li essa história, eu nem sonhava com a maternidade. Eu pensava muito na minha mãe e nas outras mães. Mas na semana passada, quando assistia uma aula sobre autismo na disciplina de Educação Especial, a professora passou essa história para sensibilizar os alunos. E eu chorei. Dessa vez não pela minha mãe e por tudo que ela já viveu com as duas pestinhas dela. Mas chorei porque eu vi que eu tô pronta pra viajar. Não me importa o destino. Eu vou aprender!
Nenhuma mulher está preparada para ser mãe, até ser uma, certo? Tenho pensado muito nisso ultimamente. As pessoas pensam em ter filhos e imaginam o filho ideal. E quando esse não vem, a decepção e o medo são muito grandes. É o caso de você estar preparado pra ir pra Itália e acabar parando na Holanda. Eu descobri que eu tô com as malas prontas pra viagem, não importa pra onde.
Não sei quando será, como será, só sei que essa viagem vai acontecer. Não sei que criança vai "cair" no meu colo, mas vai ser muito amada e nós vamos juntos, aprender a ser mãe e filha/filho. E se mudarem nosso itinerário ao longo da vida, a gente vai ir junto aprender sobre esses novos povos que nos receberão.
Sabe, eu já ouvi muito a seguinte "ameaça": você diz isso agora, quero ver quando tiver filho como vai ser. Passei minha vida inteira ouvindo isso pra tudo... desde "tu tá indo bem agora porque a quarta série é fácil, depois vai ficar pior"... (né manhê??? heheheh) não sei que sádico prazer as pessoas tem em agourar a vida dos outros, mas até hoje o pior não veio em nenhum aspecto. Então, quando os filhos vierem, vocês verão, não se preocupem...hehehehe
Como diria o poeta: caminhante, não há caminho... o caminho se faz ao caminhar!
Afinal, filho não vem com manual de instruções, vem com mãe!
Quero deixar aqui meus parabéns a todas as mulheres que toparam fazer a viagem.
Tanto as que planejaram um lugar e chegaram nele direitinho, como as que
planejaram e no início tomaram um susto. Por experiência da vida, eu estou
pensando apenas na viagem, que a vida me surpreenda com o destino!Bjs
Bruna, tu tens uma mãe sensacional! Sério, tenho muita admiração por ela e me sinto muito feliz de ter sido honrada em conhecer pessoas como vocês. Você é reflexo da família que tem e tua é incrível. Certeza que quando chegar tua vez você será uma mãe maravilhosa!
ResponderExcluirBeijos
Bruna, ser mãe é a melhor coisa do mundo, com todos os sustos e obstáculos, pois nada supera o amor. Vá em frente e seja feliz! Seu coração já está pedindo.
ResponderExcluirlindo demais. Parabéns pela viagem, será linda. Vocês chegarão no melhor dos portos e o bebezinho que está a caminho será recebido com muito amor por uma mamãe sensível e carinhosa. Teno certeza de q sua mãe se sente presenteada por ter pousado em territórios inesperados que guardavam tantas boas surpresas. Jesus abençoe vocês.
ResponderExcluirQue post lindo Bruna!
ResponderExcluirUm beijão pra tua mamis, por quem tenho muito carinho e admiração!
E também pra tua vó, titia e sogrinha!
Boa viagem querida!
Beijinhos <3
Bruna, a viagem é maravilhosa! Ser mãe é algo que não se explica. Só vivendo... Completa nossa vida! Como disse a Neyra, Boa viagem! Bjs, Roseli
ResponderExcluirPosso viajar com você...minhas malas estão prontas (vazias) heheheheh
ResponderExcluirLinda mensagem, me emocionei. Estou sonhando com essa viagem!
ResponderExcluirQue seja em breve, que seja abençoada, pra você, pra mim e pra todas
as mulheres que sonham com esse embarque.
Beijos
Josi.
A viagem nunca é simples, e acredito que poucas chegam ao destino planejado. E a mudança no itinerário não é privilégio das mães dos filhos "especiais", pois todos os filhos são "especiais" (nesse e em muitos outros sentidos). Eu, por exemplo, não planejei tornar avó aos 35 anos, quando minha filha era apenas uma adolescente sonhadora, mas estou nesse paí há cinco anos e ele é liiiiiindoooo...
ResponderExcluirÉ exatamente como diz a ilustração perfeita que você usou, o importante é descobrir as belezas do lugar onde você está, até poruque podem mudar novamente o itinerário e você pode sentir saudades do lugar onde estava.
Abraços!!!
Patrícia Massa
Bruna fazia tempo que não via seu blog e o que mais gosto é que vc não muda. Escreve sempre de um jeito tão bonito que me faz chorar e pensar bastante.
ResponderExcluirAmo seu jeito de escrever, de ver a vida e esse post do dia das mães está maravilhoso. Tb não conhecia a história dessa mãe com filha com down e me emocionei. É bem delicada, mas de uma fortaleza como poucas. Amei !
Beijos