domingo, 31 de julho de 2011

Alguém liga o sol aí, faizfavor?

Oi queridos, tudo bem?
Por aqui, chove muito. E faz frio. E eu tô entediada. E ansiosa.
Credo! Quanta lamentação né? Mas é verdade. Esse clima tá me transformando em uma velha rabugenta. Ou, numa criança impaciente. Ou uma mistura dos dois.
Mas, falando mais especificamente sobre EM, quando as pessoas me perguntam se tem alguma coisa que eu sinta sempre, que me lembre que eu tenho EM, fico meio sem graça de dizer que sinto dor todos os dias. Porque falando assim, parece algo muito penoso, muito triste, muito doloroso. Mas, a verdade é que a gente acaba se acostumando com algumas dores no dia a dia.
Há quem diga que ninguém se acostuma com coisa ruim. Eu acho o contrário. Dor neuropática (expliquei o que é aqui ó:http://esclerosemultiplaeeu.blogspot.com/2009/04/vou-apertar-mas-nao-vou-acender-agora.html) é um negócio ruim pra caramba, no entanto, me acostumei.
Mas, entretanto, todavia, contudo, ela vem em intesidades diferentes dependendo do dia. Tem dias que é só uma coceirinha. Assim como tem dias que dói até quando a roupa encosta na pele.
E adivinha quando que dói mais? Quando?Quando? Em dias com muita umidade ou muito frio.
Perfeito o tempo pra mim né: chuva sem parar e frio. Traduzindo: esses dias me dóem.
Não quero fazer desse meu cantinho um muro das lamentações. Mas, sei que tem uma galera esclerosada que se sente assim também e não sabe se é normal ou não é, se todos sentem ou não.
Acho que nem todos sentem essas dores, mas a grande maioria sente. O negócio é conversar com seu médico e ver alguma medicação que ajude a amenizar a dor.
Mas, com o tempo a gente se acostuma com ela, aprende a lidar com ela, o que pode fazer quando ela está mais fraca ou mais forte, e vai adaptando as coisas do dia a dia. É como a fadiga muscular que nos acompanha. Só descobrindo os limites é que a gente sabe até onde pode ir.
E não adianta. Odeio frio! prontofalei#
Pra "piorar", peguei um resfriado (sim, eu to pegando alguma coisa...hahaha). Aí, na semana passada, quando comecei a ter calafrio, dor de cabeça e etc., não sabia mais se era resfriado ou efeito colateral do Avonex. Que marravilha! :-P
E pros amigos que dizem: ah, eu gosto do frio, pra acender uma lareira, tomar chocolate quente, se enrolar num cobertor... Meu filho, então não é do frio que você gosta. Você gosta é de calor! Hehehehe
Vou ficar aqui, meio ranzinza, esperando pelo sol. Se alguém descobrir onde liga o sol, faizfavor de ligar?
Até mais!
Bjs

quinta-feira, 28 de julho de 2011

"Rampas na cabeça das pessoas"

Oi gentes, blz?
Ontem aconteceu o seminário Mídia e Deficiência na Assembleia Legislativa do RS. Só digo uma coisa pra quem tava em Porto Alegre e não foi: perdeu playboy!
Foi show! Showzaço!
Debates de alto nível que apontam pra um futuro mais acessível a todos. Fiquei muito feliz com tudo que vi e ouvi por lá.
Apesar desse resfriado que se grudou em mim, consegui ficar lá o dia todo. Hoje tô podre podre fisicamente. Mas mentalmente tenho muuuitas ideias fervilhando na cabeça. Qualquer hora eu escrevo esses meus pensamentos por aqui, depois que amadurecerem.
Além das ótimas discussões e dos novos amigos que fiz por lá, conheci o Jairo Marques, o queridão que escreve o Assim Como Você. Jairinho, amei te conhecer pessoalmente! Só acho que foi golpe baixo mostrar o vídeo Celebração aos 4 sentidos (http://www.youtube.com/watch?v=-fBaXLLS6dE)... começo a chorar com o início da orquestra e me rendo totalmente quando o tiozinho reconhece os amigos do vilarejo. Lindo demais! Quando vi que tu ia passar, já juntei meu lencinho...hehehe
Gostaria também de parabenizar todo o povo envolvido na organização e execução do evento. Tava perfeito.
E adotarei a frase da Juliana Carvalho: É preciso construir rampas na cabeça das pessoas.
Disse tudo minha amiga! É preciso entrar na cabeça das pessoas que todos temos direitos iguais, independente de nossa condição, gênero ou cor de pele. Quando respeitar o outro for uma obviedade, as barreiras físicas não existirão mais.
Agora, vamos nos preparar para a passeata do Movimento Superação, no dia 21de agosto, na Redenção em Porto Alegre. É a gurizada gaúcha malacabada rumo à dominação do mundo! Hehehe
Até mais!
Bjs

