Oi queridos, tudo bem com vocês?
Eu confesso que nessa quarta-feira de cinzas estou juntando as cinzas do que a pulso deixou e tentando reorganizar a vida.
Vou contar pra vocês a minha saga da última pulso não só pra exorcizar o que ocorreu, mas porque não adianta eu reclamar dos erros do hospital só pro hospital, né... as pessoas precisam saber.
Bom, a verdade é que essa última pulso, além de eu já estar de saco cheio e com mais corticoide do que sangue nas veias (foi a terceira em três meses), foi uma incrível sucessão de erros acabando pior do que eu imaginava/esperava, mesmo não tendo sido a pior das pulsos.
Quando eu cheguei na segunda-feira pra começar a pulso, uma técnica muito inexperiente começou o atendimento porque a Cláudia (ai, que falta você fez Cláudia), enfermeira responsável do setor havia prendido o dedo na porta do carro (uuuui) e foi ser atendida. Minhas veias não são muito boas de pegar, mas a menina conseguiu perder a única veia boa que eu tenho porque ela tremia pra colocar a agulha. Eu já fiquei puta aí. Mas, tudo bem, a Cláudia chegou depois, pegou uma veia rapidinho e colocou a medicação direitinho.
Me senti bem no primeiro dia. Além da pulso a dra me deu um outro remédio pra tomar junto, pra eu não ficar tão mortinha. Esse acho que funcionou.
Cheguei pro segundo dia, coloquei a pulseirinha, olhei os bebês que estavam chegando e fui chamada pro ambulatório. Já tinha ido resoluta a não deixar a menina pegar minha veia. Afinal, são os meus braços que ficam doendo e roxos. Chegando lá, descobri que a Cláudia estava de licença por conta do seu machucado na mão. E a Lu, que é a técnica que é do setor estava de férias. Estava eu lá, entendendo melhor do setor do que as enfermeiras que eles jogaram para nos atender aquele dia. Eu nem vou reclamar da criatura não conseguir pegar a veia de primeira, estourar outra e deixar meu braço com um roxo fenomenal que vai demorar pra sair. Só que a criatura não colocou o remédio na bomba de infusão. Segundo ela, não precisava. Eu avisei que há 5 anos eu faço pulso ali e há 5 anos eles usam a bomba porque senão dá merda. E não é que deu? A porcaria ficava entopindo, ela precisava ficar limpando o acesso e a cada limpeza de acesso, o medo de perder a veia de novo. Não preciso nem dizer o quanto eu tava puta né?
Uma hora eu ouvi a enfermeira "reclamando" pra alguém que todo mundo tava querendo a Cláudia. Bom, se o serviço estivesse sendo competente, eu ia sentir falta da Cláudia porque é uma pessoa que eu gosto. Mas, nesse caso, eu e as outras pacientes, que estão lá pelo menos uma vez no ano fazendo tratamento, estávamos sentindo falta de segurança mesmo.
Terceiro dia e eu já fui pensando: que merda que vai dar hoje? Bom, só erraram a veia. Dessa vez eu exigi a bomba e disse que não faria sem a bomba. Uma menina ficou medindo meus sinais vitais a cada meia hora (sei lá pra que mesmo) e deu tudo certo fora o hematoma na mão.
Quarto dia e eu já fui resignada a acontecer qualquer coisa. Era outra equipe, outras pessoas que não sabiam nada do setor.
Quinto dia, eu já tava cansada, chateada, drogada. Cheguei lá e... nova equipe novamente. Quero deixar claro que todas eram muito simpáticas. Mas, sinceramente, simpatia eu encontro em qualquer banco de praça. Quando eu sou atendida em saúde eu quero segurança e competência. Se der pra ter simpatia junto, melhor ainda. Bom, mas aí foi o dia da cagada mór. A enfermeira conseguiu pegar uma veia doída pra caramba, mas foi de primeira. Aí colocou o remédio na bomba, programou o negócio e eu fiquei tranquila, afinal, não sou eu que tenho que conferir o que eu tô tomando né?
Então, ela diluiu o remédio numa quantidade errada de soro. Isso quer dizer que o remédio entrou quase puro, em uma hora, na minha veia. Quando a bomba começou a apitar eu achei estranho, e aí eu olhei pra porcaria do soro e tava lá: 250ml. O mínimo que se dilui a quantidade de unimedrol que eu preciso tomar é em 500ml. Estava escrito na prescrição médica 500ml. E a guria não conseguiu errar isso? Saí de lá tão zonza que nem reclamei na hora. Até porque, que que ia adiantar eu gritar com ela? Eu ia me sentir melhor? Os efeitos da medicação seriam menores? Entrei no carro, voltei pra casa puta e fiquei calculando o que esse erro ia dar.
Passei mal a sexta-feira inteira. E à noite o corticoide mostrou a que veio: meus gânglios linfáticos começaram a inchar. Até a metade da madrugada eu estava chorando de dor, porque encostar o corpo no colchão estava doendo.
