Oi amigos, blz?
Hoje tenho duas "utilidades públicas", a primeira é referente a uma pesquisa que o Hospital Moinhos de Vento de Porto Alegre está fazendo:
"O Hospital Moinhos de Vento seleciona pacientes com suspeita de esclerose múltipla para participar de estudo para avaliar o tempo entre o início dos sintomas e a confirmação ou não da doença. Os participantes devem ter tido o primeiro sintoma neurológico nos últimos 60 dias, com duração superior a 24 horas, sem ter diagnóstico da enfermidade. Informações e inscrições: (51) 3314-3296 ou juliana.zeni@hmv.org.br"
Dado o recado, gostaria de colocar aqui, publicamente, que sou CONTRA O ATO MÉDICO!
Acho absurdo uma classe de profissionais da saúde acharem-se donos da saúde. Acho absurdo tirar a autonomia de profissionais que estudam tanto quanto, quando não mais, para cuidar da nossa saúde, como fisioterapeutas, fonoaudiólogos, enfermeiros, etc.
Acho ridículo os médicos dizerem que a acupuntura tem que ser uma especialidade médica, uma vez que, há apenas 15 anos eles riam e diziam que esse tratamento milenar era uma bobagem e que não servia pra nada (ninguém me contou não, eu vi isso).
Acho ridículo eles falarem que tratamentos "invasivos" tem de ser feito apenas por médico. Conheço muito médico que não sabe aplicar uma injeção direito. Ah, mas eles dizem que injeção enfermeiros e farmacêuticos poderão dar. Então me pergunto: acupuntura, que é uma agulha minúscula que entra milimetros na pele é invasivo, mas uma injeção intramuscular não é?
Meio estranho isso, parece coisa de quem quer fazer apenas o que dá mais dinheiro.
Já vi muito erro médico ser consertado por fisioterapeutas e enfermeiros. E ninguém me contou não, eu vi com esses olhos que a terra não há de comer porque vou cremar.
Então, esses médicos que não estudaram fisioterapia é que vão mandar no tratamento do fisioterapeuta? Que não estudaram fonoaudiologia é que vão mandar no tratamento do fonoaudiólogo? E quem vai fazer os remédios se os farmacêuticos não puderem exercer seu ofício porque um médico que não estudou bioquímica a fundo é quem manda nele?
Na minha opinião, se o Ato Médico passar, limpar a bunda de paciente internado no hospital também deve ser considerado tratamento invasivo. Quero ver eles fazerem o trabalho dos nobres enfermeiros e auxiliares de enfermagem que fazem isso todos os dias. Ou vocês não acham que limpar a bunda de outra pessoa é invasivo?
Bom, eu sou apenas uma pessoa doente, filha de fisioterapeutas e que já passou por trocentos médicos que tem essa opinião. Mas, descobri que o Dr. Aloysio Campos da Paz Júnior, cirurgião-chefe da Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação (maior rede de reabilitação do país) concorda comigo. Então, como ele tem mais propriedade pra falar do assunto do que eu, segue abaixo as palavras dele:
"Burrice em verde-e-amarelo
No Senado está em discussão um projeto de lei denominado "Lei do Ato Médico", que subordinaria todos os profissionais que atuam na área de saúde à autoridade de um médico, independentemente de sua qualificação. É diferente uma subordinação desse tipo àquela de um trabalho em equipe, que respeita o conhecimento e a experiência individual e resulta em um compartilhar de responsabilidades por todos aqueles que tratam alguém.
A chamada interdisciplinaridade (trabalho em equipe e não trabalho isolado) é uma atitude que surge principalmente no século XX. Estamos, portanto, falando de uma tradição recente que coincide com o surgimento de várias atividades, como terapia, psicologia, biomedicina, fonoaudiologia, bioquímica, microscopia eletrônica, e inúmeras outras que se desenvolveram enorrmemente com o progresso da informática - como, por exemplo, a operação de equipamentos de alta tecnologia.
Se voltássemos cem anos, veríamos o médico trabalhando praticamente isolado. Com os conhecimentos que dispunha, surgiam as decisões que, freqüentemente, ele mesmo implementava no sentido de diminuir o sofrimento daquele a quem se dedicava.
Com o progresso da ciência e a sua influência na prática médica, um grande número de profissionais de várias especialidades, também formados por universidades, passaram a participar nas várias etapas de avaliação que, em última análise, iriam determinar a ação que procurava a cura.
É fato que, muitas vezes, por interesses escusos, grupos de profissionais da mesma área, isolados e marcados pelo corporativismo, passam a disputar o doente como se este fosse uma mercadoria. Em alguns países e hoje, até no Brasil, por uma atitude imitativa tupiniquim, adotou-se a expressão "consumidor" , para definir aquele que por um infortúnio procura atenção para a sua saúde.
A Rede Sarah, como outras instituições de renome internacional, projetou-se implantando desde os seus primórdios uma atuação multidisciplinar. Nesta, profissionais de várias áreas do conhecimento e da ação cotidiana se dedicam à reabilitação. Todos aqueles que participam do tratamento de cada um e não apenas o médico têm seu lugar e valor reconhecidos pelo mérito que surge da competência. Ou por acaso quem humilde, mas conscientemente, mantém o hospital impecavelmente limpo também não está contribuindo para a saúde? Interdisciplinaridade, portanto, implica co-responsabilidade e não em uma visão vertical e canhestra da ação em saúde. Se aprovado o projeto da "Lei do Ato Médico", o Brasil mais uma vez fica na contramão de tudo o que está sendo feito no mundo. Tendo sido descoberto na Renascença ingressa para gáudio da corporação médica, na Idade Média...
Mergulha de vez no corporativismo que tudo emperra!
A "Lei do Ato Médico" subordina tudo que é necessário para restabelecimento da saúde a uma só profissão - a médica. Já existem tentativas de "remendos" no projeto de lei para atender a esta ou àquela corporação. Remendos o Brasil já tem demais! É ruim? Joga no lixo! Senão, arriscamo-nos destinar ao lixo o que, pela pesquisa, pelo estudo árduo e conseqüente progresso, juntos conquistamos."
Bom, você amigo esclerosado, estropiado e afim, que tem (ou pelo menos deveria ter)acompanhamento médico e fisioterapêutico, que quando fica internado depende dos queridos enfermeiros que acompanham nosso dia a dia mais de perto que os médicos, sabe o quanto esses profissionais são importantes nas nossas vidas. Se você concorda comigo e quer continuar tendo um atendimento bom em saúde e que esse atendimento melhore a cada dia e não fique cada vez mais medíocre (principalmente a saúde pública), ajude a divulgar esse site aqui:
http://www.atomediconao.com.br/E dê uma passada por lá para ajudar a dizer NÃO!
Sabe né, ano eleitoral, quanto maior o coro, mais os políticos pensam na hora de aprovar ou não uma lei dessas.
Ótimo findi pra nós todos!
Até segunda-feira!
Bjs
Em tempo: eu citei apenas 3 profissões prejudicadas com o Ato Médico, mas é importante lembrar que essa lei absurda vai prejudicar a atuação de TODOS os profissionais da área de saúde.