terça-feira, 26 de julho de 2011

Amor infinito

Oi meus queridos, tudo bem com todos?
Agora que consegui organizar minhas fotinhos, venho apresentar a minha nova tatuagem, feita no domingo (16/07) pelo meu primo querido e que eu fiz em conjunto com meus amores, mamãe e Raquel.
Bom, no início do ano, quando estávamos curtindo as férias na praia, chegamos a conclusão de que tínhamos que fazer uma tatuagem juntas, que representasse nosso amor.
Se fôssemos fazer um desenho que cada uma gostasse, poderia ficar algo meio bizarro. Sei lá, um anjinho com um coração e uma estrela...hahahaha.
Mas aí, no carnaval, ao invés de curtir axé nas ruas, fomos conhecer o templo budista em Três Coroas eu contei por aqui: http://esclerosemultiplaeeu.blogspot.com/2011/03/carnaval-zen.html). E lá, quando vimos um símbolo desenhado no chão, antes mesmo de saber seu significado, soubemos na hora que seria a nossa tatuagem.
E foi o que fizemos, o NÓ INFINITO. É um símbolo budista, que também é conhecido como nó do amor. Nada mais adequado não? Bom, esse símbolo, ligado ao coração de Buda e seu imenso amor por todos, representa o entrelaçamento entre os seres e quer dizer que todos os seres humanos poderiam estar ligados pelo amor e, assim, viver em harmonia.
Não que precisasse, mas agora temos nosso amor marcado na pele. Ainda acho que a família toda deveria fazer uma... mas duvido que minha vó aceite...hehehehe
Essa é minha segunda tatuagem. E a fiz no braço (a mãe fez na nuca e a Raquel fez no braço esquerdo também). A primeira (dá uma olhada aqui: http://esclerosemultiplaeeu.blogspot.com/2010/08/tatuagem-episodio-final.html ) eu fiz nas costas. Sim, quem tem EM pode fazer tatuagem.
Só tem duas coisas importantes pra observar:
1. Não fazer na cervical, porque a tatuagem pode interferir em exames de imagem, como a ressonância magnética.
2. Fazer 3 meses antes da próxima ressonância, porque a tatuagem pode demorar um pouco pra cicatrizar, como um machucado, e aí, pode ser incômodo. Antes de fazer a minha, conversei com minha médica (que não gosta muito de tatuagens, mas questão de gosto) que me liberou pra fazer até o final de julho.
Ah, e claro, fazer com alguém de confiança, lugar esterilizado, com material de boa qualidade.
A foto foi feita alguns dias depois de fazermos a tatuagem. Estou postando porque, depois que disse que tinha nova tatuagem, choveu emails pedindo pra ver. Mas vamos fazer umas fotos mais legais, e aí, eu posto aqui.
E uma mensagem especial pra Raquel e mamãe: não faria essa tatuagem com mais ninguém! Amo vocês mais que tudo, sempre!
Muito amor pra todos!
Até mais!
Bjs

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Aos amigos, aquele abraço!!!

Oi queridos, tudo bem?
Dia do Amigo acabando e vocês acharam que eu ia esquecer de vir aqui mandar um abraço né?
Bom, se eu for citar amigo por amigo e história por história de quem eu queria dar um abraço apertado hoje, a lista ia ser grande e eu correria o risco de esquecer alguém, que ficaria chateado e aí já viu né. Então, pra não correr esse risco, digo apenas que amo vocês queridos amigos. E que agradeço ao papai do céu todos os dias por ter colocado cada um de vocês no meu caminho.

