Aí o maridão lê seu texto e pede um espaço no blog pra fazer você chorar escrever.
Curtam, como eu curti, o texto do Jota aos papais grávidos:
Esse é um daqueles textos não programados; que vem de cascata (quem escreve sabe o que quero dizer). Entram no meio do seu dia já programado, bagunçando e deixando para depois tudo aquilo que você tinha elegido como prioridade. Escrever ganha ares de necessidade e precisa ser feito! É quase uma tromba d’água que cai de repente molhando de surpresa a roupa no varal. Algo que já existe completo no “mundo das ideias” e “só” precisa ser escrito. Depois de compartilhar a emoção da Bruna escrevendo sua carta à jovem grávida e lendo as coisas que diziam diretamente sobre mim, fiquei com vontade de escrever também ao marido da jovem grávida. Não tinha tanta noção do quanto algumas coisas que fazia meio que inconscientemente eram importantes para ela.
Curtam, como eu curti, o texto do Jota aos papais grávidos:
Esse é um daqueles textos não programados; que vem de cascata (quem escreve sabe o que quero dizer). Entram no meio do seu dia já programado, bagunçando e deixando para depois tudo aquilo que você tinha elegido como prioridade. Escrever ganha ares de necessidade e precisa ser feito! É quase uma tromba d’água que cai de repente molhando de surpresa a roupa no varal. Algo que já existe completo no “mundo das ideias” e “só” precisa ser escrito. Depois de compartilhar a emoção da Bruna escrevendo sua carta à jovem grávida e lendo as coisas que diziam diretamente sobre mim, fiquei com vontade de escrever também ao marido da jovem grávida. Não tinha tanta noção do quanto algumas coisas que fazia meio que inconscientemente eram importantes para ela.
Carta ao marido da
jovem grávida
Recentemente, quando uma amiga me confessou que estava
grávida eu lhe disse: Parabéns! Antigamente, quando alguém me contava sobre uma
gravidez, eu não sabia se felicitava ou consolava, mas hoje eu só parabenizo.
Ser pai e acompanhar de perto uma gravidez é uma experiência fantástica. Então,
se você é uma dessas pessoas: parabéns!
A dúvida tinha um motivo. Na adolescência, morria de medo de
ser pai. Uma gravidez podia arruinar os planos que havia traçado. Não era um
medo vivido individualmente, só meu. Era igualmente compartilhado por minhas
namoradas. Era só a menstruação atrasar alguns dias para bater um temor na
gente. Confesso que sentia um certo alívio mensal quando o ciclo se renovava e
pensava: ufa! Não foi dessa vez. E lhes digo: é muito mais agradável fazer um
teste de farmácia esperando que ele dê positivo do que negativo. Até sua
namorada aparecer com a confirmação da “não-gravidez” na mão, parecem minutos
intermináveis.
No entanto, o pavor da adolescência deu espaço às
expectativas. Logo que começamos a tentar engravidar, vivíamos com alegria cada
dia a mais sem sinal de menstruação. E quando a Bruna falava alguma coisa que
não entendia direito ou anunciava que queria conversar comigo, já imaginava, ela
ia me contar que não estávamos grávidos. (digressão surreal: ela me ligou agora
para falar de uma Eco que tinha feito e só fiquei mais tranquilo quando ela
falou que estava tudo bem. Ainda tenho esse pavor. Acho que ele vai me
acompanhar pelo resto da minha vida como pai).
Felizmente, engravidamos logo no primeiro mês de tentativa. Imagino
a frustração de um casal quando não consegue engravidar logo. Mas desde o
começo colocamos que queríamos ser pai e mãe, independente da gravidez. A Bruna
teve que parar a medicação e tínhamos um prazo médico para as nossas
tentativas. Então a adoção era uma possibilidade bem presente, caso não conseguíssemos.
Quem sabe um dia ainda seja realidade.
O Francisco foi cuidadosamente planejado, mas sabemos que
nem sempre é assim que a banda toca. Uma gravidez inesperada pode atrapalhar a
conquista de um objetivo idealizado. Mas vou lhes dizer: uma doença também! E
tâmo aí! Então esse tal ideal só serve para continuarmos caminhando. A realidade
é bem mais complexa e urgente. E você tem que escolher entre a realidade e o
ideal.