Mal dormi e acordei pronta pro carnaval. Prontinha pra desfilar pelo Unidos do Baiacu. Sabe, aquele peixe que "infla" e fica enorme? Então, meu corpo fez isso. A vontade era de andar pelada pra não ter nada encostando em mim. Fiquei três dias andando com saída de banho, sem pentear os cabelos (não conseguia encostar a escova na cabeça de tando que doía) e confesso que não tomei banho num dia porque até a água no corpo era dolorido. Além do risco de desmaiar no banho.
Além da dor, senti um mal estar absurdo. Minha pressão não passava de 8 por qualquer coisa que não dava pra ouvir. Tomei muito líquido pra ver se indo bastante ao banheiro eu fazia o corpo funcionar. Mas não melhorava. Passou domingo e nada de melhorar. Chegou segunda e eu comecei a achar que não ia dar pra aguentar. Eu tava cansada de estar cansada. Cansada de sentir dor. Fora que ir muito ao banheiro acaba dando outros problemas. E, ir ao banheiro era um problema, porque pra isso eu precisava ficar de pé e ficar de pé era risco de desmaio.
Desculpa o linguajar, mas foi foda!
Comecei a sentir alguma melhora ontem. Mas eu achei que tava indo pro saco...
Aí você me pergunta: mas Bruna, porque tu não foi no hospital ver o que podia fazer?
E aí eu te respondo: você já foi num hospital logo depois de uma pulso e teve que explicar o que era uma pulsoterapia pro médico de plantão? e já teve que explicar o que era esclerose múltipla? e teve que ver uma cara de alguém que não tá nem aí e te passa um soro qualquer só pra hidratar? ou, pior, pegou a receita sem noção do plantonista, saiu do hospital e jogou no lixo porque você entende melhor de corticoides do que o médico?
Então, eu já passei por isso. E é exatamente por isso que eu não fui no hospital. Imagina só, se durante a semana eles colocaram um monte de gente sem noção a trabalhar no ambulatório, sabe lá que tipo de profissional estaria disponível no feriado de carnaval.
É triste isso de você não confiar na instituição que deveria zelar pela saúde. É complicado você saber que não adianta ir num médico, porque ele não vai saber o que fazer. É muito ruim ficar sem saída, sem ter praonde pedir ajuda quando seu médico tira férias.
O Hospital Moinhos de Vento se vangloria de ter mil e quinhentas certificações internacionais. Mas não se digna a ter mais que uma equipe treinada para atendimento num ambulatório. Aí, quando essa equipe não está presente, nada funciona e nós, pacientes, que já estamos numa situação vulnerável, nos sentimos abandonados e inseguros. Sinceramente, eu não faço mais pulso se não for com a equipe do ambulatório. E tô expondo isso em público porque eles não podem fazer isso com as pessoas.
Eu bem que podia só reclamar lá na ouvidoria do hospital. Mas aí ninguém saberia que o serviço do "melhor hospital" do sul é a mesma merda que temos em qualquer hospital. A única diferença é que o Moinhos de Vento tem luxo e beleza dentro do hospital. Mas, sinceramente, eu espero não precisar do hospital pra uma cirurgia, internação, etc. Se a equipe erra uma porcaria duma diluição dum remédio, num ambulatório vazio e calmo (eu era a única paciente do dia), imagina o que fazem numa emergência lotada.
Eles que não me venham com aqueles selinhos de certificação que aquilo não me diz nada sobre o atendimento deles. Mas essa semana desastrosa sim...diz muito sobre o que eles acham mais importante. O bem estar dos pacientes é que não é... Se fosse, eles teriam mais pessoas conhecendo cada setor, para esses casos de substituição. E teriam profissionais que, além de simpáticos, sabem fazer seu trabalho com competência e seriedade.
#prontofalei
Sobre o inchaço, já diminuiu bastante. Ao contrário da maioria das pessoas que se preocupa em ficar com o rosto redondo e dar uma engordadinha, eu acho isso o de menos. Se eu só ficasse inchada e ganhasse uns quilinhos mas não passasse mal a ponto de achar que não vai dar pra aguentar, eu topava ficar só com cara de bolacha maria. Sério, eu chorava de dor e de achar que eu ia acabar apagando. Num dia o Jota olhou pra mim e disse: eu to preocupado contigo. Eu só respondi: eu também... acho que ele se assustou com essa resposta, porque normalmente eu diria: vai passar, amanhã vai tá melhor. Mas depois de 3 dias sem melhorar, eu já tava ficando assustada mesmo.
Hoje eu aproveito pra juntar as cinzas. Quando acordei, me sentindo melhor, falei que era como se eu não tivesse vivido os últimos 7 dias. É como se eu lembrasse de tudo até a última quarta-feira e, depois disso, tudo virou uma grande bagunça sem sentido.
Agora eu posso dizer: vai passar, vai ficar tudo bem!
Semana que vem prometo posts mais amenos... mas eu precisava botar isso pra fora. De ruim bastava a pulso...
Ah, e desculpa a todos que eu deixei sem resposta nos últimos dias. Prometo ir respondendo devagarinho a todos.
Até mais!
Bjs