Aos amigos virtuais aqui do blog, meu muito obrigado também. Gostaria de poder conhecer cada um de vocês pessoalmente. Quando leio os emails e comentários, fico imaginando como vocês são, seus sorrisos, seu jeito de olhar, etc. Aos poucos tenho conhecido alguns. E, um dia eu tomo coragem e gravo um vídeo pra vocês me "conhecerem" melhor. Se eu não tomar coragem, tomo uma vodka, que também ajuda nessas situações... hehehehe

Ah, lembram-se que eu disse que tinha dito que tinha uma novidade essa semana? Pois é... fiz uma nova tatuagem. Eu, minha mamãe e minha prima Raquel fizemos o mesmo desenho no último domingo. E como hoje é Dia do Amigo, quero agradecer e dizer que amo vocês duas demais (falta o Vini e a tia fazer a tattoo também). Não faria essa tattoo com mais ninguém!
Sobre o que é, morram de curiosidade...hehehehe. Explico aqui amanhã ou depois e coloco uma foto também.
Até mais!
Bjs

Música dedicada aos amigos hoje:



P.S.: abraço especial e super apertado para: Raquel, Sônia, Solange, Caco, Vinícius, Renata, Fernanda Schultz, Aline Kemmerich, Dionatas, Sara, Alisson, Raquel Simor, Alice, Angela, Paula, Lúcia, Dafne, Regina e Neyra.

domingo, 17 de julho de 2011

Mural de avisos


Oi queridos, tudo bem?
Hoje, dois avisos de utilidade pública.
O primeiro, é o convite para um evento que vai rolar nessa terça-feira aqui em Porto Alegre: é o 2 Encontro do Grupo para Orientação de Familiares e Pacientes com Esclerose Múltipla, promovido pelo Hospital de Clínicas.
Na programação, estão uma palestra com o Dr. Finkelstejn, sobre novos critérios diagnósticos e outra sobre aspectos jurídicos e qualidade de vida com o Sr. Marcelo Dias da Silva.
Quando: 19/07/2011
Onde: Hotel Holiday Inn (Av. Carlos Gomes, 565), das 14 às 18h.
Inscrições pelo email: mnascimento@hcpa.ufrgs.br
Já me inscrevi. Estarei por lá.


O outro aviso, é também um convite. Estou mega-super-hiper feliz com esse evento. 
Como vocês sabem (e quem não sabe, fica sabendo), minha pesquisa de mestrado é sobre a representação da pessoa com deficiência na mídia. E vocês não imaginam como é difícil encontrar gente falando a sério sobre isso. Pois bem, minha amiga Juliana Carvalho criou um evento pra ajudar a tia Bruna aqui...hehehe
Vai acontecer no dia 27 de julho (quarta-feira), o Seminário Mídia e Deficiência, com a participação de Jairo Marques (o tio do Assim como você, representantes do Grupo RBS, grupo Record, grupo Bandeirantes, das faculdades de comunicação (FABICO, FAMECOS, ULBRA e Unisinos) e das entidades de pessoas com deficiência pela primeira vez se unem com um objetivo: acelerar a inclusão.
É mais do que óbvio que estarei lá. Vai ser na Assembleia Legislativa de Porto Alegre. 


Avisos dados. Convites feitos. Então, desejo a todos um bom início de semana.
Ah, tenho mais uma novidade... mas essa eu conto (e mostro) durante a semana.
Até mais!
Bjs