Se escolher ser pai, talvez você possa passar a vida inteira
se lamentando por um ideal não realizado. Ou pode aproveitar a experiência que
a vida está lhe oferecendo e curtir quem realmente importa nesse momento: sua
esposa e o filho que ela carrega no ventre. Certamente, tenho muita sorte de
ter a Bruna como acompanhante dessa jornada. Uma companheira que sempre me fez
colocar os pés no presente. Mesmo com todos os medos e inseguranças que se
apresentam no processo da paternidade (e ainda mais da paternidade com uma
deficiência) e sempre me lembrou e não deixava eu esquecer: “Ooooh, eu preciso
de você aqui e agora”.
De nada adiantava eu ficar imaginando todas as dificuldades (o
ideal nem sempre é o sonho do sucesso, às vezes está travestido de medo e
insegurança. Pode ser pesadelo. Mas está sempre no futuro) que teria e esquecer-se
de quem realmente precisava de você: a mãe de seu/sua filho ou filha ao seu
lado. E essa é a primeira sugestão que dou aos maridos dessa jovem mulher
grávida: esqueça do futuro, dos medos, dos objetivos. Sua vida é outra agora,
tenha medo, mas vá com medo mesmo. Construa novos objetivos.
A gravidez pode ser esperada ou indesejada, mas, na verdade,
você é mero coadjuvante nesse processo. Uma vez eu comparei a gravidez a um
sonho: você pode estar presente na imaginação da outra pessoa, no entanto você
terá acesso à narrativa do sonho unicamente se alguém te contar o que sonhou. A
mulher grávida é como o sonhador. Você só saberá quando o nenê chutou, mexeu ou
acordou se ela te contar. O sonho é dela e você alguém que se beneficia das
palavras do sonhador.
E nesse sentido, cabe a você se interessar pela história que
ela tem pra contar. E aí está a segunda dica: se interesse pela história. A
Bruna nem sabe, mas adoro quando ela interrompe uma conversa que estamos tendo
para dizer, olhando para a barriga: bom dia, filho! Sentir o primeiro movimento
do dia deve ser algo mágico. Mas é uma coisa que não tenho acesso pela
experiência, apenas pela narração. Só posso sentir a alegria que me toma quando
vivencio essa cena; ver o carinho que a Bruna dirige à barriga etc. Isso eu
posso sentir, e gosto.
Assim, como espectadores da natureza, fico meio sem entender
àqueles que decidem não participar da narrativa; aqueles que abandonam, não se
interessam e não vivem essa experiência. Mesmo que não programada, uma gravidez
não tem nada a ver com você. Talvez seja fácil eu falar agora... provavelmente,
não teria o mesmo pensamento na adolescência, enquanto a vida parecia um quadro
a se pintar. No entanto, não é um ideal que constrói a nossa vida, mas o
diário. E assim como é possível viver e batalhar pelos seus sonhos com uma
doença, também é possível com uma gravidez não programada. No fundo deve escolher
entre o ideal individual que se apresenta enquanto possibilidade ou um novo
ideal construído coletivamente com sua família. Uma gravidez não esperada não
significa abandonar seus sonhos, mas ressignificá-los. Sei lá, talvez não seja
uma tarefa fácil, mas depois de tantos sonhos que adaptei às atuais condições
por causa da doença, já estou craque e talvez você consiga se treinar um pouco.
Essa é a terceira dica: Não abandone seus sonhos! Construa outros com sua
esposa, namorada, ficante e com seu filho ou sua filha.
Outra coisa, a quarta dica: não se esqueça que a jovem grávida
é, acima de tudo, uma mulher, com desejos, carências, manias, objetivos etc. –
talvez mais exaltados no período, mas a mesma mulher de antes da gestação. Então
me surpreende relatos de maridos que perderam o desejo na mulher ou que se
afastam por alguma coisa. Não sei, talvez pra mim seja fácil, porque eu acho
linda a Bruna grávida. Acho lindo aquela barriga nela. Pra mim, ela é a mulher
mais linda do mundo e quero sempre estar ao lado dela, seja em carícias mais
picantes, seja em “colinhos”. Não é uma dica do tipo “levante a autoestima de
sua esposa”... não! Eu acho bonito mesmo! Mas entendo que cada caso é um caso,
nem sempre a pessoa está feliz com seu corpo. Nesse caso, talvez você deva se
esforçar para levantar a autoestima da jovem grávida. Não por pena, por amor!
Aqui estão só algumas dicas, mas não são regras. Melhor
seria vê-las como sugestões. Certamente, a experiência pessoal e a dinâmica do
casal podem avaliar melhor a utilidade dessas “dicas” e aperfeiçoar seus
preceitos. São sugestões, não conclusões. Não são dicas do tipo manual (faça
você mesmo ou faça assim, não assado). A gravidez e a paternidade são
experiências incríveis e precisam mais de feeling
do que receitas de bolo prontas.