terça-feira, 12 de julho de 2011

Relatividade

M.C. Escher
Oi gentes, blz?
Fiquei pensando sobre o último post... e além de descobrir uma outra coisa que a EM me ajudou a aprender, lembrei que na verdade, tudo na vida é relativo.
Primeiro, a minha "descoberta": A EM me ajudou a aprender a me frustrar e passar pelas frustrações "inteira". É gurizada, a vida é assim mesmo, cheia de frustrações e decepções. A EM me ajudou a compreender isso lá com meus 14, 15 aninhos. O que talvez tenha me ajudado a fazer as escolhas que fiz e faço hoje.
Bom, a segunda questão é a relatividade.
Já devo ter dito em algum momento por aqui aquela história de que, se você colocar um óculos com lente vermelha, vai enxergar tudo vermelho. Ou seja, pra quem olha pra doença e só consegue ver desgraça, pode ser uma questão de mudar a lente. Mudar o ponto de vista.
Tem gente que diz por aí que eu vejo a vida muito em "cor de rosa", querendo dizer que eu só vejo as coisas boas... Bueno, bem se vê que essas gentes não me conhecem...hehehe
Na verdade, bem da verdade, eu vejo a vida em multicores. Um arco-íris. Uma misturança de todas as cores. Porque é isso que ela é: nem sempre tranquila, nem sempre conturbada. O que eu prefiro é olhar a obra por todos os lados. Tentar descobrir o que tem escondido em cada cantinho dela. Ou vocês não concordam comigo quando eu acho que a vida pode ser comparada a uma obra de Escher? (Essas figuras que coloquei ilustrando o texto de hoje. Adoro ele! Um gênio!).
Pois é... EM é ruim? É! Uma bosta até eu poderia dizer. Mas que tem seu outro lado, ah...isso tem!
Talvez essa minha "mania" de ver os múltiplos lados da situação seja uma defesa minha, tentando me convencer de algumas coisas. Mas, até esse tipo de visão tem seu lado ruim. Assim como tendo (ou pelo menos tento) a ver o lado bom das coisas normalmente consideradas ruins, acabo desconfiando de tudo que se apresenta como muito bom.
Ou seja, tudo na vida é relativo. Quer dizer, depende da relação que você faz entre as coisas.
Sou gorda ou sou magra? Sou rica ou sou pobre? Sou feia ou bonita? Sou feliz ou infeliz? Sou doente ou saudável? Estou bem ou estou mal?
Depende a que você relaciona cada uma dessas "categorias"... Se eu considerar que bonito é ser loira, alta e magra, bom, jamais serei bela. Mas, como essa não é minha referência de "buniteza", não é essa a relação que eu faço entre a palavra bonita e a imagem de bonita, me vejo bonitona. E a quem interessar possa: feliz, saudável e muito bem, obrigado.
Tudo depende de onde você decide olhar.
Até mais!
Bjs
Onde começa e onde termina?

sexta-feira, 8 de julho de 2011

O que aprendi com a esclerose

Oi queridos, tudo bem?
Amanhã vai ter encontro da Agapem (Av. Independência, 359, Salão de Festas - 15h30min). Infelizmente não vou poder ir. Mesmo assim, essa reunião (que nem aconteceu e que eu não vou), me ajudou a pensar sobre o tema proposto para discussão: O que aprendi com minha Esclerose?
Pensei, pensei...e pensei mais um pouco. Porque assim, há quem pense que, só porque uma situação/experiência te trouxe um aprendizado, ela é uma coisa boa. Eu penso que não.
Me explico:
Acredito que aprendi muita coisa com minha Esclerose. Mas muita coisa mesmo. Coisas que fazem de mim a pessoa que sou hoje. Mas, só porque aprendi com ela, não acho que seja bom ter EM. 
Queimar a mão no fogo não e bom, mas às vezes é necessário para aprendermos que o fogo queima. Cair de bicicleta não é bom, mas é necessário pra gente aprender a pedalar. 
Também acredito que toda experiência tem um porque na nossa vida. Se a gente não descobre na hora, vai descobrir mais adiante a razão das coisas. E sim, acredito que tudo, mas tudo mesmo, pode virar um aprendizado. Isso vai depender do ponto de vista de cada um. 
Se, quando eu tive aquele surto desgraçado que me deixou muito dependente, eu tivesse ficado reclamando, é possível que não tivesse descoberto o quão importante é ter força de vontade. Nem teria aprendido meus limites. 
Há tanta coisa que esses anos de EM me ensinaram. Pode ser que eu tivesse aprendido tudo isso, sem a EM também. Mas tem alguns aprendizados que eu acho que a EM acelerou. Quero dizer... existem algumas coisas que é provável que com o tempo eu aprendesse, mas tive que aprender muito rápido duma vez só.
Exemplos?
Aprendi que a dor pode enlouquecer uma pessoa. Pode até tirar a vontade de viver. Mas também aprendi que ter pessoas que te amam em volta, faz qualquer dor ser menor do que a vontade de ser feliz com essas pessoas. 
Aprendi que querer nem sempre é poder. Mas que, quando a gente quer muito uma coisa, e essa coisa vai ser boa pra nós, e nos esforçarmos muito pra fazer isso virar realidade, pode acontecer (quase letra de Lua de Cristal...hehehe). Da mesma forma, aprendi que nada acontece se a gente não tirar a bunda do sofá e fizer acontecer. E ainda, nesse sentido, aprendi que quando aquilo que queremos não se realiza, pode não ser por incompetência minha, mas porque não é pra acontecer mesmo. Nem sempre o que a gente quer, é o que é melhor. Desculpa psicológica pra incompetência? Talvez...mas eu tenho um sorriso no rosto.
Com isso, também aprendi que não podemos colocar todas nossas expectativas numa coisa só. Porque se você tem vários sonhos e apenas um deles não se realiza... bueno, paciência né! É melhor não colocar todos os ovos numa cesta só...
E, como nem tudo que a gente quer, a gente consegue, aprendi a ter resiliência, aquela "capacidade  de enfrentar, vencer e ser fortalecido ou transformado por experiências de adversidade" (mais sobre: http://esclerosemultiplaeeu.blogspot.com/2010/12/resiliencia-amigosresiliencia.html).
Mas será que isso eu aprendi por conta da EM ou por conta da vida mesmo? Não sei... é provável que nunca saiba. O importante é que aprendi.
Outra coisa importante que aprendi, é que toda tristeza pode se transformar em aprendizado. Mais uma vez, não estou dizendo que a tristeza se torna felicidade, nem que uma doença ruim passa a ser boa. Apenas que, se mudarmos o ponto de vista, as coisas ficam diferentes. 
Talvez a EM tenha me "ensinado" a ser menos intolerante e ter mais paciência. Mas nem tanto... acho que ainda falta.
Mas uma coisa, que acho que a EM me ensinou é que eu não posso perder tempo. Explico: a maioria das pessoas se programa para fazer as coisas amanhã, mais tarde, etc... Eu me programo sempre adiantando algumas atividades. Porque? Porque eu sei que posso acordar amanhã em surto de EM. E aí, sei que vou precisar parar com tudo por uns dias. Como sou perfeccionista, exigente e pontual, prefiro estar sempre adiantada.
E por mais que pareça que isso deixa a pessoa ansiosa, isso na verdade faz de mim uma pessoa mais relax. Simplesmente porque acho que além das obrigações do cotidiano, tenho obrigações com "meu espírito". Não deixo de me divertir, caminhar sem rumo, tomar sorvete no meio da tarde, etc... Aprendi a me importar menos com o que os outros vão dizer, com as convenções tradicionais. Porque o que me importa é deitar a cabeça no travesseiro e saber que eu fiz o que devia e o que queria. O que me importa é me sentir feliz. 
Se isso aprendi por conta da EM? Não sei... só sei que facilita a minha vida. E acho que facilitaria a de todo mundo. (Que fique claro, isso não quer dizer porraloquice...é equilíbrio mesmo).
Ah, mas uma coisa que eu tenho certeza que aprendi com a EM é que a gente nunca sabe de tudo que é capaz, até que a vida nos cobra. E aprendi que somos capazes de superar tudo. O ser humano definitivamente não tem limites. Nosso corpo frágil pode ter, mas nossa mente não. 
Ter amigos, família e muito amor é fundamental. Porque é isso que faz com que acreditemos em nós mesmos. Tento valorizar o que tenho enquanto eu tenho, porque depois que se perde, não adianta muito ficar chorando. Me refiro a tudo, desde o ato de conseguir caminhar sozinha ao fato de ter pessoas maravilhosas ao meu lado. 
Nossa...esse texto já tá muito grande...e metade dos leitores já deve ter desistido de ler. Aprender a falar 
demais não aprendi com a EM não...foi com a família mesmo...
Resumindo tudo, talvez a EM tenha me ensinado que nem tudo é o que parece ser, que sempre há uma forma diferente de ver as coisas, e que, quando a gente se abre para essas outras visões, a gente pode se surpreender muito de forma positiva. 
Boa reunião aos que forem...
Até mais!
Bjs 

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Programa furado da MTV


Oi queridos, td bem?
Como todos estão cansados de saber, adoro televisão. E quando não estou lendo, estudando ou tomando banho, tô vendo TV. Mas tenho o hábito de ficar mudando de canal, do 1 ao 90, do 90 ao 1.
Pois bem, ontem à tarde, quando fazia isso, parei na MTV, porque tava passando o Furo, um programa que gosto, de piadinhas sobre o cotidiano, etc.
Mas ontem eles conseguiram me deixar muuuuuuuito puta da cara com uma piada ignorante:
Bento Ribeiro, ao falar da atriz Suzana Vieira, disse que ela estava senil, que deveria ter ESCLEROSE MÚLTIPLA, que tinha demência.
Nooooooooooooossa...pulei do sofá!
Como assim Bentinho? Tá maluco? Com demência? (Obs: vamos deixar os problemas comportamentais e de caráter da Suzana Vieira de lado... não é a nossa vida, não nos interessa...)
Como é que colocam no ar uma piada com uma doença sem saber do que estão falando?
Quer fazer piada, ok, faça, mas se informe antes sobre o que tá falando. Principalmente na televisão, esse meio maravilhoso de divulgação de tudo (coisas boas e ruins).
O problema, é que essas criatura aí da MTV, parecem não entender ou não querer enxergar o quanto eles influenciam no cotidiano do jovem. Eles esquecem que a gurizada tem esses comediantes como modelo, e repetem a maioria das coisas que eles falam.
E aí, a gente se esforça horrores, faz campanhas, folders, entrevistas e o escambau pra dizer que Esclerose não tem nada a ver com velhice ou demência e vem um ignorante desses e diz isso em rede nacional num canal visto majoritariamente por jovens? Pelos mesmos jovens que estão recebendo o diagnóstico de EM?
Faça-me o favor né!
Não é de deixar qualquer um puto da cara?
Ai ai, senhor Bento Ribeiro... não faz juz ao pai que tem... e rostinho bonito tu tens agora né bonitão?
É...esse tipo de coisa me deixa triste. Mas não me faz desistir não... de jeito nenhum. Me dá é mais vontade de gritar, e gritar cada vez mais alto:
CHEGA DE IGNORÂNCIA!!!!
Quem tiver vontade, grita comigo!
Até mais!
Bjs

segunda-feira, 4 de julho de 2011

O sexo tá na cabeça

Oi gentes, blz?
Quarta-feira passada aconteceu um fenômeno na minha caixa de e-mail: cinco mensagens sobre o mesmo tema: sexo. Não, não eram propostas...hehehe, eram perguntas sobre sexo e esclerose múltipla.
Confesso que fiquei meio assustada, afinal, não sou sexóloga.
Aí pensei: deve ser o frio, aí as pessoas ficam em casa, com um vinho, uma lareira...e aí, já viu né...
Depois, fiquei sabendo que um programa de televisão (Bem Estar - Rede Globo) disse que quem faz sexo duas vezes por semana, aumenta a vida em até um ano e meio... felizes das prostitutas, que viverão 200 anos... hehehe
Piadinhas à parte, vamos então conversar sobre o tema. Como não me sinto totalmente à vontade pra falar da minha vida íntima, vou tentar responder às perguntas mais diretas que chegaram na minha caixa de email. E, como acredito que pode ser a dúvida de mais pessoas, achei que seria bom colocar aqui no blog.
Eu não sei exatamente o que se passa na cabeça das pessoas, mas, sexo faz parte da vida... assim, faz parte da vida de um esclerosado também (essa era uma das perguntas, se esclerosado pode transar... sem comentários... :-P)
Outra pergunta que recebi era se a EM diminui a libido. Falando por mim, não. Mas, como vocês devem saber, o sexo está na cabeça, então, se a criatura tem EM e não tá muito bem psicologicamente por conta disso, pode ser que afete de alguma forma no desejo sexual.
Três emails eram de gurias que, depois que descobriram a EM, não transaram mais... não por falta de vontade ou oportunidade, mas por medo. Medo de acontecer alguma coisa bizarra, alguma dor estranha, algum sei lá o que...
Gurias (e guris também), digo e repito, sexo está na cabeça. Se você conhece seu corpo, limites e tudo mais, vai saber o que pode e não pode fazer, o que consegue e o que não consegue... como saber esses limites? Testando (sozinho ou à dois). Não conheço outra forma.
Aí você diz: mas tia Bruna, e se acontecer alguma coisa inesperada? Bom queridos, eu parto do pressuposto de que, se você está transando com alguém, é porque tem o mínimo de intimidade pra falar com a pessoa sobre o que tá acontecendo né? Porque vamos combinar, tu não precisa ser esclerosado pra ter cãibra na hora H... e se tu não se sente com liberdade o suficiente pra dizer: para um pouco que tá dando cãibra... é porque tu não deveria estar transando com essa pessoa.
E é lógico que, se você está num dia de fadiga muscular intensa, não vai inventar de fazer canguru perneta do avesso... isso já é uma questão de bom senso (até porque, de pé é mais difícil).
A pergunta sobre posições mais adequadas... bom, acho que cada um vai descobrindo as suas né. Ou seja, mais uma vez, o negócio é experimentar.
Outra pergunta que chegou foi: você acha que sexo pode ser bom para quem tem EM? Sinceramente, eu acho que sexo pode ser bom pra qualquer pessoa... esclerose é só um detalhe. Nunca vi ninguém perguntando se sexo era bom pra diabético...
É preciso entender que a EM é um aspecto só da vida. E nem é o mais importante.
Vejam bem, eu descobri a EM com 14 anos. Ou seja, a única vida sexual que eu conheço, é com a esclerose. E respondendo à última pergunta: sim, é uma delícia.
Aliás, uma dica aos queridos amigos esclerosados: nosso sistema nervoso central desencontrado e maluco, pode nos dar grandes prazeres nesses momentos. Assim como existem os formigamentos incômodos, causados pela EM, se descobertos e estimulados, existem pontos e "formigamentos" que só quem tem lesões no sistema nervoso central devem sentir... ;-)
Bom, quanto aos meninos com EM, não sei exatamente quais são suas dificuldades na vida sexual. Mas, acredito que não seja nada que não possa ser conversado com a parceira. Ninguém deve ficar na vontade por causa da EM.
De qualquer forma, se alguém aí tiver problemas sérios de ordem sexual e acham que a EM tem a ver com isso, a melhor opção é conversar com seu médico.
Sobre a matéria que saiu na TV, dizendo que fazer sexo aumenta a expectativa de vida, não sei se é verdade, mas na dúvida, não custa tentar...hehehe
Divirtam-se!
Até mais
Bjs

P.S.: vale brinquedinhos, fantasias, filmes, kama sutra e toda a imaginação do mundo na hora, pra ter (e proporcionar) prazer, mas usem camisinha, ou vocês acham que esclerosado é imune à DST?

domingo, 3 de julho de 2011

Xô preconceito

Oi gurizada, blz?
Essa semana fiquei muito puta com uma situação absurda (pelo menos pra mim).
Não me entra na cachola como é que alguém nesse planeta pode ainda ser racista. Sério. Acho o cúmulo.
Mas vamos a situação. Um colega, contando sobre uma viagem ao exterior (mais precisamente a Paris, mon amour) falava dos encantos da cidade e, quando disse que ganhou ajuda duma pessoa lá pelas ruas da Cidade Luz, soltou essa: era um rapaz moreno... negro na verdade... ele foi me levando e eu fiquei com medo que fosse um assalto. Não sabia que tinha tanto negro em Paris.
O queeeeeeeeeeeeeeeeeeee cara pálida? Me caiu o cu da bunda com essa... porque foi com um tom de racismo mesmo que o cara disse...
Alguém me explica como é que alguém pode se achar superior que outros por causa da cor da pele?
O que ocorreu depois disso na aula, não vem muito ao caso. Mas fiquei pasma. A única pessoa que ajudou o cara foi um rapaz negro e ainda assim, ele faz um discurso como se isso fosse algo extraordinário. Vai entender o que se passa na cabeça de um racista preconceituoso. Pior, conversando com esse meu colega, ele não se acha racista, "só não está acostumado com essas atitudes vindas de negros"...
Fiquei mais puta ainda né!
Pensando bem, as pessoas costumam se achar melhores que as outras, ou porque tem mais dinheiro, ou porque vivem em tal bairro, ou porque tem uma aparência mais bonita, ou porque estudam sei lá onde, ou porque tem os dois braços e as duas pernas, e a lista segue...
Aí você vai dizer: ah, mas eu tenho mais habilidade que os outros pra fazer tal coisa...
Ok, habilidade é uma coisa, superioridade é outra. Principalmente nessa situação, quando se mede superioridade moral, em que uma criatura se acha mais humana que a outra por causa da cor da pele.
Não entendo essa "hierarquia de humanidade" que algumas pessoas tem na cabeça. É uma coisa tão ridícula, mas tão ridícula e ignorante, que me deixa puta da cara mesmo.
Me sinto ofendida com esse tipo de situação.
E vamos combinar, honestidade e caráter independe se você é branco ou negro, deficiente ou não, rico ou pobre, bonito ou feio...
Xô preconceito!
Um bom início de semana a todos!
Bjs

P.S.: sim, sou muito fã das campanhas do Toscani para a Benetton.